quinta-feira, 7 de outubro de 2010

"...Onde o lento suicídio de todos chama-se vida."

Quando Nietzsche diz a célebre frase "O Estado é onde todos bebem veneno, os bons e os maus; onde todos se perdem a si mesmos, os bons e os maus; onde o lento suicídio de todos se chama 'a vida'." ele explica bem a sociedade constuída pelos homens. Lugar onde todos parecem agir a fim de tornar a existência mais insuportável do que ela já é. Onde o venenho peçonhento que escorre das mentes doentes e atos cruéis de cada um é absorvido a cada dia por todos que abrem seus olhos e levantam de suas camas para buscar algum sentido ou dignidade para suas vidas, ou simplesmente vagarem inertes sem saber por que ou pra onde, pelo frívolo fato de estar e ser.
O que essa frase não demonstra é que além do suicídio que é viver no Estado, existir é também ser assassinado. O mundo lhe tira tudo de mais valioso que te compõe. Sua família, sua juventude, sua inocência, seus sonhos e por fim, quando nada mais resta além de um corpo definhado e desanimado, por vezes sem consciência de si, o mundo lhe tira sua própria vida. A carne podre, os restos de tudo que um dia já foi durante um pequeno lapso, é decomposta por vermes. As cinzas se espalham e evaporam no ar. E nada mais é.
Enquanto vivemos, somos usurpados a cada dia. Todo segundo matam um pouco de nós. A família que te trouxe, te acolheu, te alimentou e te construir vai sendo morta e lhe deixando só. Você os vê sofrer, os vê partir e acabar. O que fica é a sensação do término, da dor e do sofrimento daquilo que você mais prezava, do que te dava mais força pra viver. Acabou. E vai continuar acabando até você acabar também. É a pior e mais dolorosa das obviedades.
O momento em que existir mais nos esmaga é quando percebemos a insignificância de tudo. Qualquer que seja nosso alicerce, ele é poroso e insignificante. É quando nos é revelado que você um dia, não muito distante, perderá tudo. Sobra o consolo de que um dia, até as piores dores e amarguras vão terminar também. Assim como tudo termina.

Vida, o lento suicídio coletivo e o lento assassinato individual.

0 comentários:

Postar um comentário