quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O Grande Mestre

Enquanto um grupo de aproximadamente vinte fedelhos sozinhos numa sala de quinta série propagava pelos corredores urros de algazarra, gritos da anarquia mais absoluta, o caos reina numa sala sem professor. Guerras de giz, gargalhadas, batucadas inúteis e sem sentido na mesa, cadeira batendo e arrastando violentamente contra o chão... No meio desse cenário apocalíptico um estrondo se sobrepõe a soma de todos os outros barulhos. O estrondo de uma mão peluda abrindo a porta. Entra em sala uma figura de olhar profundo, barba por fazer, cabelos escassos e bagundaçados. Sua presença exala autoridade e de repente todo o caos cessa em um repouso pleno. Aquele vulto imponente diz com a expressão fechada: "Vocês são da quinta série não é? Vocês estão atrapalhando a minha aula. Ano que vem vocês serão meus e eu vou acabar com essa festa. Façam silêncio."
E assim começou uma jornada de sábios e inigualáveis ensinamentos.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Mamãe, eu faço comunicação

Eu poderia fazer igual a maioria dos jornalistas blogueiros. Eles escrevem em períodos curtos.

Frases esparsas e simplórias.

Passando a informação sem ter que esquentar muito a cabeça em como escrever.


Assim é fácil, qualquer um consegue.

É preciso quatro anos de faculdade pra fazer isso?

Fica especulando notícias e passa-las desta maneira?

Curioso.

Acerca da unificação dos títulos

A "unificação" dos títulos brasileiros cometida pela CBF hoje é uma procissão de erros. A começar pela denominação "unificação", quando o que na realidade ocorre mais se assemelha a uma transformação de determinados torneios em outro. É praticamente um processo mágico, uma transmutação alquímica de um título datado em algo atual, pegaram 10 contos de réis e falaram que é uma nota de dez reais. O que se convencionou chamar unificação é um erro histórico, lógico e moral. Não passa de uma politicagem de última categoria, parte do lodo podre que degrada e entoxica o futebol com pareceres imbecis que o deformam cada vez mais.
O primeiro evidente equívoco dessa resolução é pura e simplesmente histórico. Atribuir um conceito posterior a um fato do passado é um anacronismo. Um erro de cronologia que consiste em pensar e classificar uma época com valores que não pertecem a esta mesma época. Antes de 1971 não existia campeonato brasileiro. Não existia a idéia, o conceito, a concepção, nada de campeonato brasileiro. Então de que maneira se pode chamar qualquer competição ocorrida no mundo antes de 1971 de campeonato brasileiro? Se o Graham Bell inventou o telefone de 1876 como eu posso chamar qualquer coisa antes disso de telefone? Nessas horas a ignomínia levanta sua bandeira e brada: "Ah, mas é como se fosse! Tinham bons times brasileiros disputando um campeonato, então o campeonato era brasileiro". Em primeiro lugar, "como se fosse" não é. Quando o Jason enterra um machado no crânio de uma loira gata que instantaneamente jorra sangue sob uma feição carregada de dor em alguma cena de Sexta Feira 13, é como se fosse um assassinato, mas não é. Nas madrugadas de solidão na sua casa, quando você entra no hellxx e se masturba, é como se fosse um ato sexual, mas não é. Esses dois exemplos grosseiros ilustram de maneira didática a diferença entre "como se fosse" e o é. Esse argumento da competição reunindo os ditos melhores times brasileiros da época ser suficiente para atribuir o valor de campeão brasileiro ao ganhador desse título resulta na segunda incongruência no argumento da nossa querida CBF. É o que vamos ver a seguir.
Nossa querida Taça Brasil era uma Copa que reunia todas os campeões estaduais. Com a palavra, a wikipedia: "Participavam da Taça Brasil as equipes campeãs estaduais de todo o país, porém as equipes mais fortes disputavam apenas as fases finais." Isso lembra alguma coisa? Tem certeza? Sim, é claro! A famigerada "Copa dos Campeões"! Pra quem não lembra, vamos voltar alguns anos no passado: "A Copa dos Campeões foi uma competição oficial da CBF disputada pela primeira vez em 2000, com o objetivo de determinar o quarto representante do Brasil na Taça Libertadores da América, os outros eram o campeão da Copa do Brasil, o vencedor e o vice do Campeonato Brasileiro. Em 2000 e 2001, participaram da Copa os vencedores do Campeonato Carioca, Campeonato Paulista, Torneio Rio-São Paulo e Copa do Nordeste. Além destes, os finalistas da Copa Sul Minas e os do triangular realizado entre os vencedores da Norte, Centro-Oeste, e o vice da Nordeste. Em 2002, 16 times disputaram a competição, sendo estes os 6 primeiros colocados do Torneio Rio-São Paulo, os semifinalistas da Copa Sul Minas, os 3 melhores da Copa do Nordeste, além dos campeões da Copa Norte e da Centro-Oeste, além do campeão do ano anterior." Hum... Parecido não? Campeões estaduais disputando uma copa.. valendo vaga na libertadores.. Tem alguma diferença?
Olha só, acabei de dar um motivo muito mais forte pro Flamengo choramingar um título brasileiro que o de 1987. Queria dar meus parabéns ao Payssandu e Palmeiras, outros dois novos campeões brasileiros seguindo a linha brilhante de raciocínio da CBF. Mais uma vez os leigos, influenciados e/ou interessados na questão dizem: "Ah, mas naquela época só tinha essa competição e ela dava vaga pra libertadores! É importante!" Nos últimos três anos de taça brasil existia o Roberto Gomes Pedrosa também, e o resultado disse é termos dois campeões brasileiros em um ano. O Brasil é uma terra de campeões mesmo, todo mundo é campeão. E no Uruguai, por exemplo, existe a liguilla pré-libertadores, uma copinha que tem mais que os 4 jogos da Taça Brasil, reúne os melhores times do país em busca de uma vaga na Copa Libertadores. Tente dizer a algum uruguaio que o campeão da Liguilla é campeão nacional, alguns vão rir de você, outros mais compreensivos te explicar que você está falando besteira.
Vale ressaltar que eu não quero despretigiar esses títulos. O Vasco em 1948 ganhou o Sulamericano, competição que reunia os melhores times do continente, com direito a River Plate de Di Stefano. Essa competição inspirou a criação da Champions League, que a mocidade tanto gosta de babar ovo e, posteriormente, da Libertadores. O Vasco ganhou a libertadores? Sim, em 1998. Em 1948 ele ganhou o Sulamericano. É parecido? É. Mas naquela época não existia libertadores. É importante? Muito. Vamos chamar ele de libertadores então? Não. O Sulamericano, o Robertão, a Taça Brasil tem que ser valorizadas pelo que foram, não categorizadas como algo posterior dissociado de sua história para ganhar falsos ares de importância.
Só para terminar, é duro ouvir esses jornalistas imbecis, problemáticos e políticos vomitando: "Mas o Pelé nunca foi campeão brasileiro então! Isso é absurdo!" Paciência, coisas da vida. Não adianta querer encobrir a incompetência brasileira em organizar um campeonato nacional decente considerando alguns torneios como se fossem verdadeiras copas nacionais. As dimensões continentais, a falta de infra-estrutura e a inerente relapsidade e incompetência organizacional só permitiram termos campeonatos nacionais a partir de 1971. Eu adoraria que já tivessem em 1950 pro Vasco ganhar tudo com o expresso, mas não existia. Querer reparar os erros do passado com novos erros só multiplicam as distorções, é mais sensato se preocupar com o futuro do futebol com clubes falidos, jogadores podres e decadência flagrante do futebol brasileiro. Nosso passado foi bonito mas já acabou. É melhor construir um futuro sem desacertos para serem vergonhosamente maquiados. Abolir os pontos corridos seria um bom começo...

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

28

Já sei que não adianta mais te procurar
Não importam o que me digam sobre onde você está
Se no céu, no chão ou qualquer outro lugar
Sei que é impossível poder te alcançar
E tampouco tê-la comigo de novo
Talvez você ainda possa me ouvir
Mas com isso eu não me iludo e nem comovo
É tão doloroso ver você partir
E não saber direito o que restou
Além das lágrimas nos meus olhos
E aquele disco que você deixou
Onde a melodia numa noite fria
Preenche as feridas no meu coração
Eu lembro de um tempo em que parecia
Que na porta ao lado você sempre estaria
Pra me receber com um sorriso e animação
Me contando velhas histórias de como eu era antigamente
Agora só tenho a certeza
De que nada será igual daqui pra frente
Lembranças de você passam na minha mente
Penso que agora sempre há de ser assim
Já que os momentos felizes que passei contigo
Nenhuma morte vai tirar de mim
Por mais que o tempo passe e a vida continue
Sem você sempre faltará algo
E não há eternidade que anule
Essa saudade que carrego comigo
Porque eu sou feito de você
Seja lá qual for o sentido


1 mês.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Encontro com Hades

Fazia uma manhã de sol. Eu poderia dizer que era uma bela manhã de sol, mas isso é relativo. Em Bollen, um grande jardim que emoldura um grande lago cristalino é sem dúvidas uma linda manhã. Os raios de sol espelhados na transparente água do lado irradia beleza por todos os lados. É lá que Leskius sai para correr e malhar. Um dos seus maiores orgulhos é seu corpo delineado e uma de duas maiores satisfações é sair com o dorso nu pelas ruas. Ele deixa sua imponente casa branca e vai correr se direção e carregar pesos inúteis sem tira-los do lugar.
Já trinta quilômetros à frente, a manhã não é tão bela. Em Ripeferia, o sol quente parece carregar o cheiro podre de esgoto junto a sua luz. O raios solares invadem as frestas dos precários casebres e acorda a todos as amontoadas e sujas famílias que ali habitam. Pócrates se levanta todo torto e enquanto se arruma em uma postura aceitável olha pela janela as ruelas imundas iluminadas irregularmente pela aurora da manhã. Ele já se acostumou com toda aquela miséria, o odo pútrido de merda não lhe dá mais dor de cabeça. Certamente dentro de algum tempo, nem lhe incomodará mais, como já passa despercebido pelos mais velhos. Nada é ruim o bastante para o ser humano não se acostumar. Não há mais tempo de olhar nem céu nem chão, é hora de se arrumar para o trabalho. O seu jegue cinza subnutrido, que recebeu o garboso nome de Herculanus em homenagem a um famoso orador que divertia grandes platéias em shows esporádicos, era incumbido da tarefa de carrega-lo pelo sinuoso e deplorável caminho até Bollen. Já montado em seu fiel companheiro, que compartilhava além das horas de viagem solitária um punhado de carrapatos, pôs-se a caminho pela velha estrada de terra.
Quando não tinha que desviar de algum obstáculo ou resolver qualquer problema que eventualmente aparecesse pelo caminho, Pócrates conversava com Herculanus, o jegue. Ele não sabia o porque, mas sentia-se extremamente a vontade ao conversar com o Herculanus, embora este raramente lhe respondesse e, quando respondia, era um relinchar que nada dizia.
Ao chegar em Bollen, ele sentia-se bem. Queria viver ali, sentir o aroma suave e puro das flores, o vento fresco que vinha do lago.. "Ah, imagine só que maravilhoso seria se..." Seu pensamento lúdico é atravasso por um grito que vem se aproximando "Ah, Pócrates, ainda bem que você existe.." Era Leskius voltando de seus exercício matinal, que continuava "...bom, meus pais ainda estão em viagem e eu chamei uns amigos para vir aqui ontem. Tem um pouco de vômito e lixo espalhados pela casa, você pode resolver isso pra mim, não é?" "Sim senhor".
Leskius orgulhava-se de oferecer banquetes enormes em sua casa. Era sua grande alegria. Ele acreditava piamente que sua vida era a melhor que se podia ter. Era um misto de festas, exercícios, ostentação, festas e ócio. Seu pai era um bem sucedido comerciante, logo, seu único filho recebeu tudo sempre no colo. Ele agora preparava-se para, um dia, substituir o pai. Já estava aprendendo a lidar com os empregados e estudava com um tutor que seu pai contratou a peso de ouro. Na verdade não estudava, ele dava galões de vinho e outras benesses ao tutor em troca de boas notas e mais tempo livre. Era admirado por todos, bonito, rico e com todas as luxúrias, facilidades e materialidades que a vida pode oferecer a alguém.
Enquanto Pócrates limpava os restos deixados pelos vorazes festeiros de ontem, Leskius foi passear pelo jardim pois não queria rever a casa enquanto bagunçada. Decidiu só voltar quando tudo estivesse brilhando, para aí sim decidir qual será a melhor maneira de interromper seu ócio. No momento em que ele passava uma macia toalha amarela pela cabeça, secando seus médios cabelos claros, surge uma figura sinistra ao lado da macieira. Ao abrir os olhos e deparar-se com um indivíduo extremamente macabro, cuja larga vestimenta preta cobre quase todo corpo deixando apenas o rosto e as mãos brancas feito neve, contrastando com um olhar estranhamente avermelhado. Leskius treme de susto e pergunta quem era e daonde saiu o bizarro invasor. Com um leve sorriso, a sinistra figura diz: "eu vim dali" e aponta pra baixo. Confuso leskius responde: "Do chão? você é louco? O que está fazendo aqui?"
"A principio vim apenas ter uma conversa, estou entendiado."
"Não quero conversar com você, vá embora."
Outro singelo sorriso, desta vez carregado de sarcasmo: "Não me lembro de ter lhe dado alguma alternativa."
Assustado com a mórbida calma e naturalidade daquela figura, Leskius cede: "Então o que quer comigo?"
Se aproximando lentamente enquanto passa os dedos no queixo, a estranha figura se apresenta: "Meu nome é Hades, como você já deve ter o conhecimento, eu sou o Deus da Morte. Estou aqui porque quero compreender algo que você da minha alçada. Quero entender sobre a vida. A grande maioria que eu recebo nos reino dos mortos pouco ou nada traz da vida, então pra que tê-la se não lhe serve de nada pelo resto da eternidade? Soube que você é admirado e até mesmo invejado por muitos, pois é cheio de vida. O modelo do melhor que a vida pode oferecer aos homens. Procede?"
Com uma vaidade imodesta, Leskius confirma: "Pode ter certeza. Eu tenho a melhor vida que um homem pode ter."
Feliz com a confirmação, Hades questiona: "Pois bem, rapaz. O que faz da tua vida tão excepcional?"
Leskius com um enorme sorriso e uma pose altiva inumera as alegrias de sua vida: "Eu moro no mais belo dos lugares, tenho cavalos, dinheiro mulheres. Sempre me divirto com meus amigos e..."
Hades intercede: "Não perguntei o que você tem ou faz. Perguntei sobre a sua vida. Seus cavalos e seu dinheiro são suas posses, não são você. Isso pouco me importa."
Leskius assume uma postura questionadora e diz: "Mas o que seria da vida dos homens sem suas posses? Um homem necessita dela para uma vida feliz."
"Você crê que o dinheiro e as benesses materiais surgiram antes ou junto com os homens? Você não pode usar como base de sua essência algo posterior a ela. Isso são meras frivolidades. Pergunto o que você é, porque e para que vives?"
Leskius atordoado responde: "Eu vivo para aproveitar a vida. O que se leva da vida é a vida que leva."
"E o que você vai 'levar da vida que você leva'" diz Hades com ar de deboche para depois completar: "Você vai levar vômitos, iniquidade, exploração e ignorância. Cavalos, dinheiro e perfumes não entram no meu reino. No Reino da morte não há espaço para utensílios e inutensílios."
Leskius tenta se defender: "Eu levarei amizades sinceras, o amor de meus pais, as alegrias que vivi"
"Você ainda não consegue ver que o que você denomina alegria não passa de uma morfina, um tampão que vocês usam para esquecer todos os problemas que a vida te dá. A vida te dá doença, a saudade, a exploração, o sofrimento. A morte acaba com tudo isso pra você. Mas o que te sobra, além do grande vazio que você não pode mais preencher com bebedeiras e consumos? Com o que você vai preencher seu vazio sem o dinheiro por perto? Sem suas falsas amizades e seu pretenso requinte? Como você vai se sentir especial e superior sem ninguém pra você subjugar? Vocês homens são todos iguais. Não sabem o que fazem, o que pensam e o que são, mas julgam ter a certeza de tudo isso e até mais."
"Agora só falta você dizer que eu sou como os escravos do meu pai. Que temos a mesma vida infeliz e miserável, temos o mesmo vazio interior. Eu gargalho todo dia, eu tenho tudo que eles almejam. Não temos a mesma vida. Isso você não pode dizer" Diz Leskius com a impressão de estar irremediavelmente certo pela primeira vez desde que encontrar Hades, que lhe responde de imediato:
"Vocês são igualmente patéticos. A diferença é que você encobre sua patetice com uma bela seda perfumada enquanto a deles são expostas e ridicularizadas em sonhos impossíveis de amenizar sua depressão com o dinheiro que os oprime. Ambos nasceram nus, carecas e banguelas e sem nada na cabeça. A diferença que vocês homens constroem em vida, eu destruo na morte. Por isso para mim vocês são idênticos. Você entenderá quando perder o efeito da sua ilusão, quando seu remedinho anti-monotonia acabar."
Leskius senta incrédulo sentindo seu mundo desmoronar. Ele imagina como alguém (ou alguma coisa) pode surgir assim do nada em seu jardim e destruir sua maravilhosa fábula. Antes que ele pudesse externar seu lamento, Hades virando as costas enquanto vai sumindo lentamente para baixo da terra diz: "Você não me ajudou em nada. Continuo sem saber porque vocês prezam tanto a vida que só lhes dá desgraça e um vazio infinito que só pode ser amenizado por ilusões passageiras e parvoíces simplórias. Você não passa de mais filisteu inútil. Lamento por você e pelos idiotas que o admiram. A gente certamente se encontrará no futuro, e você entenderá do que eu estou falando." E sumiu por completo nas entranhas do jardim.
Essa indesejável visita surtiu um efeito de pouco mais de oito minutos na mente de Leskius, que decidiu que era bem mais sedutor esquecer essa passagem e voltar para seu mergulho no lago, suas bebedeiras e extravagâncias. Afinal, assim é muito melhor. Pra que questionar?

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Copacabana

Naturalmente linda. Suas montanhas verdes guardam a beleza de sua praia como se fossem enormes e imponentes soldados protegendo uma Rainha. A mais bela de todas as Rainhas. Cercada desses imensos e brutos escudos de pedra, a areia branca e fofa recebe o afago das azuis ondas do atlântico. É difícil imaginar um cenário mais belo que esse. Uma área de 7,84 km² que nasce nos pés de gigantes montanhas de traços arredondados que parecem querer eternizar em pedra o balanço das ondas onde morre, aliás, não morre, se eterniza no azul do oceano esse pedaço de terra que é fruto do mais maravilhoso dos acasos geográficos e naturais, ou que sabe, resultado do maior dos esforços geniais de Deus.
Há lugar melhor pra viver? Existe algum terreno mais próprio a coroar a maravilha da vida e servir de um quadro eterno do quão encantador, admirável e deslumbrante é a existência humana e suas pródigas experiências, conclusões e obras? Certamente não. É a tela perfeita para a humanidade pintar sua grandeza. Porém, sabemos como a humanidade é. Quando não está buscando explicações para o inexplicável, está fazendo merda. E as sucessivas merdas que a humanidade fez, faz e fará se apossam dessa paisagem sublime como cancro, deformando feito lepra o que um dia já foi a maior representação de beleza.
Copacabana... seus morros outrora verdes e vivos agora convivem com casebres miseráveis, pocilgas que se multiplicam em torno de suas curvas como acnes purulentas. Suas águas que agora recebem o beijo podre das línguas negras, jogando restos e esgoto no mar, onde o antes azul que se confundia e tentava imitar o azul do céu agora briga contra o marrom e o preto das sujeiras pra se sobrepor. Os enormes prédios, com sua rude arquitetura quadrada que cortam a imagem da cidadem nos quadrados das pequenas janelinhas que vazam do concreto dos edíficios, soam como um abstracionismo geométrico fracassado. São grandes trasgos cinzas que se apossaram e se multiplicaram na antes sagrada e protegida reclusão da Rainha. Agora o chão tem o cinza sujo do asfalto, das calçadas desniveladas e esburadas, donde regularemente brotam malditos, horrendos e repulsivos blocos de cimentos com um topo tringular, os cinzas e ásperos gelos baianos, os desmedidos prédios quadrados e uma sinfonia initerrupta da tortura. A ópera do tormento de copacabana divide-se em três atos: "o amanhecer", onde escuta-se os primeiros freios de ônibus chacoalhando sua carcaça de ferro pelas ruas, os despertadores anunciam a abertura do segundo ato: "A explosão", onde todos os instrumentos (de tortura) operam a plenos vapores e quase nunca permitem que haja um solista, todos emitem seus ruídos à todo momento. São os ônibus acelerando e freiando a todo instante, são as obras quebrando e erguendo as deformidades do bairro, são os berros dos indigentes, o grito dos ambulantes, é a buzina dos impacientes, a sirene dos doentes... cada um dos expremidos habitantes junto aos passageiros de ocasião contribuem para perpetuar no ar da cidade a propagação de enormes decibéis desconexos e simultâneos que estupram os tímpanos e penetram até o âmago da alma afastando esta de qualquer busca pela paz. No terceiro ato, "O desfalecer", todos recolhecem-se para os quadrados que lhes servem de abrigo, literalmente entulhados um sobre os outros (uns mais e outros menos) e escutam os ônibus marcando o compasso entre os telefones que tocam e os agressivos que brigam.
No chão, o contemplar do pouco que restou das curvas montanhesas e do mar que agora é um grande escuro espelhando as diversas luzes ao redor, é interrompido por pedidos de dinheiro, pelo contar de histórias tristes e a maresia carrega o forte e incômodo fedor da miséria. As praças de bancos rachados, das areias secas e duras, das plantas mortas. As esquinas onde todos se trombam ou desviam permanentemente, disputando um pouco de espaço numa procissão hiperlotada, os bares, igrejas e prostíbulos provendo toda a morfina existencial que um pretenso homem precisa. Nos bares embriagam-se e esquecem dos problemas, nas igrejas vislumbram a salvação e a paz eterna que um dia irão extinguir as dores e as saudades, no prostíbulo deleitam-se do prazer mais intenso e primitivo do homem.
Mas é claro que pra todo o quadro, existe um ângulo melhor. Visto das coberturas que dão as costas para os morros doentes e os grandes paralelepídos de concreto, estão muito acima das desventuras do asfalto, de frente para imensidão azul do atlântico, tudo parece mais bonito. Ainda mais ofuscado pelo insulfilm dos carros blindados.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Schopenhauer acerca dos carroceiros estalando seus chicotes

"Não posso deixar de denunciar o estalo verdadeiramente infernal dos chicotes nas
vielas rumorosas das cidades como o barulho mais irresponsável e vergonhoso de todos,
que rouba da vida toda tranqüilidade e concentração. Nada me dá uma idéia tão clara da obtusidade e da inadvertência dos homens do que a permissão de chicotear. Esse estalo repentino e agudo, que paralisa o cérebro, despedaça e mata qualquer pensamento, deve ser sentido dolorosamente por todos os que tenham dentro da própria cabeça qualquer coisa que se assemelhe a um pensamento: portanto, perturba centenas de pessoas em suas atividades intelectuais, por mais simplórias que sejam, e mais ainda o pensador, em cujas meditações penetra de maneira tão dolorosa e funesta como a espada do carrasco, que separa a cabeça do tronco. Nenhum som fere o cérebro de
modo tão cortante quanto esse maldito estalo de chicote. Chega-se a sentir a ponta do
chicote batendo no cérebro, no qual age como o toque da mão na mimosa pudica, e até
por mais tempo. Com todo o respeito pela sacrossanta utilidade, não consigo entender
por que um serviçal que conduz uma carroça com areia ou esterco deva receber o
privilégio de sufocar o germe de todo pensamento em ascensão no cérebro de dez mil
cabeças sucessivamente (meia hora ao longo das ruas da cidade). Marteladas, latidos e
gritos de crianças são horríveis, mas o único e verdadeiro assassino de pensamentos é o estalo de chicotes. Parece ter sido criado exclusivamente para triturar todos os
momentos bons e de reflexão que vez por outra alguém consegue ter. [...] Esse maldito
estalar de chicotes não só é desnecessário, como chega a ser inútil. O efeito psíquico desejado nos cavalos, devido ao hábito causado pelo abuso contínuo de tal recurso, diminui e acaba perdendo totalmente seu objetivo: os cavalos não apressam o passo com o estalar do chicote. [...] Supondo-se, porém, que fosse imprescindível usar tal som para lembrar constantemente os cavalos da presença do chicote, bastariam estalos cem vezes mais fracos, pois é sabido que os animais são capazes de perceber até os sinais mais silenciosos, quase imperceptíveis, tanto pela audição quanto pela visão. Os cães adestrados e os canários são exemplos surpreendentes dessa constatação. Por conseguinte, estalar chicotes representa um puro arbítrio, ou até mesmo um escárnio insolente por parte dos trabalhadores braçais em relação aos intelectuais. Tolerar semelhante infâmia nas cidades é uma barbárie grosseira e uma injustiça; tanto mais quanto seria até mesmo fácil eliminar, por decreto policial, um nó na ponta de cada chicote. Não há mal nenhum em chamar a atenção dos proletários para o trabalho intelectual realizado pelas classes que lhe são superiores, pois estes temem o trabalho intelectual mais do que tudo. Nem todos os filantropos do mundo, com todas as assembléias legislativas, que por boas razões são contra as punições corporais, poderão me convencer de que um serviçal, que cavalga pelas ruas estreitas de uma cidade muito populosa, conduzindo livremente cavalos do correio ou montando um cavalo de carroça desatado, ou até mesmo que caminha ao lado dos animais, estalando incessantemente e com toda a sua força o seu longuíssimo chicote, não mereça ser obrigado a desmontar imediatamente para receber cinco bastonadas bem dadas. [...] Terá o intelecto pensante de ser o único a nunca experimentar a menor consideração, nem a menor proteção, menos ainda respeito, em prol desse cuidado tão generalizado com o corpo e de todas as formas de contentá-lo? Carroceiros, carregadores, pessoas ociosas que ficam nas esquinas e similares são os animais de carga da sociedade humana; devem, sem dúvida, ser tratados humanamente, com justiça, benevolência, indulgência e cuidado: mas não lhes deve ser permitido que, com o rumor insolente que produzem, tornem-se um impedimento às aspirações elevadas do gênero humano. Eu gostaria de saber quantos grandes e belos pensamentos já foram banidos do mundo pelo estalar desses chicotes.
Se eu fosse um dirigente, criaria na cabeça dos carroceiros um nexus idearum [nexo de
idéias] indestrutível entre estalar chicotes e receber bastonadas."

A arte de insultar, página 22.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

"...Onde o lento suicídio de todos chama-se vida."

Quando Nietzsche diz a célebre frase "O Estado é onde todos bebem veneno, os bons e os maus; onde todos se perdem a si mesmos, os bons e os maus; onde o lento suicídio de todos se chama 'a vida'." ele explica bem a sociedade constuída pelos homens. Lugar onde todos parecem agir a fim de tornar a existência mais insuportável do que ela já é. Onde o venenho peçonhento que escorre das mentes doentes e atos cruéis de cada um é absorvido a cada dia por todos que abrem seus olhos e levantam de suas camas para buscar algum sentido ou dignidade para suas vidas, ou simplesmente vagarem inertes sem saber por que ou pra onde, pelo frívolo fato de estar e ser.
O que essa frase não demonstra é que além do suicídio que é viver no Estado, existir é também ser assassinado. O mundo lhe tira tudo de mais valioso que te compõe. Sua família, sua juventude, sua inocência, seus sonhos e por fim, quando nada mais resta além de um corpo definhado e desanimado, por vezes sem consciência de si, o mundo lhe tira sua própria vida. A carne podre, os restos de tudo que um dia já foi durante um pequeno lapso, é decomposta por vermes. As cinzas se espalham e evaporam no ar. E nada mais é.
Enquanto vivemos, somos usurpados a cada dia. Todo segundo matam um pouco de nós. A família que te trouxe, te acolheu, te alimentou e te construir vai sendo morta e lhe deixando só. Você os vê sofrer, os vê partir e acabar. O que fica é a sensação do término, da dor e do sofrimento daquilo que você mais prezava, do que te dava mais força pra viver. Acabou. E vai continuar acabando até você acabar também. É a pior e mais dolorosa das obviedades.
O momento em que existir mais nos esmaga é quando percebemos a insignificância de tudo. Qualquer que seja nosso alicerce, ele é poroso e insignificante. É quando nos é revelado que você um dia, não muito distante, perderá tudo. Sobra o consolo de que um dia, até as piores dores e amarguras vão terminar também. Assim como tudo termina.

Vida, o lento suicídio coletivo e o lento assassinato individual.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A Antropologia do FIFA

O objetivo do seguinte estudo é elucidar toda a relação social que emerge dessa atividade, que certamente, é uma das mais fascinantes criadas pela tecnologia dos games. O FIFA para Playstation 3 deu uma nova dimensão ao futebol, elevando-o a um patamar de pura sintonia entre jogo-espectador e real-virtual. Antes o indíviduo que era reduzido a uma posição de contemplação do jogo (observando a partida, agindo como mero torcedor, ausente de qualquer interferência física na partida) ou "participação ativa" (entenda-se pelo conceito de participação ativa o ato de jogar futebol, o que exige aparatos físico, técnicos e mentais como características primordiais de atuação), agora opera como controlador dos agentes espetáculo em sua totalidade (ou como apenas um desses agentes), usando apenas de suas capacidades mentais de manipulação e análise de jogo aliada a uma habilidade virtual não muito sofisticada, embora esta se torne cada vez mais complexa e exigente com a modernização dos simuladores.
Essa nova modalidade de relação indivíduo-jogo tem sua pré-história no winning eleven, que assim como as tribos totêmicas australianas para com as sociedades industriais, oferece uma visão rudimentar e básica do que viria se edificar mais tarde com o advento do FIFA. O Winning eleven, principalmente para playstation 2 inaugura essa relação de controle do jogo pelo indivíduo. Vamos agora esclarecer alguns pontos importantes para uma fenomenologia do FIFA, afim de compreender a essência do jogo, como os seus agentes se relacionam com ele, a dicotomia real-virtual, de que maneira um age sobre o outro e quais forças direcionam as ações.

1. O Fenômeno

O jogo de FIFA se firma cada vez mais como um fiel simulacro da realidade do jogo de futebol. Fazendo uma analogia com Platão e sua Teoria da Idéias, o futebol real, imponderável, jogado por 22 homens de carne e osso é uma idéia, reside no mundo inteligível fora do tempo e do espaço, imutável. Já o FIFA, é sua imitação imperfeita, reside no mundo sensível. É sombra da verdadeira imagem do futebol. Como sombra, o FIFA puxa para si todas as delineações e aparências do futebol real, porém sem se-lo. O FIFA se desenvolve e só "existe" dentro da esfera virtual, seu desenrolar só é possível por detrás da tela da televisão. Porém, sua influência irradia para fora do domínio virtual da mesma forma que as luzes dos seus gráficos iluminam as concretas paredes entorno da televisão, sendo aí que o FIFA se faz real e presente, construindo seus laços com os indivíduos de carne e osso que estabelecem relação com ele ao pegar no controle. A partir desde momento, real e virtual se entrelaçam e confundem-se, exercendo mutuamente ações que remodelam um ao outro.

2. O Homem e o FIFA

A relação entre homem-futebol no FIFA se dá numa dinâmica totalmente nova, como já vimos. O que me interessa neste ponto é que, apesar de toda a organização única e inédita que o FIFA proporciona, o modo de pensamento que rege o jogador é análogo a maneira de pensar nas demais relações com futebol. Isso não significa, evidentemente, que um jogador brilhante de futebol vai necessariamente ser também brilhante no FIFA e vice versa, os recursos de atuação são outros, porém, a força cognitiva que os manipula segue os mesmos princípios. Com base em exaustivas observações de indivíduos jogando FIFA e futebol propriamente dito, pode-se concluir perfeitamente que características marcantes de seu modus operandi permanecem. Observa-se que o indíviduo pouco propenso a realizar passes, o popular fominha, jogador que não solta a bola para seus companheiros no jogo de futebol, também opera da mesma maneira no FIFA. Na partida virtual, ele tende sempre a buscar o drible e forçar a jogada individual em vez de trocar passes buscando a melhor forma de se aproximar do gol. Ele parece ignorar o fato de que, diferentemente do futebol coletivo onde ele responde por si de maneira ativa apenas quando tem a posse de bola idem com relação a seus amigos envolta, no FIFA todos os dez jogadores de linha são controlados por ele, o que torna sem sentido a privação da bola em um só "eu" já que ele tem o controle de todos e o ato de passar a bola não o destitui de um papel ativo no jogo. Logicamente, quando o jogo abrange mais de um jogador por equipe, esta característica tende a acentuar-se. Isso pode ser designado como "A Síndrome do X quebrado". Outro exemplo oportuno é a minha proposta de jogo, fundamentada em marcação e trocas de passe. Raramente há gracejos ou jogadas de efeito, a construção da forma de jogar é semelhante nas duas esferas (FIFA e futebol).
É importante ressaltar que nem todo modus operandi de um jogador de FIFA é baseado no seu pensamento dentro das quatro linhas reais. O FIFA, assim como todo jogo e toda virtualidade, abre uma margem lúdico-fantasiosa que permite que o jogador faça jogadas cujas quais ele não consegue no mundo, seja por limitação técnica ou física. A partir de agora eu vou me referir a esse espaço de atuação do imaginário e fantasioso, do que só se realiza na esfera virtual como "Vácuo de magia". Um região só existente no jogo onde é permitido ao jogador concretizar jogadas de sua imaginação, fantasiar e "materializar virtualmente" algum desejo seu impossível de ser produzido na esfera real. Isso permite àquele seu amigo nerd horroroso que mal sabe dominar a bola driblar cinco, dar três chapéus e fazer um gol de cobertura. Isso torna possível o Marcel driblar três, pedalar e chutar a bola de fora da área no ângulo com o Nedved (Esse caso de Marcel-Nedved também pode ser estudado como a personificação do virtual no real, que nada mais é do que quando o jogador real, ao assumir controle de determinado ser virtual, age de acordo com os princípios deste e as habilidades específicas deste no jogo. Isso explica porque um controlador adepto dos dribles não tenha o impulso de driblar quando no domínio do Odvan. É o pensamento real-personificado que confere o jogo mais um caráter de realidade. Outro exemplo é dar carrinhos com o Waldo Ponce para roubar a bola e tentar ganhar no corpo com o Terry). O tamanho do vácuo de magia varia de controlador para controlador, podendo ser extremante determinante e enorme ou apesar esporádicos espamos no decorrer de uma partida. Seu alicerce é, principalmente, a habilidade de controle virtual do jogador. O cabe discutir é, em até que ponto, esse pensamento lúdico-fantasioso pode ser considerado exclusivo do FIFA e residente portanto somente dessa esfera, ou ele é uma transposição de um desejo frustrado das quatro linhas para um virtual onde é possível realizar este anseio. O problema teórico é definir se o pensamento cognitivo do seu amigo nerd no campo de futebol seria um pensamento driblador, dotado de visão de jogo privilegiada mas que, por quastões técnicas e físicas ele é limitado destas potencialidades não podendo dar vazão a essas qualidades intrínsecas de pensamento ou se ele realmente não tem essa perspicácia e astúcia futebolistica reprimida em nenhum momento e elas só existem no campo virtual. Isso eu não sei responder até agora.

[continua]

sexta-feira, 2 de julho de 2010

A Celeste



"Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos."
Nelson Rodrigues

Quem teve a oportunidade de acompanhar esta partida, além de ser testemunha ocular da história, pode sentir na pele o que torna o futebol tão fascinante. Em particular, é mais uma prova do poder e da mística que envolve a camisa celeste. Tem coisas que só o azul clareado pelo sol uruguaio é capaz de fazer, esse jogo foi uma delas.
Quando me sentei no sofá da casa do Couto e vi o hino uruguaio sendo executado, fiquei pensando sobre o que poderia acontecer no jogo. Tendo em conta o retrospecto não empolgante de Gana, que se classificou mais na base da sorte, passou suado dos malditos ianques e sem sua principal estrela, o monstro Essien. Não achava que o jogo seria fácil, afinal com o Uruguai sempre tem emoção, mas não tinha a mínima idéia do que estaria por vir.
A bola rola e o Uruguai tem um toque de bola rápido, chega algumas vezes no gol ganês bem guardado por Kingston. Na metade do primeiro tempo a equipe africana começa a por as asinhas de fora e me deixa vendo a bola nas redes duas vezes, numa cabeça rente ao ângulo e um chute que tira tinta da trave. Foram dois sustos tensos. O capitão Lugano sai machucado após uma queda brusca, mas a tristeza de ver o belo e viril zagueiro saindo é amenizada quando vejo ANDRÉS SCOTTI entrar em campo. Scotti é um zagueiro à moda antiga, do tipo que ainda "manda flores" aos atacantes. Alto, forte, bruto como uma pedra e não tem medo de cara feia. Scotti aliás, merece um capítulo a parte na história do jogo. Salvou três jogadas impressionantes, uma bola em que o atacante ganês dominou girando no meio da área, quase na marca do penalti, mas entre ele e a bola apareceu imponente e altaneiro Scotti para evitar o chute. Já na prorrogação, o assustador Arévalo faz uma lambança demente na área e perde a bola. Quem aparece de carrinho para bloquear do chute, arrumar a bagunça e ainda deixar uma marca roxa no tornozelo de Gyan? Scotti, claro. E por fim, em mais um lance capital, Scotti aparece antes do atacante ganês após um rebote do goleiro Muslera e evita que este finalize em direção ao gol desprotegido. Agora, deixando o show de Scotti um pouco de lado e voltando ao jogo como um todo, a segunda metade do primeiro tempo foi marcada por chegadas incomodas que, aos 46 minutos resultaram no gol de Muntari. Um chute despretencioso a 34 metros do gol. Uma curva bizarra dessa bola que ninguém entende e o Uruguai sofre o segundo tento no mundial. Fim de primeiro tempo.
O time celeste volta se impondo, Forlán decide entrar no jogo e o técnico Oscar Tabárez lança o virgem Lodeiro no lugar do frango Álvaro Fernandez, pra dar mais força e alternativa na criação. E dá relativamente certo, tanto que aos 14 minutos numa falta em que a maioria cruzaria na área, Forlán solta uma bomba que entra rente ao travessão de Kingson. Um golaço, partida empatada. A partir daí, os dois times revezaram as rédeas do jogo. Diego Pérez, volante uruguaio, um guerreiro em campo. Não no sentido brahmeiro dos comerciais, e sim na mais pura essência do futebol latino. Correu o tempo todo, brigou, dividiu, levou amarelo em um carrinho forte, lutou o tempo todo. Victorino, já conhecido dos Flamenguistas podres, ajudava com maestria a fechar a zaga uruguaia. Até que o divino se fez presente, todas as atenções se voltam a um só homem: Washington Sebastián Abreu Gallo, o louco, o gênio. Com seus cabelos esvoaçantes e barba por fazer, dá gás ao cansado ataque celeste. Não teve uma chance de finalizar durante a partida, mas o craque sobressai mesmo nas dificuldades. Sofreu um penalti não marcado na prorrogação e comandou o ataque uruguaio enquanto esteve em campo. Aliás, vale ressaltar que as câmeras sul-africanas gamaram no Abreu, pois ele era mostrado a todo momento.
Aí chega o momento do imponderável. O instante que só o futebol proporciona. Falta no lado esquerdo da defesa uruguaia, quinze minutos do segundo tempo da prorrogação, o que torna esse ataque o último lance do jogo. A bola será cruzada na área, eu me viro para o Gabeh e digo: "Ah cara, tomar gol agora não dá... muito castigo. Não vai acontecer." A bola sobe. A bola desvia na cabeça de um ganês e vai pra trás. A bola plana na boca do gol. Muslera sai, porém Appiah cabeceia antes. A bola quica na pequena área e o atacante de gana chuta. A bola bate nas pernas de Suárez e volta para a pequena área. Mais uma vez Gana cabeceia a bola em direção ao vulnerável gol uruguaio e num segundo, logo após ser preciso ao salvar a bola em cima da linha, Suarez é o único entre a bola e a rede, desta vez a jabulani não toma a direção de suas pernas. Vai acima de sua cabeça, abaixo do travessão, pronta para estufar as redes e num lapso de genialidade, numa decisão passional, em um puro reflexo desesperado Suárez ergue as mãos e espalma a bola para frente. Não havia mais nada que pudesse ser feito. Era a última bola do jogo, era a sentença da eliminação uruguaia. Suárez fez a única coisa que poderia ser feita para dar alguma sobrevida, mesmo que frágil, aos uruguaios. Qualquer outra atitude, qualquer atraso mínimo ou hesitação curta teria permitido que a bola entrasse. Suárez não permitiu. Dezesseis minutos do segundo tempo da prorrogação, último minuto de jogo e pênalti para Gana. Suárez expulso chora copiosamente, sabe que sua atitude de um herói aflito deve eliminar sua nação, que há quarenta anos esperava por esse momento. Gyan, que já fez dois gols de penalti nesta mesma Copa coloca a bola na marca. Se ele fizer o gol, pela primeira vez uma seleção africana chegará a uma semifinal de copa do mundo e ele se juntará ao camaronês Roger Milla como maior artilheiro africano numa copa. Todo mundo sabia que seria gol. O coração celeste batia descompassado, querendo acreditar na ínfima possibilidade da bola não se encontrar com a rede. Em menos de um minuto, o choro de Suárez se transforma em berro. Suas lágrimas secam em altos decibéis de êxtase. O chute forte de Gyan bate na trave e voa pra cima do gol. O Uruguai está vivo! A partida vai para os penaltis.
Forlán, Scotti e Victorino fazem para o Uruguai. Mensah perde para Gana. Maxi Pereira isola a bola e dá a Gana a chance de empatar as cobranças. Muslera pega outra penalidade. Agora o palco está armado para a consagração de um louco. Abreu vai para a cobrança, e todos que o conhecem sabiam o que iria acontecer. Ele iria dar um tapinha à Panenka na bola, como já fez contra o Brasil na copa américa e os porcos rubro-negros no carioca. É exatamente o que acontece, o sutil toque de Abreu põe o Uruguai entre as quatro melhores seleções do mundo. Da forma mais uruguaia possível.

Viram crianças, é por isso que eu digo e repito que desde a primeira vez que eu entrei em um campo de futebol, eu renasci uruguaio. Não tem como não se apaixonar por esse entrega, luta e raça. Nenhuma outra seleção faria isso, o Uruguai fez. Sempre superando a si mesmo, transpondo limites. Isso é futebol. Isso é Uruguai.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Os Grande Livro dos Aforismos Futebolísticos

Muita gente fala sobre futebol. Entretanto, poucos são realmente capazes de expressar o que é futebol. Grandes pensadores da arte do esporte, não corrompidos pela onda de marketing e interesses econômicos escusos que, em detrimento da essência futebolística, se impõe no pensamento comum com relação ao esporte.

"Eles quiseram nos vencer na força. E na força, ninguém nos vence"
Diego Lugano, sobre a França.
"Não sambamos em campo. Senão me parece que só ganhariam os de amarelo"
Verón, sobre a mania rebolativa dos brasileños.
"É a Argentina do Messi, do Maradona e de Che Guevara."
Maradona sobre a Argentina que disputará a copa
"Já passei por Maracanã e Bomborena lotados e não reclamei. Não é agora que eu vou reclamar."
Oscar Tabárez, técnico do Uruguai, dando aula de masculinidade em vez de choramingar acerca do barulho das vuvuzelas
Eu sempre fui o melhor. Rogério não marcou na seleçãoo, eu fiz oito. No Brasil, vocês jogam de dois em dois dias, nós jogávamos uma vez por semana. Eu marquei em todos os grandes da Argentina. Rogério é um grande discípulo, aprendeu muito comigo.
Chilavert, ex goleiro da seleção Paraguaia

domingo, 13 de junho de 2010

Conceitos pertinentes I

Homem comum: "O homem comum não especula sobre os grandes problemas. Ampara-se na autoridade de outras pessoas, comporta-se 'como um sujeito deve comportar-se', como um cordeiro no rebanho. É precisamente esta inércia intelectual que caracteriza um homem como um homem comum. Entretanto, apesar disso, o homem comum efetivamente escolhe. Prefere adotar padrões tradicionais ou padrões adotados por outras pessoas porque está convencido de que este procedimento é o mais adequado para atingir o seu bem-estar. E está apto a mudar sua idelogia e, consequentemente, o seu modo de ação, sempre que estiver convencido de que a mudança servirá melhor a seus interesses."

Ludwig von Misses, A Ação Humana. Um Tratado de Economia.

Depois não digam que não avisaram

É bom ter históricos de msn desde 2006. Como não podemos gravar conversas "ao vivo", ter registros escritos é extremamente interessante. Relembramos as coisas, recordamos momentos legais, vemos como éramos idiotas e ficamos felizes por estarmos mais velhos. Mas no que tange a esse post, o aspecto mais importante dos históricos é ter uma comprovação irrefutável de antigas opiniões. Pra mostrar que eu não sou profeta do passado, trago uma pequena coletânea de frases que eu disse ainda em 2008, na época que o Dinamerda assumiu a presidência do Vasco. Já que eu não tive o prazer (que obviamente seria muito maior, não faço parte da turminha que torce contra) de ver o Vasco realmente crescer e vencer, vou ter o prazer de esfregar na cara dos imbecis que me chamaram de maluco que eu estava certo.

23 de Junho:

(20:22) Lucas: http://www.netvasco.com.br/news/noticias14/53107.shtml
LUTO ETERNO.
(20:22) Lucas Coimbra: calma, ele ainda não morreu
(20:23) Lucas: porra cara..
(20:23) Lucas: ele vai sair do Vasco..
(20:23) Lucas: o Vasco não será mais o mesmo..

5 de Julho

(21:13) Lucas: http://www.netvasco.com.br/news/noticias14/53603.shtml

Sacanearam = comida de cu número 1
E o Vasco perdeu o lugar na vice-presidência do Clube dos treze = comida de cu 2
(21:13) Lucas: Porra, em menos de uma semana já comeram o cu do Vasco duas vezes e não deu em nada.
Volta Eurico!

15 de Julho

(21:58) Lucas: http://www.netvasco.com.br/news/noticias14/54085.shtml
(21:58) Lucas: Puta que pariu, como esses filhos da puta me soltam uma merda dessa?!?!
é inacreditável
(21:59) * Marcela: WTF.
(21:59) Lucas: desculpa. mas tive que desabafar.
(21:59) * Marcela: hahaha. relax.
(22:00) * Marcela: porra. vai tomar no cu.
(22:00) * Marcela: pra notícia, não pra você.
(22:00) Lucas: caralho.. PELO AMOR DE DEUS, VOLTA EURICO!!!
(22:02) * Marcela: porra. e eu achando que ia melhorar alguma coisa agora.
(22:02) Lucas: PQP.. eu sempre falei que o Eurico era o melhor pro Vasco
(22:02) Lucas: nego é muito cego e burro.
(22:02) Lucas: A nota foi totalmente sem noção.
Nunca tinha visto algo parecido.

16 de Julho

(22:59) Lucas. Volta Eurico: http://www.netvasco.com.br/news/noticias14/54085.shtml
Por isso.
é cada vez mais revoltante essa diretoria de merda. eles tem menos QI que as minhas bolas.

(22:17) Lucas: http://www.netvasco.com.br/news/noticias14/54085.shtml
(22:18) Lucas: depois dessa só me resta pedir pro tio voltar
(22:18) Gabriel : com o tio tinha?
(22:18) Gabriel : uahahuhuhahua tio......
(22:18) Gabriel : me dá saudade de chama-lo de tio
(22:19) Lucas: mas o tio não me soltava uma merda dessas
(22:19) Lucas: hahaha Tio.
(22:20) Gabriel : por favor, me coloca assim... volta tio
(22:20) Lucas alterou a mensagem pessoal para "Volta Tio"

18 de Julho

(22:37) Gabriel : segundona, será?
(22:38) Lucas: Vergonha total
(22:39) Gabriel : tá foda brother
(22:39) Lucas: Enquanto uns gritava o nome do presidente, outros cobravam com força.

- Dinamite, cadê a fila de patrocinadores? Cadê o time? - gritou um deles.

Fonte: GloboEsporte.com
(22:40) Gabriel : patrocínio, como?
(22:40) Gabriel : tem q virar o ano pra colocar um q retire a vergonha q é a mrv
(22:41) Lucas: foda-se. eles prometeram. que penhorem o cu pra cumprir.
(22:41) Gabriel : e time... esse é o time do tio
(22:41) Gabriel : temos q agradecer ao tio
(22:42) Gabriel : e tio deixa o clube com o vasco zerado... tá certo mesmo, esse e o time até ano q vem
(22:42) Lucas: nem vem com esse papo de time do Tio
(22:42) Lucas: o time do tio tava em 7º
(22:43) Gabriel : uahuhuahua, vc é ridículo
(22:44) Lucas: ridícula é a administração do roberto sorriso
(22:45) Gabriel : mlk, o roberto tá mandando muito bem, tu é doente
(22:45) Gabriel : mlk.... o vasco tá modernizando anos de atrasos
(22:46) Lucas: pqp..
(22:46) Lucas: parei.
(22:46) Gabriel : mlk.... tu vai v o sócio torcedor
(22:46) Lucas: a única coisa que eles fizeram até agora é reclamar, chorar, dizer que estão fudidos e sentar no colo do Marcio Braga
(22:48) Gabriel : sério lucas..... o vasco tá melhorando
(22:48) Gabriel : todo sabiam q pro vasco mudar vai demorar
(22:49) Lucas: tô vendo.
(22:49) Gabriel : mlk, to sentindo o cheiro de santander no ar
(22:50) Lucas: tô sentindo cheiro de vaselina
(22:50) Lucas: acho que vem da bunda do roberto

27 de Julho

(21:09) Lucas: NETVASCO - 27/07/2008 - DOM - 20:55 - Edu Coimbra e Tita especulados para substituir Antônio Lopes
(21:09) Lucas: puta que pariu, tô muito puto.
(21:11) * Marcela: quem?!
(21:11) * Marcela alterou o estado para Online
(21:12) Lucas: Tita é um merda, um lixo
(21:12) Lucas: Edu coimbra é o irmão do zico. nem sabia que esse cara é técnico
(21:12) Lucas: Técnicos de segunda divisão de futebol capixaba.
(21:14) * Marcela: Cara... tá de sacanagem, né?
(21:15) Lucas: não.
(21:15) * Marcela: puta que pariu.
(21:16) Lucas: tá foda..
(21:17) * Marcela: é. e eu achei que tivesse chance de melhorar agora
(21:18) Lucas: Eu sabia que ia dar merda.. caralho, um mlk de 17 anos sabe que vai dar merda e os grandes beneméritos não enxergam isso?!

29 de Julho:

(22:09) Lucas: O vice-presidente de futebol do Vasco, Manoel Fontes, o Neca, afirmou que os salários dos jogadores e funcionários do clube devem ser pagos nesta quarta-feira. O dirigente afirmou não ter conhecimento de onde vai sair o dinheiro para quitar os atrasados e soltou a peróla.

- Do meu bolso é que não é. Fui informado que vai ser tudo pago nesta quarta-feira - diz.
(22:09) Lucas: Deve ter saído do cu da tua mãe. seu filho da puta.
(22:09) Lucas Coimbra: HAHHAH
(22:10) Lucas: esse "Neca" é um merda. só fala merda. ele se contradiz de 5 em 5 minutos


Isso tudo em basicamente um mês de tragédias. Agora imagina se eu for recorrer a Era Tita? A todas as vergonhas que esses caras submeteram o Vasco?
Pois é.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

- Do porque eu não torço para o Brasil


Durante o período de copa do mundo ocorre um fenômeno de proporção ímpar no país. A população inteira, com raríssimas exceções, vira fanático por futebol. Pessoas que não sabem nem qual é o papel da bola durante o jogo tornam-se grandes entusiastas da seleção brasileira de futebol. A partir daí, cresce aquele clima de torcida. Todo mundo de verde e amarelo, aquelas buzinas infernais estuprando os ouvidos de quem se atreve a passar em um raio de cem metros de distância e todos esses enfeites e badulaques que emporcalham as ruas. Pois bem, é inevitável alguma pergunta com relação à minha torcida pelo Brasil, onde eu vou ver o jogo, quem eu quero que faça os gols e quando eu respondo da forma mais normal e sincera possível que não estou nem aí pro desempenho brasileiro na Copa, logo surgem olhares atônitos e surpresos. Por conseguinte, reprovação. É como se fosse uma regra geral da sociedade: Você está condenado a torcer para o país em que nasceu. Não existe opção, você nasceu no Brasil, logo, está fadado a apoiar a seleção brasileira sobre qualquer hipótese. Criou-se na época da ditadura que isso era demonstração de patriotismo e a população realmente acreditou. Ninguém é mais ou menos brasileiro que ninguém só porque torce pra 11 caras de amarelo no campo.
A lógica que leva a esse pensamento é simples: Pelo fato deles serem meus compatriotas, supostamente eles tem um jeito similar ao meu. A forma que eles jogam, pensam e agem são assemelham-se mais as minhas que as de outros países. Devido à essa identificação, a torcida para sua seleção é consequência. Existe também outro argumento, que consiste em dizer que aqueles jogadores defendem a minha pátria. Então, "por amor a minha pátria", eu quero que eles ganhem e se imponham como melhores.
Pra início de conversa, não me sinto representado pelo estilo de jogo brasileiro. Não gosto de graça, não acho que gramado de um campo de futebol é lugar pra showzinho e palhaçada. Não penso que 20 caras que mora na europa representem meu país. Acho que a CBF é uma instituição que só pensa em ganhos financeiros e não está nem aí pro futebol nacional. Não vejo como meus semelhantes vinte caras semianalfabetos que vivem pagodeando e enchendo a cara. Na minha opinião, esse não é o tipo de grupo que merece ser campeão do mundo. Eu torceria pra todas as seleções do Brasil até 82. Essas sim mereciam ostentar a imagem da nação brasileira e eram compostas por pessoas sérias. Agora quererem me convencer que eu tenho que torcer a favor de gente mau caráter como Robinho e Felipe Melo pelos simples fato deles serem brasileiros também é um argumento inócuo. Então se um bandido brasileiro assalta um banco canadense, eu tenho que torcer pros ladrões compatriotas em vez dos policiais estrangeiros? Isso não faz nenhum sentido. No futebol, cada um torce para quem o representa, para quem admira. Ser brasileiro é cumprir os deveres de cidadão e atuar para a construção de um país melhor (não votando no Serra, por exemplo). É inútil confundir as coisas.
Admito que nos últimos anos a seleção se encheu de perebas comprometidos e largou a turminha de pseudo-jogadores do pagode (embora alguns desse grupo ainda resistam). Isso é reconfortante, mas não é o suficiente.
Agora eu vou chegar no cerne da questão. O argumento desprovido de qualquer base que mais me emputece. Dizer que brasileiro que torcer pra Argentina é "modinha", "do contra", "quer aparecer"... Porra, vai tomar no olho do cu. Perco a compostura mesmo. Eu torço pra quem merece. Eles jogam um futebol sério, um futebol bonito sem frecura. Demonstram sim vontade de vestir a camisa. Sem batuque, sem viadagem.
Três frases podem resumir tudo:

"Eles quiseram nos vencer na força. E na força, ninguém nos vence"
Diego Lugano, sobre a França.
"Não sambamos em campo. Senão me parece que só ganhariam os de amarelo"
Verón, sobre a mania rebolativa dos brasileños.
"É a Argentina do Messi, do Maradona e de Che Guevara."
Maradona sobre a Argentina que disputará a copa

Posso colocar mais uns dez argumentos contra Brasil pró cone-sul. Mas tenho preguiça.
Depois eu faço. Ou não.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Quero ser grande

Lembram-se do filme "Quero ser grande" de 1988, estrelado por Tom Hanks? Resumidamente é a história de uma criança que repentinamente se torna adulto através de uma máquina cigana. Às vezes a vida imita a arte, e nesse caso, esse filme pode ser transposto ao mundo real tendo Robinho como protagonista. O atacante do Santos é um bebezão, um ignorante com sérios retardados mentais. Está estagnado na mais tenra e ingênua infância. Suas atitudes em um garoto de 8 anos são dignas de algumas boas palmadas e castigos para corrigir, entretanto, em um homem casado de 26 anos é patético, lastimável e ridículo.
Robinho já demonstra sua pequenez no apelido que conserva desde que nasceu. Sua carreira é um fracasso, suas decisões demonstram total despreparo e falta de consideração. Suas palavras são carregadam de uma estupidez atroz. Surgiu no Santos em 2002 e dois anos depois forçou a saída para o Real Madrid. Se negou a entrar em campo, fez pirraça, disse que não ia mais jogar e então conseguiu sair. Típico comportamento patológico de criança mimada e mal criada. Depois de declarar amor infinito ao clube, vira as costas e cospe na cara de quem o projetou e o criou para o esporte. Como se não bastasse esse papelão, ainda saiu dizendo que seria o melhor do mundo no clube espanhol. Adivinhem o que aconteceu três anos depois? Ele ficou se oferecendo ao Chelsea como uma prostituta idosa de última categoria e, mais uma leve, tornou o clima para continuar o clube insustentável e foi embora para o irrisório e recém-pseudo-importante Manchester City, mais uma dessas aberrações do futebol inglês. Dizendo o que? Que lá seria o melhor do mundo. Mal chegou, já se ofereceu novamente como uma cortesã para o Barcelona e foi prontamente rejeitado pelo capitão Puyol. Quase dois anos de Manchester City e o filme se repete. Ele força a saída do clube e volta para o Santos, aquele mesmo time que ele se recusara a jogar anos atrás. Decadência vertiginosa, carreira despencando ano a ano. Por que Robinho ainda veste a camisa da seleção? Única e exclusivamente pelo fato dele fazer os gracejos de uma foca adestrada em campo.
Mas uma pessoa jogar mal e arrogantemente se achar capaz de ser melhor do mundo e ter uma carreira que vai ladeira abaixo há cinco anos não é motivo suficiente para taxa-la de filha da puta e retardada. Apesar de possuir uma carreira que deve ser gerida por um cafetão em vez de um empresário, Róbson ainda consegue ser capaz de fazer proezas maiores. Róbson se demonstra um ser humano ruim, uma pessoa podre e um cidadão desprezível sempre que abre sua boca. Ele que já foi conhecido por abaixar calça de companheiro em entrevista coletiva, Últimamente, o caso lamentável que envolveu intolerância religiosa da parte dos jogadores do Santos trouxa a tona outra face de Robinho. Por ser evangélico, ele e sua corja se recusaram a entregar ovos de páscoa a crianças com paralisia cerebral porque elas eram amparados pro um lar espírita. Para justificar o injustificável, ele pregou libertadade e tolerância religiosa. Justamente o que ele não fez. Ele não tem a capacidade nem se organizar um raciocínio lógico. Hoje ocorreu a mais nova graça. Não sabia que ia jogar contra o Zimbábue amanhã, não sabia o que era Zimbábue e nem onde ficava. E ainda dizia isso com seu sorriso vazio de idiota. A inflação do Zimbábue só não é maior que a imbecilidade do jogador em questão.
Róbson é um cidadão que não sabe o que faz, não sabe o que pensa e consequentemente não faz idéia do que diz. É um jogador superestimado que deveria ganhar alguns trocados para fazer embaixadinha na praia com uma bola de gude, não quase dois milhões por mês pra servir de mau exemplo a toda população.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Prévia da Copa do Mundo ou Porque eu prefiro a libertadores

Vamos começar reiterando o óbvio. Convocações jamais serão unânimes, amplamente aceitas ou pouco questionáveis. É inútil e irrelevante ficar resmugando a cada convocação. Ainda mais quando se tem uma postura semelhante a da imprensa, que reclama e protesta de tudo. Quando ganha e joga feio preferem um futebol ofensivo. Quando perde porque tá todo aberto é ruim porque demonstra ingenuidade e despreparo. Ao menos colocar esses parasitas no devido lugar o Dunga sabe.
Entretanto, existem fatos que nenhum intelecto, relativismo, lógica ou razão explique. E isto sim, é digno de nota. Fatos que não se tratam de divergência de opinião ou particularidades que naturalmente se opõe quanto ao modo de enxergar o futebol. O maior exemplo disso é a convocação de Kléberson. Me digam vocês: O que é Kléberson? É um meio campo medíocre que só teve uma fase boa no Atlético Paranaense em 2002, caiu de pára-quedas na seleção graças a contusão de última hora do Émerson e até hoje vive daqueles sete jogos. Foi vergonhoso no Manchester, considerado inclusive a pior contratação da história do clube pela irritante imprensa inglesa. Conseguiu a proeza de virar banco no time pífio do Flamengo. Que jogou mal e porcamente o podre e patético campeonato estadual. Enfim, é um jogador fraquíssimo que nada acrescenta. Somente tem o poder de se tornar invisível durante as partidas. Aparece na hora da escalação e da substituição. Quanto muito, dando um chute ridículo pra longe do gol. O que consola é que o vagabundo marginal e problemático do Adriano não vai a Copa. Se ele tiver o mínimo de bom senso ainda (o que eu duvido muito), aproveitará o mês de férias pra visitar um bom psiquiatra.
Mas não é a seleção brasileira, sempre pagodeira e questionável que me motivou a escrever aqui. Além das perdas de Cabanãs, Meléndez e Cristian Rodríguez, por fatalidade, idade e suspensão respectivamente, mais uma falta me abala profundamente e me tira o tesão de ver os jogos. Maradona virou as costas para o lendário Rolando Schiavi. Na hora que ninguém mais acreditava, que todos questionavam e as esperanças eram escassas, Maradona chamou Schiavi e ele não decepcionou. Correspondeu e esteve presente nos três jogos mais tensos e importantes da história recente argentina. Os jogos que selariam o destino da nação. Que coroariam ou não o trabalho dos últimos quatro anos. Schiavi esteve lá e ajudou a colocar a Argentina na copa. Porém agora, após subir a montanha, na hora de apreciar a vista, Maradona não quis compartilhar com Schiavi esse momento. É triste para o futebol. Por essas e outras que a Libertadores sempre estará mais forte em nossos corações, ela nunca vira as costas para os verdadeiros heróis.

SCHIAVI, O FUTEBOL ESTÁ COM VOCÊ.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Uma podridão chamada Flamengo (em permanente construção)

O Flamengo tem a maior torcida do Brasil. O Flamengo leva alegria para um bando de desalojados, excluídos socialmente, carentes e... pra elite da Gávea, Lagoa e Leblon. Será que isso explica o constante e histórico apito amigo a favor desse time? Ou é coincidência mesmo?
Vou tratar a questão desde sua origem até ontem, outro domingo aonde o Flamengo se impôs diante do Vasco na base da sacanagem. Primeiro, dissecar o que é o Flamengo. O futebol do Flamengo é um câncer que foi extirpado do Fluminense, a partir daí vê-se que até o nascimento é indigno. O Flamengo nasceu das cisões e brigas enquanto o Vasco nasceu da união. Filhos da velha aristocracia carioca, corrupta e imunda, o Flamengo ainda sim foi incapaz de erguer um estádio. Se apóia no dinheiro público desde 1937 quando aterraram parte da Lagoa, doaram o terreno aonde se construiu aquilo que alguns chamam de Estádio e por fim, fizeram o favor de retirar a favela que crescia naqueles arredores (vale lembrar que dez anos antes o Vasco erguia com o mérito de seus torcedores, certamente com menos condição financeira que os entusiastas do rival, o até então maior estádio do continente. Ou seja, querer comparar uma torcida com a outra é uma imbecilidade sem tamanho). Já dentro de campo, o Flamengo nunca foi destaque. Era um time reconhecido, porém inferior. Deve tudo que tem a "Era Zico", o grande craque que nunca ganhou nada com a, reconhecida por muitos, melhor seleção brasileira de todos os tempos e fora do Flamengo jogou na Udinese e Kashima Antlers. Se tirarem a década de 80, aquela mesmo com o início do "despotismo esclarecido" da ditadura visando a abertura lenta, gradual, segura e com crescimento da influência e domínio da Rede Globo do rubro-negro que agora torra no inferno Roberto Marinho e as vitórias do Flamengo. Sim, até no período do "maior time da história rubro-negra" o sucesso só foi obtido graças àquela conhecida ajudinha dos juízes.

1. O Flamengo como exemplo do que há de pior na sociedade:
Dizem que o Flamengo é o time do povo. Não sei quem querem enganar, provavelmente o coitado do povo que vive pegando trem lotado na central, trabalhando de sol a sol e não tem tempo para questionar ou raciocinar sobre o papel que ele de fato ocupa. O título de sócio-proprietário do Flamengo custa oito mil reais, mas você pode pagar em dez suaves parcelas de oitocentos reais. Isso com certeza é mais do que 30% da torcida do Flamengo ganha. E eu evidentemente me referi as parcelas, porque se formos pensar no valor total, é mais do que 90% da torcida do Flamengo ganha. Ah, vale ressaltar que se você pagar a vista o preço cai para R$ 6.540,00. E não me digam que isso é mentira, acabei de ver no site oficial do Flamengo.
A título de comparação, eu virei sócio-proprietário do Vasco pagando 500 reais. O que dá...dezesseis vezes menos que eu pagaria se fosse um otário e filho da puta flamenguista. Resumindo, eu, classe média zona sul, sou incapaz de me tornar um dos donos do Flamengo. Que dirá os seus torcedores que neste momento retiram corpos de parentes dos escombros, fruto do descaso dos governantes que estavam mais ocupados doando terreno aos malditos flamenguistas. Hum.. vejamos: Fica situado entre os três bairros mais caros para se morar na cidade. Cobra 15 vezes um salário mínimo para repartir parte do clube e é conhecido como clube do povo? Que esquisito.
Vê-se que o Flamengo do povo é uma falácia, uma mentira, uma historinha pra boi dormir. E o gado no caso, são os próprios torcedores do time. O Flamengo é o exemplo clássico da exploração das elites pelo povo, cuja a anestesia de ver o time ganhar e o sentimento de pela primeira vez na vida sofrida, miserável e ordinária se sentir um vencedor os cegam e os tornam a força motora que grita no Maracanã (Flamengo se apoiando na máquina pública e nos impostos que nós pagamos novamente) e compra as camisas do time, enquanto os verdadeiros donos do Flamengo fumam charuto e toma whisky vendo o jogo pelo pay-per-view numa televisão enorme de frente pro mar.
Clube do povo é o Vasco, que nasceu da porra nenhuma na zona norte pelas mãos calejadas de portugueses que trabalhavam a porra do dia inteiro pra sobreviver. Alguns imbecis, mau caráter ou apenas ignorantes vem com a falácia de que o Vasco é o time dos portugueses que nos colonizaram e roubaram nosso ouro. Esses portugueses que exploraram o Brasil (assim como Flamengo explora as massas), estão é em Lisboa com a camisa do Benfica. Os portugueses que fundaram o Vasco eram uns fudidos trabalhadores em Portugal e vieram pra cá tentar melhorar de vida. São os mais brasileiros, junto com os africanos que foram a força que construiram esse país cortando cana e moendo café enquanto os latifundiários (que provavelmente seriam flamenguistas caso o Flamengo já existisse) fediam sentados numa cadeira. Agora, por resultado do trabalho sujo da mídia e pelo natural embaçamento histórico, vemos o Flamengo com torcedores negros, que há menos de 100 anos atrás seriam chutados de sua sede.
"O Flamengo é o clube das massas (ignaras). O Vasco é o clube do povo."

2. O Flamengo e sua influência nefasta:
Desde o berço, o Flamengo é defensor dos maiores absurdos e roubos descarados da história do esporte brasileiro. Já na época do Remo o Flamengo usava de artifícios ilícitos para tentar ganhar alguma coisa. (Incapazes de vencer o Vasco na água, os rivais tentam de todas as maneiras destruir a notória superioridade vascaína, como podemos ver nesses parágrafos retirados do site semprevasco:
"Sob alegação que o remador Claudionor Provenzano não era amador, a Federação o exclui das regatas de 1914. O mesmo remador já havia sido excluído em 1912, baseado no mesmo argumento, quando defendia o Boqueirão do Passeio. Era a reação de uma Federação dominada por clubes da elite, como Flamengo e Botafogo, buscando enfraquecer as agremiações mais modestas do centro da cidade, que ganhavam a maioria absoluta dos campeonatos. e "Conformados com a impossibilidade de derrotar os remadores vascaínos tricampeões, a elite carcomida – representada pela Federação de Remo – apelou para a única solução que finalmente os faria ganhar o campeonato: passaram a chamada lei “Hors Concours”, o que significava excluir da prova máxima qualquer remador que tenha dois ou mais títulos de campeão.
Ora, obviamente só os clubes campeões foram afetados, particularmente o campeoníssimo Club de Regatas Vasco da Gama, ao passo que os clubes inexpressivos foram os únicos beneficiados. Foi assim, através dessa manobra suja, que o C.R Flamengo pôde em 1916, depois de mais de uma década e meia de fundação, ser pela primeira vez campeão de remo.)
Depois com o futebol vem a conhecida história dos clubes do Rio tentando tirar o Vasco do campeonato por não possuir estádio. Ganharam o maior da américa do sul em troca.
O Flamengo é uma elite podre, imunda, nefasta, canalha, que tenta sem impor a qualquer custo.

3. Os maiores êxitos do Flamengo:
Copa Libertadores de 1981: Roubado. http://www.youtube.com/watch?v=PwwXKwHm6BI
Campenato Brasileiro de 1982: Roubado. http://www.youtube.com/watch?v=68peqVs3XzA
Campeonato Brasileiro de 1987*: Sport. http://www.youtube.com/watch?v=LoPgicBY_is
Amistoso Toyota Interclubes de 1981**: Tosco.
Campeonato Brasileiro de 2009: Ridículo. Dois jogos entregues nas duas últimas rodadas. A prova empírica de que pontos corridos não são justos e o título cai no colo do Flamengo.

*Não me venha com o papo de segunda divisão. O América foi terceiro colocado em 1986 e disputou o módulo amarelo em 1987. Desde quando terceiro lugar é rebaixado? Só no maravilhoso mundo rubro-negro.
** Procurem o nome do goleiro do Liverpool neste jogo, Bruce Grobelaar e mais a palavra "escândalo" no google e vejam o número de negócios escusos que ele está metido.

4. O Flamengo e sua amizade com árbitros.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

A páscoa santista e o exemplo claro do motivo da decadência da humanidade

Hoje, a maioria do plantel de jogadores santistas se recusou a descer do seu bem equipado ônibus para prestar um ato de soliedaridade e carinho a crianças vítimas de paralisia cerebral. Eu desprezo a atual equipe do Santos, não admiro seu estilo de jogo e não gosto dos seus repectivos jogadores, mas deixemos isso de lado. O que eu quero expressar aqui é minha profunda consternação perante a atitude deles como seres humanos.
É mais do que lamentável que esses cidadãos se neguem a alegrar a já sofrida vida dessas crianças, apenas porque o centro que presta auxílio a estas seja uma casa espírita e os jogadores de futebol evangélicos. Pra início de conversa, é uma conduta asquerosa de intolerância e desrespeito brutais. Uma diferença de crença é o suficiente para deixar crianças a ver navios e decepciona-las imensamente. Isso é uma prova cabal de que esses boçais não compreendem a própria religião. Afinal, supomos sempre que qualquer religião pregue a tolerância, a paz e o convívio amistoso. A superação das diferenças. Senão, isso não é uma religião e merece ser extirpada do seio da sociedade como um tumor maligno. Sinceramente, não consigo conceber o que se passa na mente diminuta e restrita destes imbecis, pressupondo que algo se passo nelas. Isso ilustra bem o momento sem referências, hipócrita e inócuo vivido pela sociedade. Caso perguntados sobre a situação no oriente médio, a qual eles evidentemente devem desconhecer, eles provavelmente fariam coro a que todos somos humanos, não deveria haver preconceitos e apoiariam o abraço faterno que selaria o fim das diferenças entre Israelenses e Palestinos. Entretanto, em suas próprias vidas ordinárias e superficiais, não colocam as idéias básicas de humanismo e denegam amparo a crianças, conterrâneas e doentes, pelo simples discordar do caráter da instituição que as abriga. Estes idiotas vazios, incapazes de agir com o mínimo de integridade ganham salários milionários e são saudados pelas massas para se preocupar em decidir pra qual lado vai rebolar aquela cintura fina na próxima comemoração babaca de gol.
É triste comprovar que eles, infelizmente, não são exceções. São somente mais um reflexo do desvio moral e da fraqueza de idéias e caráter que atinge a toda a sociedade. São todos escravos da própria ignorância. O que a opinião pública pode levar de lição dessa história toda é que, antes de se preocupar em resolver as questões globais de discordâncias e guerras centenárias, tem que começar a criar uma solidez moral para agir corretamente no seu dia a dia. Não adianta querer limpar o mundo tudo se o teu próprio quarto está sujo.


Shit. Just do it.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Heleno de Freitas, novo ídolo




Ao me deparar por acaso com a informação de que Heleno de Freitas foi aluno do São Bento e formado em Ciências Jurídicas e Socias pela UFRJ, me senti imediatamente supreendido por um jogador lá dos anos 40 ter essa excelente formação acadêmica e ser lembrado pelas suas atitudes temperamentais e futebol de alta qualidade. Senti-me instigado a procurar mais informações sobre a história desse jogador, que eu conhecia apenas algumas histórias interessantes superficialmente. Me deparei com uma infinidade de particulares que me geraram um fascínio instantâneo pela figura de Heleno de Freitas. Sua história é de um enredo épico grego, transposto ao cinema holywoodiano que explodia naqueles anos.
Pretendo começar o mais breve possível a ler o livro sobre ele e terminar esse post com mais base. Porém aqui vai uma história que demonstra bem o lado temperamental de Heleno:

"Um dos casos registrados, deu-se com um jogador argentino, chamado Valsechi. Após algumas tentativas de tabela, quando Heleno dava aquele passe "açucarado" e aguardava, logicamente, a devolução adequada da "tabela" tentada, não se aguentou ao ver outra bola que o Valsechi "devolvia" ao adversário, ao invés de seus pés. Parou em campo e enquanto a jogada prosseguia, ele simplesmente chegou-se ao gringo, dizendo:
"Veja nossas camisas. São iguais. Mesmas cores, preto e branco, mesmas listras verticais, mesmo escudo, calção preto, tudo igual, certo?
Valsechi, timidamente disse:"Si, cierto."
"Então, seu gringo idiota (já aos berros) POR QUE VOCE ESTÁ PASSANDO A BOLA PARA ELES, QUE TEM CAMISA VERDE E VERMELHA???"

Eis meu texto apresentação, após ler o excelente livro sobre a vida dele, pra todos conhecerem o básico sobre Heleno:

Heleno se destacava tanto dentro quanto fora de campo. Sua habilidade e técnica apuradas juntamente à sua cabeçada fulminante resultavam em gols que o consagravam, no gramado, como um dos maiores ídolos cariocas da era pré Maracanã. Seu comportamento intempestivo, facilmente irritadiço e chegando até a arrogância e prepotência que lhe rendia diversas suspensões e expulsões, também gerou a alcunha (que ele odiava) de “Gilda”, nome da personagem da bela Rita Hayworth no filme homônimo de 1946. Gilda tinha todas as características de Heleno, linda, rica e cheia de vontades. Além de se sobrepor dentro de campo, Heleno se diferenciava fora. Durante os primeiros passos do profissionalismo no Brasil, a maioria dos jogadores eram menos favorecidos, que só sabiam chutar a bola e disso dependiam para sobreviver. Já o mineiro Heleno, que veio morar em Copacabana ainda criança, estudou no tradicional colégio São Bento e formou-se mais tarde em direito. Fato que o deixava sempre mais próximo de dirigentes, jogando xadrez e conversando sobre política, do que dos próprios companheiros de time.
Levado ao Botafogo por Neném Prancha, que o descobrira na praia de Copacabana, Heleno se destacou nos juvenis ainda jogando como zagueiro. Só viraria atacante durante passagem pela equipe amadora do Fluminense, saindo de lá brigado com o técnico e já tido como de temperamento incorrigível, alguém cujo perfeccionismo cruel que o levava a desmoralizar e humilhar os colegas de equipe durante a partida quando estes erravam um passe ou perdiam um gol após uma assistência perfeita sua. Voltando o Botafogo, clube no qual jogou a maior parte da sua carreira, de 1937 até 1948. Porém, sem ganhar nenhum título (o que não chega a ser surpreendente). Em 1947, após o Botafogo terminar na segunda colocação pela terceira vez consecutiva, perdendo o título deste ano para o Vasco, Heleno desabafou: “Estou farto de ser vice campeão”. Após inúmeras discussões no elenco, o clima para Heleno em General Severiano ficara quase insustentável. O Boca Juniors que passava por uma fase terrível no campeonato argentino veio ao Brasil com a missão de voltar com um ídolo para sua torcida. Heleno desembarca na Argentina com status de salvador de pátria e grande craque brasileiro, reputação conquistada após sua brilhante atuação na Copa Rio Branco, disputada naquele país em 1946. A estréia de Heleno chega a corroborar com essas grandes expectativas, marcando dois gols na vitória por 3 a 0 sobre o Banfield. No entanto, o que se seguiu pelos meses seguintes foi um Heleno irritado com sua superexposição midiática e em guerra com os companheiros de time. Um ano depois, ele voltaria ao Brasil. Desta vez, para vestir a vitoriosa camisa do Vasco e esquentar ainda mais a caldeira do expresso da vitória, que já estava em plena velocidade. Ganharia em São Januário seu primeiro título, o campeonato carioca de 1949. O terceiro título invicto do Vasco nos últimos cinco anos. De São Januário, partiu com destino a Medellín a fim de jogar na pirata e milionária liga colombina que contava, dentre outros, com Di Stefano. Ao retornar ao Brasil, Heleno tenta uma nova chance no Vasco, porém era desafeto do treinador Flávio Costa, que o recebeu da forma mais hostil possível. Heleno, já demonstrando os sinais da insanidade que o enterraria em menos de dez anos, sacou um minúsculo revólver e apontou para o treinador vascaíno, que fora da polícia especial e desarmou o atacante com facilidade, ainda lhe dando uns murros. Heleno saia pela última vez de São Januário. Foram 24 jogos e 19 gols com a camisa cruzmaltina.
O que se seguiu foi a derrocada vertiginosa da carreira do ex-craque. Rejeitado pelos clubes por seu temperamento irascível, fez sua estréia no Maracanã com a camisa do América em 1951. Irreconhecível e expulso por brigar com seus companheiros de time ainda no primeiro tempo. Talvez derradeiro sinal de que já não estava saudável mentalmente e que sua natural excentricidade e irritação já haviam extrapolado irremediavelmente para a insanidade. Foi esta sua despedida do futebol. Os anos seguintes cheirariam a éter e pobreza.
Na seleção Brasileira, nunca teve a oportunidade de disputar uma copa do mundo. Enquanto ele estava no auge, o planeta estava muito ocupado se matando na segunda guerra mundial. Não sobrava tempo para a alegria do futebol em um mundo que se autodestruía em explosões. Na fatídica copa de 50, Heleno foi preterido por Flávio Costa, chegou a declarar à época que com ele no comando do ataque brasileiro, o Maracanazzo não ocorreria. Mas esse fato ficará apenas guardado em sonhos e suposições, o destino não permitiu que as 18 partidas e os 14 gols que Heleno marcou com a camisa do Brasil fossem durante a mais importante competição futebolística.
Heleno terminou seus dias da maneira oposta a que os seus fãs acostumaram-se a vê-lo. Seu ágil e admirável corpo agora jazia entravado na cama de um hospício. Sua fala elaborada agora se resumia a grunhidos. Passou os últimos cinco anos de sua vida sendo corroído pela loucura que a sífilis entranhou em seus nervos. Não havia mais lembranças do excepcional jogador que fazia multidões gritarem seu nome extasiados por sua genialidade em campo. Não havia resquício do advogado boêmio que passava as noites a se divertir no cassino da Urca. O pouco que restava era um corpo deformado, inoperante e entregue a loucura. Heleno morreu em 8 de novembro de 1959, aos 39 anos. Já sem ser Heleno.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Fragmentos I

E você acredita piamente que todos os homens pensam? Que já é intrínseco a eles a intelecção?
Pois eu não apostaria nisso. Quando vejo os olhos da maioria das pessoas, enxergo as janelas de grandes galpões vazios, onde ecoam os risos ignóbeis de que baba a vida. São olhares insossos que nada expressam. Nem contemplação, ponderação ou sequer curiosidade. Tudo passa despercebido e lá permanecem assim como entram. Sem qualquer mistério. A mera existência vã circundada de espetáculos ordinários.
A miséria povoa a maioria de nós, mesmo após séculos do pretenso renascimento. Só alguns renasceram. A multidão ainda perece em antros tão obscuros quanto sempre foram.

quarta-feira, 10 de março de 2010

La Máquina ou O Danubio azul parte III

O Danubio estava em crise. O elenco não conseguia se impor nem no campeonato Uruguaio. o bicampeonato veio graças a um adversário sem tradição na final. A última participação na libertadores parou numa mera oitava de final.
Era necessária uma reformulação no elenco. Me livrei de jogadores idosos e fiz contratações cirurgicas para as áreas mais fracas do time. Acho que finalmente consegui montar um plantel realmente forte. Ganhei o apertura, porém sem muito brilho apesar da vantagem de cinco pontos para o adversário.
E então ousei. Como tenho quatro atacantes de qualidade, decidi optar pela primeira vez por uma tática com três atacantes. Coloquei o Recoba e Gallegos pra esquentar o banco. Sinceramente, achei que o esquema não daria certo porque faltaria uma ligação entre meio-campo e ataque devido a ausência de um meia de criação. Ledo engano, a função de avançado recuado de Viudez consegue preencher o espaço junto com as chegadas dos meias Rodríguez e Grossmuller. E qualquer coisa eu tenho meias criativos no banco mesmo. Outra preocupação era uma possível vulnerabilidade da defesa porque com menos homens no meio campo eu perderia a disputa de bola na maioria das vezes. Outro engano, já que nos nove jogos que eu joguei com essa formação, tomei apenas um gol.

Essa é a responsável por um resurgimento moral e artístico do Danubio. O time tá copero y peleador. Eu faço um ou dois gols, dependendo da dificuldade do jogo e espero dar meados do segundo tempo para tirar um dos atacantes de colocar um volante, de preferência do Meléndez para jogar totalmente defensivo e segurar de vez. E tem dado certo, não sofri surpresas desagradáveis em nenhum jogo. Meu time sabe como praticar o milenar anti-jogo inerente a Libertadores.
Sem mais delongas analíticas, vamos aos resultados. No campeonato uruguaio, que encontra-se na metade, meu time já abriu cinco pontos de diferença pro segundo lugar. Pelo visto não será necessária a partida final. Ao que parece ganharei tanto o apertura quanto o clausura. Ótimo, férias mais cedo.

Copa Libertadores

Fui sorteado no grupo G ao lado de Deportivo Táchira, Universidad San Martin e São Paulo. A estréia foi na Venezuela contra os locais (Deportivo Táchira para os leigos) e vitória por 2 a 1 um pouco mais difícil do que eu esperava.
O segundo jogo foi contra o São Paulo em casa. Guardo rancor dos brasileiros por causa do Cruzeiro na última edição, mas dessa vez a minha vingança veio numa falta cobrada pelo Rodríguez que o Miranda desviou e morreu nas redes. Ganhei de 1 a 0, poderia ser mais até. Os paulistas não apresentaram perigo algum.
Depois de chutar paulistas, chega a vez dos peruanos do San Martín. Um jogo terrível e medonho ocorreu na altitude peruana e acabou em um fraco 0 a 0. Vale ressaltar que o meu time deve ser o único da história que joga com três atacantes e é garantido pela zaga que raramente toma gols. Ironias da vida.
Nos meus domínios, recebo o mesmo San Martín e me rendo a velha máxima de que não existe mais time bobo no futebol. Os malditos peruanos se seguraram de tudo quanto é jeito e arrancaram um empate em 1 a 1 porque o retardado do Grossmuller fez um penalti imbecil. Estou puto, a sorte é que o São Paulo empatou com o Deportivo Táchira na Venezuela e eu continuo na liderança do grupo com 8 pontos, 3 a mais que os desgraçados brasileños.
Por falar em brasileiros desgraçados, é contra o São Paulo no Morumbi o novo desafio. Jogo parelho, eu não fui defensivo porque queria testar os limites do time. Tudo muito equilibrado até o São Paulo fazer um numa bobeira. Em resposta, coloquei o time mais pra frente ainda e tomei outro de contra-ataque. Quando ativei a retranca, nada mais aconteceu no jogo e acabou com a minha derrota por 2 a 0. A primeira nos últimos 19 jogos. Embriagado pela conquista antecipada do terceiro título uruguaio e a derrota do São Paulo ante o San Martín no Peru (evitarei piadas sobre o São Paulo cair no Peru), meu time está a um empate em casa contra o Deportivo Táchira de garantir a primeira colocação do grupo. Vitória por 2 a 0. O time criou diversas oportunidades, podia ter sido mais. Raramente fomos importunados e as expectativas devidamente sanadas, vamos para as oitavas!



Oitavas de Final

Colo Colo 1 x 2 Danubio
Local: Monumental, Santiago - Chile
Colo Colo: Munõz; Rojas, Cereceda, Mena e Gonzalez; Caroca (Miralles) Salcedo, Macnelly Torres, Sanhueza (Silva) e Carvalho; Noir (Rojas) e Marín.
Danubio: Conde; Gunino, Silva, Fernandez e Pablo Lima; Victor Cáceres, Rodríguez (Ciurlizza), Grossmuller; Gallegos (Meléndez), Balsas e Sebastián Pinto.
Gols: Rodríguez 19' 0-1; Balsas 66' 0-2 e Rojas 69' 1-2
O jogo: Time jogou muito. Abrimos dois a zero e tomamos um gol logo depois do nosso segundo porque eu demorei pra recuar o time. Os últimos minutos foram marcados por uma tentativa de pressão por parte do Colo Colo, o time sobe segurar bem.

Danubio 2 x 1 Colo Colo
Local: Jardines del Hipodromo, Montevidéu - Uruguai
Danúbio: Conde; Gunino, Silva, Fernandez e Pablo Lima; Victor Cáceres, Ciurlizza, Grossmuller; Gallegos (Meléndez), Balsas e Sebastián Pinto.
Colo Colo: Munõz; Vitale, Cereceda (Aranguíz), Mena e Gonzalez; Henríquez Salcedo, Macnelly Torres, Sanhueza (Silva) e Carvalho; Noir (Gazale) e Miralles.
Gols: Ciurlizza 21' 1-0; Cereceda 25' 1-1 e Silva 62' 2-1
O jogo: Tranquilidade. Abrimos com um gol logo de início, belíssimo chute da cirugica contratação de última hora Marco Ciurlizza. Tomamos um gol logo depois num lapso de desatenção e levamos o jogo no toque de bola e na conteção. Não chegou a ser sofrido, merecemos e fomos superiores todos os 180 minutos.

Quartas de final

Danubio 2 x 0 Palmeiras
Local: Jardines del Hipodromo, Montevidéu - Uruguai
Danubio: Conde; Gunino, Silva, Fernandez e Pablo Lima; Victor Cáceres, Rodríguez, Grossmuller; Gallegos (Meléndez), Balsas e Sebastián Pinto.
Palmeiras: Bruno; Wendell, Armero (Gabriel Silva), Maurício Ramos e Maurício; Pierre, Souza (William), Cleiton Xavier e Diego Souza (Sandro Silva); Robert e Lenny.
Gols: Balsas 6' 1-0 e Pinto 39' 2-0
O jogo: Ganhar é bom, ganhar de brasileiro é melhor ainda! Admito que estava apreensivo (eufemismo para estar com o cu na mão) quanto a enfrentar um maldito brasileiro e sua economia e moedas cinco vezes mais fortes que as minhas. Contra o São Paulo tinha sido difícil, esperava também grande dificuldade contra o Palmeiras. O grande objetivo era evitar tomar gol em casa, porque isso podia foder com a minha vida seriamente. Fizemos um logo de cara com o Balsas e após o êxtase da comemoração pensei: "eles vão vir pra cima, fodeu". Porra nenhuma, as chances esporádicas que eles criavam não eram o bastante pra furar minha defesa de titânio. O time tocava a bola com inteligencia e precisão e seguia criando chances. No fim do primeiro tempo, Sebastián Pinto, matador, faz o dele e nos deixa confortáveis. E digo mais, ousei. Continuei com meus três homens de frente com o apoio do Grossmuller e do Rodríguez pro segundo tempo. Os desgraçados brasileiros, dependendo da velocidade do Lenny Kravitz contra a força da minha zaga pra criar alguma coisa, prosseguiam sendo envolvidos pelo meu toque de bola. Jogo equilibrado. E pra não abusar da sorte, aos 30 do segundo tempo entrou o Meléndez pra fechar de vez e mostrar quem manda no meio campo. Eles tentaram mais na base do abafa do que com criatividade. E na vontade ninguém ganha de mim. Construímos uma excelente vantagem, nos vemos en Brasil.

Palmeiras 0 x 1 Danubio
Local: Palestra Itália, São Paulo - Brasil
Palmeiras: Bruno; Wendell, Armero, Maurício Ramos e Maurício; Pierre, Souza, Cleiton Xavier e Diego Souza (Sandro Silva); Robert e Lenny.
Danubio: Conde; Gunino, Silva, Fernandez e Pablo Lima; Victor Cáceres, Rodríguez, Grossmuller; Gallegos, Balsas e Sebastián Pinto.
Gols: Pinto 21' 0-1.
O jogo: Só digo que nem precisei apelar pra retranca em nenhum momento, fui muito acima deles. Não criaram quase nada e fizemos um jogo equilibrado, nem parecia que eu tinha a vantagem. Durante todo o jogo eu não assumi postura defensiva e eles não me pressionaram. Foram inferiores ao Colo Colo e nem me deram muito trabalho.

Semifinais

Danubio 1 x 0 Flamengo
Local: Jardines del Hipodromo, Montevidéu - Uruguai
Danubio: Conde; Gunino, Silva, Fernandez e Pablo Lima; Victor Cáceres, Rodríguez, Grossmuller; Viudez (Meléndez), Balsas e Sebastián Pinto.
Flamengo: Bruno; Danilo Silva, Welington, Thiago Sales e Juan; Airton, Willians, Bruno Paulo (Camacho) e Vander (Erick Flores); Bruno Mezenga (Paulo Sérgio) e Adriano.
Gols: Pinto 66' 1-0
O jogo: Tenso. Se ganhar de brasileiro é ótimo, ganhar de flamenguista é inexplicável. Já imagino minha esquadra de uruguaios calando a boca daquela torcida suja no Maracanã. Jogo mais no meio campo, eles chegavam na velocidade do Paulo Sérgio e eu chegava no toque de bola. Tudo extremamente parelho e se encaminhando pra um empate quando o Sebastián Pinto fez o gol que dá a vantagem ao Danubio no jogo da volta. Será uma guerra. Espero que mais um brasileiro caia morto aos meus pés.

Flamengo 0 x 0 Danubio
Local: Maracanã, Rio de Janeiro - Brasil
Flamengo: Bruno; Danilo Silva (Lucas Galdino), Welington, Thiago Sales (Juninho) e Juan; Airton, Willians, Erick Flores e Vander; Bruno Mezenga (Bruno Paulo) e Adriano.
Danubio: Conde; Gunino, Silva, Fernandez e Pablo Lima; Victor Cáceres, Rodríguez, Grossmuller; Gallegos (Meléndez), Balsas e Sebastián Pinto.
O jogo: Puta merda... coloquei três bolas na trave. Duas no primeiro tempo e uma nos acréscimos. O Adriano cabeceou duas na trave nos acréscimos. O meu time criou muito mais chances que o Flamengo durante o jogo. Numa expulsão do lateral direito deles aos 75min tudo parecia que ia ficar mais fácil e eu recuei o time pra segurar o traiçoeiro e perigoso 0 a 0. Pra que... foi um sufoco do caralho. Mas o resultado foi justo sim, fui mais time que os imundos durante o jogo todo. Agora a missão está mais que cumprida. Abaixo o sucinto texto do FM que ratifica meus comentários sobre o jogo. Destaque para o número de torcedores que sairam chorando do Maracanã.


Final

Boca Juniors 0 x 0 Danubio
Local: La bombonera, Buenos Aires - Argentina
Boca: Migliore; Ayala, Cahais, Manzur (Roberto) e Monzón; Medel, Benavídez, Riquelme e Graciám (Roncaglia); Pratto (Claudio Pitbull) e Viatri.
Danubio: Danubio: Conde; Gunino, Silva, Fernandez e Pablo Lima; Victor Cáceres, Rodríguez, Grossmuller; Gallegos (Meléndez), Balsas e Sebastián Pinto.
O jogo: Foi um jogo ruim. Eles tentaram cruzar bolas pra área mas não deu em nada. Conde fez uma ou duas boas defesas e eu quase não cheguei ao ataque, muito menos criei perigo. Mas tá bom, vou decidir em casa. Lembrando que não tem caô com gols fora de casa na final, então tá tranquilo. A nota triste é a contusão de Victor Cáceres, o volante de ouro. Provalvemente darei a vaga a experiência e malícia de Rodrigo Meléndez.

Danubio 2 x 1 Boca Juniors
Local: Jardines del Hipodromo, Montevidéu - Uruguai
Danubio: Danubio: Conde; Gunino, Silva, Fernandez e Pablo Lima; Meléndez, Rodríguez, Grossmuller (Porras) ; Gallegos (Recoba), Balsas (Ciurlizza) e Sebastián Pinto.
Boca: Migliore; Ayala, Cahais, Manzur e Monzón; Medel, Battaglia (Roberto), Riquelme (Gracián) e Benavídez; Pratto e Viatri (Claudio Pitbull).
Gols: Monzón 28' 0-1; Andrés Fernandéz 38' 1-1 e Recoba 99' 2-1.
O jogo: Exatamente o oposto do primeiro. Os dois times criando chances o tempo todo, tocando bola, atacando. Eles abriram o placar com um chutaço do Monzón de fora área (já que não conseguiam entrar nela). Dez minutos depois penalti do héroi do título, Medel, volante do Boca. O zagueirão Fernandéz bateu e empatou. A partir daí chances esporádicas dos dois times e prorrogação. O técnico tira o jovem e virgem Gallegos e aposta no veterano e iluminado Álvaro Recoba. Mais um penalti cometido pelo Medel e Recoba põe a bola na marca e vira o jogo!
A partir desse momento, eu coloquei o time todo dentro do gol e esperei o tempo passar. O Boca só criou mais um ataque ineficiente e o título fica no uruguai! Quero dedicar esse título a Recoba e Schiavi que irão se aposentar após esse jogo.


Danubio, campeão da Copa Libertadores 2012.