quarta-feira, 20 de abril de 2011

Libertadores, una mariposa traicionera

"Eres como una mariposa
vuelas y te posas vas de boca en boca
facil y ligera de quien te provoca

Yo soy raton de tu ratonera
trampa que no mata pero no libera
vivo muriendo prisionero
Mariposa traicionera
todo se lo lleva el viento"


Uma musa encantadora, irresistível, estonteante. Te atrai como o canto de Iara, hipnótico e inerme, direto para a escuridão das profundezas soturnas e macabras dos rios. O rio de lágrimas chilenas em que o Colo Colo foi aprisionado na noite de hoje, mais uma dessas perfídias armadilhas da libertadores. Dilacera o coração ver o dorso forte e os braços torneados de Scotti serem a propagação da profunda tristeza.
Novamente a libertadores mostra seu lado mais cruel. Rasgando sonhos como se fossem folhas de papel molhado, transformando a ilusões em chicotes que deixar as mais sangrentas e pulsantes feridas na alma. O que se aprende a cada libertadores é o mesmo braço que acalenta e dá a fora, é o que enforca até a última partícula de oxigênio se exaurir do corpo. A mão que acaricia é a mesma que apedreja. A libertadores dá e tira de acordo com seus caprichos. As emoções mais intensas são apenas joguetes para os Deuses sulamericanos, a lógica nunca prevalece.
Mas também não devemos culpar somente as desventuras da libertadores. O Colo Colo colheu o que plantou, dispensar um homem com as qualidades metafísicas, cosmológicas e esotéricas de Rodrigo Meléndez é dar um tiro no pé. Com a malandragem indígena de cinco milênios, a história poderia ser diferente. A libertadores condecora seus ídolos com toda a gloria e honraria, já pôs Cabañas, Cevallos e Schiavi sacrossantos em seus santuários revestidos com a prata pura de potosí e o reluzente ouro de Cusco. A marcação abutre poderia evitar o desastre.

Entretanto, nem tudo é dor no reino latinoamericano. A libertadores escreve por linhas tortas, o time do Cerro é porradeiro, já demonstrou isso inúmeras vezes. Capitaneados por Nani, Barreto e Villarreal podem dar alegria aos latinos. O gol de Oberman contra o Fluminense é prova de que a libertadores não se cansa de aprontar. O rebote improvável, o desvio oportuno e a bola subindo e descendo como uma estrela cadente por cima do goleiro brasileiro.
Às vezes ela machuca, outras ela alegra. Talvez seja por isso que todos nós a amamos.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

A Pureza de um Menino: Juan Ignacio Mercier

I. A infância

Juan Ignacio Mercier nasceu numa pequena cidade no interior da argentina, na casa de uma família de descendência francesa que havia se enraizado na Argentina já há mais de cinquenta anos. A casa dos Mercier era uma movimentada, o pequeno Mercier cresceu em um ambiente que exalava cultura e arte, os vizinhos costumam chamar a antiga mansão Mercier de "Museu cultural" e "Louvre porteño". O pequeno Mercier desde cedo mostrou interesse e aptidão para livros,vivendo na biblioteca do avô, onde aos 5 anos havia lido Sartre, Robespierre, Vitor Hugo e Balzac em francês. Porém, o que mais encantou o jovem Mercier foram as fábulas de La Fontaine. Mercier se emocionava lendo e relendo histórias encantadoras como "A lebre e a tartaruga".


Verón se desequilibra tentando dominar a bola e Mercier, sempre gentil, tenta equilibra-lo esticando seu pé para servir de apoio.

Mercier sempre foi um garoto tímido, admirador de livros e filmes. Um fato da infância que a Sra. Mercier, mãe do jogador recorda com detalhes, se deu quando ele tinha apenas 11 meses e aprendendo a falar balbuciou para a mãe: "Maman j'ai faim. Pourriez-vous s'il vous plaît donner un peu de nourriture pour moi?", já demonstrando a gentileza e a polidez, seus traços marcantes até hoje, desde a mais tenra idade. "Ele nunca chorou" recorda a mãe "Sempre pedia as coisas da maneira mais gentil possível".
Enquanto não estava lendo livros, Mercier costumava assistir filmes de romance ou com animais. Bud 5 e os 101 dálmatas eram uns dos seus favoritos. Ele nunca gostou de filmes de guerra e terror, diz ele "Com tantas coisas belas para mostrar no mundo, tantos animais, as flores, o sol se pondo na praia, as crianças brincando com os cachorros... não sei porque assistir um filme que só mostra coisas horríveis, coisas tristes que não deveriam existir". O filme que mais marcou a vida de Mercier foi "A Felicidade Não se Compra" de Frank Capra. "Chorei até soluçar, é uma história linda, passa uma mensagem tão harmoniosa e positiva", fala o emocionado jogador.
Mas aos 14 anos, acontece uma coisa na vida do pacato e instrospectivo Mercier. Ele passa por um campinho onde garotos jogavam futebol. Ele nunca se interessou por esse esporte porque sempre via as pessoas se ofendendo e agredindo-se, nunca havia passado pela cabeça dele participar de algo tão rústico, violento e feroz. Porém, havia algo de diferente neste dia. Um garoto careca de cavanhaque estava jogando. Era um menino novo na vizinhança, ninguém o conhecia muito bem. As meninas já se derretiam por aquele forasteiro de cavanhaque, mas Mercier nunca havia o visto. Ele parou para olhar o rapaz que conduzia a bola como um lorde, ereto, de cabeça erguida e com utileza, precisão e habilidade extremas. Neste momento Mercier ficou estático, de olhos arregalados, observando aquele homem flutuar pelo gramado como um albatroz branco sob as aguas cristalinas do mar báltico iluminado pelo sol da manhã. Era como se ele jogando recitasse as mais belas poesias, tocasse as mais formosas sinfonias. Mercier não deve dúvidas de que era aquela arte que ele queria fazer, juntar todas as mais belas formas de expressão do sentimento humano no movimento de seu corpo com a bola nos pés. O nome daquele menino de cavanhaque era Juan Sebastián Verón.
A partir daí, Mercier entrou no mundo do futebol. Ele começou a fazer arte no ambiente bruto e a tecer as mais formosas manifestações de beleza pelos gramados. Logo chamou a atenção de quem jogava naquele campinho humilde na esquina das ruas 25 de Mayo e San Martín o comportamento daquele rapaz em campo. Ele pedir licença aos adversários antes de desarma-los e se relacionava tanto com seus companheiros quanto com seus adversários sempre com cortesia e respeito. Enquanto os outro jogadores gritavam: "Toca a bola, porra!" Mercier dizia com uma voz leve e terna: "Por obséquio, você poderia fazer a gentileza de passar a bola para nossos companheiros?". E assim, com nobreza ele ia conquistando cada vez mais espaço, até se tornar um dos melhores jogadores do bairro.

Mercier dando carinho e apoio ao seu companheiro que tinha acabado de desperdiçar um pênalti: "Calma, tudo bem. Acontece, você é forte e vai superar" dizia ele


II. A adolescência, o primeiro amor e a viagem a França

Ganhando o respeito e a admiração de todos, Mercier conquistou mais uma coisa. A mais importante das coisas que ele poderia conquistar: o coração da bela Consuelo. Mercier conta de como foi seu primeiro contato com a jovem: "Quando o primeiro tempo acabou e eu ia me retirar do gramado eu a vi pela primeira vez. Tinha olhos tão puros, tão gentis...os cabelos balançavam ao vento como o cabelo do Miralles, de maneira tão delicada... Percebi que ela era uma garota especial". Devido a sua timidez e recato, Mercier guardou esse sentimento com ele durante algumas semanas. Todas as noites ele lia poesias e escutava canções de amor enquanto pensava no rosto de sua amada. Até que um dia, quis o destino que os dois se encontrassem numa floricultura. Consuelo foi ao encontro de Mercier e disse: "Você não é aquele rapaz que joga futebol como quem declama um poema?" ele, visivelmente encabulado respondeu: "É o que eu tento fazer. Levar ternura aos corações de quem me vê jogar". Nesse momento, Mercier entrega uma rosa vermelha a Consuelo e diz: "Mas os teus olhos castanhos irradiam mais ternura do que eu jamais poderei alcançar, doce Consuelo". E os dois saem de mãos dadas para passear pela praça.
Dois meses depois, acontece o momento mais belo desse relacionamento. Em uma noite de céu azul marinho, onde as estrelas iluminavam o céu com a luz imaculada que lhes é característica, após um jantar a luz e velas e alguns vinis do Barry White, Consuelo se entre a Mercier e os dois consomem fisicamente seu amor entre lençois brancos e o perfume de jasmin que os envolvia na cama. Consuelo sente as lágrimas de Mercier escorrendo lentamente pelo seu ombro e pergunta o que houve, Mercier diz que aquele foi o momento vai especial da vida dele, que ele vai guardar pra sempre aquela noite em seu coração.
Infelizmente a lua de mel tinha seus dias contatos. Poucas semanas depois, os pais de Mercier decidem o mandar para terminar seus estudos na França, Mercier discorda, dizendo que a "educação na Argentina é de um nível de excelência que dispensa a obrigatoriedade de uma especialização em outro país e que a felicidade dele mora na Argentina, onde ele tem o futebol e a Consuelo." No entanto, seu esforço e argumentos polidos foram em vão. Naquele chuvoso 12 de junho, Mercier embarcava para Paris. No avião, ainda tomado por um profunda tristeza por haver perdido as duas maiores satisfações de sua vida, Mercier volta a se apegar aos livros, lendo "Les fleurs du Mal" de Baudelaire. Ao chegar na cidade francesa, Mercier faz diversas faculdades incluindo pós-graduação em Etiqueta e boas maneiras, Doutorado em literatura francesa e latinoamericana, e também pequenos cursos sobre vinhos (chegando a se tornar inclusive um dos enólogos mais renomados da região de Bordeaux), bons modos à mesa, como ser portar extremamente respeitosas. Sua tese de doutorado entitulada: "Respeito, Gentileza e Cortesia, uma historiografia do comportamento educado do homem desde a era primitiva até a sociedade pós-industrial" rendeu elogios por acadêmicos respeitados em toda a europa, culminando em sua nomeação pro Prêmio Nobel da Gentileza, se juntando a nomes como Gandhi, Supernanny, Gloria Kallil Profeta Gentileza e Madre Teresa de Calcutá. Mas ainda havia uma lacuna em sua vida, apesar de todo o êxito como teórico do bom comportamento, ele sentia de deveria voltar para resgatar seu destino. Nos meses seguintes, Mercier trabalharia como consultor de boas maneiras, tendo como alunos toda a aristocracia inglesa, belga e austríaca enquanto programa seu retorno a américa do sul.


Mercier dando entrevista após receber o prêmio Nobel de educação por sua tese "Le respect, gentillesse et de courtoisie, une historiographie de la politesse des l'homme depuis les temps primitifs à la société post-industrielle"


III. A volta à Argentina e a consagração no futebol

Logo após receber o título de embaixado de boas maneiras e educação da ONU, Mercier decide que é hora de voltar a sua casa. A saudade da família e do futebol está grande demais para ser guardada em seu coração. Em sua volta, Mercier é recepcionado com grande alegria por todos que se surpreendem com a humildade intacta e o caráter irretocável do recém chegado. Numa tarde de sábado, enquanto tocava violino com a destreza que lhe é peculiar, Mercier um homem grisalho, trajando um terno que logo seria elogiado por Mercier graças a sua elegância, lhe faz um convite inesperado. Mercier recebia a proposta de ser jogador do Argentinos Juniors.
Visivelmente comovido com o que acabara de ouvir, Mercier pede um tempo para ponderar a proposta e agradece o interesse demonstrado.
Mercier procura Consuelo, mas descobre ela está casada com Jorge González, conhecido no bairro como Jorgito, e ainda por cima grávida. Foi um duro golpe para esse gentleman de coração sensível e alma pura. Ele chorou como Simba ao presenciar a morte de Mufasa e como Bruno Souza após o fatídico 3 a 0 do América do México capitaneado por Cabañas em pleno Maracanã. Era como se as cataratas lacrimais do Iguaçu jogassem por seus olhos e decantasse em rios de tristeza e dor. Nesse momento difícil, Mercier fraquejou e ignorou toda sua postura distinta e fina e disse palavras como "sacanagem", "meretriz" e a mais pesada "merda".
Para a felicidade de todos os apreciadores da arte, não tardou para Mercier dar a volta por cima e liderar a equipe do Argentinos Juniors ao título do apertura em 2007, com seu toque fino, cabeça erguida e a tradicional cortesia para exibir-se no gramado como um Cisne branco alçando vôo pelo céu azul da manhã.


Mercier estupefato ao ver um companheiro de time segurar o talher de maneira incorreta

Mercier subindo no alambrado para resgatar o gatinho preso e indefeso de uma doce e meiga criança

Mercier é um exemplo de civilidade para todos. Um homem que dedicou a sua vida ao esforço para compreender como se trata bem as pessoas e passar essa mensagem de polidez e cortesia a todos. Admirador de arte, sensível, bondoso e gentil. Alguém que se recusa a fazer sexo casual pois crê que o amor é algo especial que deve ser feito somente com a pessoa amada. Um homem que se ofende e se revolta quando algum outro homem trata alguma mulher como mero objeto de prazer, porque segundo ele, a mulher tem a dádiva de dar a vida e isso tem por isso tem que ser respeitadas e amadas, tratadas com carinho, compreensão e generosidade sempre. Jamais relegadas a fontes de prazer.
Mercier é daqueles que os olhos se enchem de lágrimas ao ler um livro de romance antes de dormir, um homem sensível que se sorri ao ver o olhar puro e o abanar de rabo honesto de um cachorro. Que distribui flores aos seus entes queridos, abre a porta do carro para as pessoas entrarem e sempre está disposto a ajudar.
Agora o principal objetivo deste honrado gentleman é conduzir a equipe do Argentinos Juniors ao título da libertadores, jogando com seus toques mais refinados que pratos franceses e mais esplendorosos que os quadros renascentistas. Com sua coluna ereta e cabeça erguida, planando como um sommelier em um restaurante chique, comandando todos com seus gestos sutis.
Fora das quatro linhas, ele criou a Fundação Mercier, um instituto que visa tirar jovens da rua e praticar uma política de inclusão social fundamentada em conhecimento de vinhos, quadros de Monet e esculturas de Rodin. Alguns dos seus alunos já fazem estágio no Louvre, onde recentemente foi inaugurada a Sala Juan Mercier, que já está repleta de obras marcantes do período romântico do séc. XVIII e é uma das mais visitadas do famoso museu francês.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Admirável Futebol Novo

Em um domingo nublado, num futuro não muito distante, dez mil pessoas vão se dirigindo ao mesmo lugar: A Arena Aluga-se. O complexo esportivo multi funcional passou a ser chamado assim porque o contrato de naming rights com a antiga empresa que patrocinava o local expirou fazem dois meses e o processo burocrático para firmar novo contrato ainda está em tramite.
Há muito tempo atrás essa arena era conhecida por algum nome relacionado ao clube, porém ninguém se lembra disso depois de trinta e sete empresas já terem batizado e rebatizado o lugar a cada fim de contrato ou aumento de proposta. Ninguém também poderia pesquisar sobre isso porque a documentação histórica se desfez em mofo e traças guardada após ser transferida para alguma sala subterrânea que servia também de depósito de objetos quebrados, quando um projeto de construção de cinemas e praça de alimentação demoliu o antigo Museu. Até hoje o discurso do Dono do clube na época, um árabe que ficou rico explorando minérios, está gravado numa placa de bronze: "História não gera renda, nosso clube precisa dar um passo a frente! Precisamos expandir nossos negócios para ganhar mais investidores." E uma chuva de aplausos glorificava as palavras do engravatado árabe. Apenas alguns velhos, irremediavelmente presos ao passado e incapazes de evoluir reclamaram na parte de fora, devidamente impedidos de entrar naquilo que agora era propriedade privada. Os mesmo que reclamaram quando o clube foi comprado, os mesmo que se oporam a todas as mudanças que fizeram do clube uma das referências mundiais.
Nessa tarde cinza de domingo, a arena Aluga-se vai receber o grande clássico local. Todos os jornais festejaram esse grande jogo durante a semana, o estonteante e quase increditável público de dez mil pessoas vai lotar a arena. Os torcedores em sua maioria trajados com a velha camisa do clube, lançada há três meses, esperam para ver a estréia do quarto uniforme contra o maior rival. Todos se sentam em poltronas reclináveis e ajustam os pequenos televisores para acompanhar cada frame dos replays. Em uníssono, alegre e harmoniosamente, cantam o nome do seu time e seus principais jogadores enquanto batem palminhas. É a festa máxima do futebol.
A torcida organizada e seus componentes sempre fanáticos, fazem um espetáculo esticando cachecóis com o nome e as cores do clube. O cenário para uma grande partida de futebol está armado.
Os times entram em campo, todos se abraçam e cumprimentam. A emoção toma conta de todos quando a bola começa a rolar. Até que o pior acontece, tomados por uma paixão incontrolável, o ambiente que há pouco tempo era sadio se torna um furacão de fúria. Torcedores locais começam a chamar o craque da outra equipe, um habilidoso camisa 74 que jogou nesse mesmo estádio como ídolo local há poucos dias, de "feio", "bobão" e "pastel". O juiz ameaça interromper a partida. Com certeza após ele relatar as ofensas na súmula, os torcedores ficarão sem assistir os jogos do seu time durante alguns meses.
Controlada essa confusão, esse péssimo exemplo para a sociedade e afronta a moral e bons costumes, a bola volta a ser a protagonista. E pouco depois, para a alegria da agora pacificada torcida da casa, o camisa 53, atacante matador abre o placar. Imediatamente ele vai direto consolar o goleiro e pedir desculpas por ter feito o gol, os adversários compreendem e num gesto de fair play lhe permite ir comemorar junto com seus companheiros de time. A torcida levanta e aplaude fervorosamente de pé, os mais exaltados até soltam gritos.
E no alto de uma colina, algumas centenas de metros distante, um velho homem observa tudo aquilo com os olhos flamejando indignação. Sua expressão é de tristeza. Ele sabe que a instituição que ele amava e tudo que ela significava acabou. Ele vê que o futebol não é mais um esporte. O futebol foi transformado num teatro lucrativo e normativo, como todas as coisas repugnantes da vida. Ele lembra que quando garoto o futebol lhe proveu os mais brilhantes sonhos, as maiores injeções de alegria e as maiores porradas de tristeza. Ele recorda que quando jovem, o futebol lhe servia como escape de um mundo errado, problemático, estressante e demasiado normativo. Na hora que a bola rolava e as cores do seu time estavam brilhando em seus olhos e cobrindo seu dorso, ele esquecia por 90 minutos e mais alguns acréscimos das pessoas morrendo em filas de hospitais, dos jornais mentirosos ávidos por poder e dinheiro, da inversão de valores patrocinada em todas as esquinas, da ditadura monetária, da hipocrisia e estupidez coletiva. O que antes era um lapso de libertação de todos os erros do mundo, agora é apenas mais um instrumento deles.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Fazendo pagode em cinco minutos com Lucas Gevartoski

Início: 4:06

Nessa noite escura de verão
Estou vivendo nessa solidão
Você machucou meu coração
Me usou depois me deixou na mão

Depois daquelas noites com estrelas
A gente tão feliz a se amar
Agora é tão difícil esquece-la
Porque você não volta pra tentar

Viver junto de comigo
Acabar de vez com esse castigo
Esquecer nossos problemas
Enterrar antigos dilemas

Eu prometo ser melhor meu bem
Te amar como nunca amei ninguém
Te fazer muito feliz
E ser o que você sempre quis!

Fim: 4:10

Receita pra você também fazer em casa:

- 2kg de dor de corno fresca
- 500g de rimas fáceis
- Um tablete de história de amor mal resolvida
- Desilusão a gosto.

Modo de preparar:

Primeiro pegue os dois quilos de dor de corno ainda fresca, sagrando, e coloque na panela. Organize-as em pequenas formas de adicione os quinhentos gramas de rimas fáceis. Se agradar o seu paladar, pode colocar uma ou duas pitadas de rimas elaboradas, isso fica a seu gosto. Porém se colocar demais, fica difícil de pessoas com grau de escolaridade fundamental cantar junto, então não é recomendável.
Após isso, corte o tablete de história de amor mal resolvida em pequenos pedaços e distribua pela massa de dor de corno ainda crua. Feito isso, pode refogar tudo em desilusão, desde os pequenos molhos só para dar um caldo até os molhos mais vigorosos, todos são bem aceitos em geral. Escolha pelo momento e pela desilusão disponível em casa.
Depois espere apodrecer e pode servir acompanhado de cavaquinho e pandeiro, faz muito sucesso no Brasil inteiro!

terça-feira, 22 de março de 2011

Tchubirabiron

Guimarães Rosa foi um dos mais importante escritores brasileiros de todos os tempos. A maioria dos seus contos e romances usavam o sertão como ambiente para o desenrolar das histórias. Outra marca de Guimarães Rosa é criação de diversos vocábulos, fazendo-se valer de seu notável conhecimento sintático e da simples e pura imaginação. Alguns exemplos disso são o termo "nonada", palavra de abertura do romance Grande Sertão: Veredas. Significa "coisa sem importância", e, segundo a autora do livro "O léxico de Guimarães Rosa", resulta da fusão de "non", do português arcaico, com "nada"; "suspirância" que designa suspiros repetidos e as mais criativas "enxadachim", termo empregado para designar um trabalhador do campo, que luta para sobrevive, palavra é formada por enxada e espadachim e embriagatinhar, neologismo de conotação humorística que serve para indicar qualquer um que esteja engatinhando de tão bêbado. Origina-se da fusão de embriagado e gatinhar.
Porém nem em seus momentos de maior inovação e parnasianismo, o autor de "Grande Sertão: Veredas" seria capaz de cunhar o termo: "Tchubirabiron".
Não, não se trata de algum discípulo moderno do escritor mineiro que em 1967 foi obrigado a parar de escrever por impossibilidade física (morreu de infarto). Na verdade, o autor desse vocábulo esdrúxulo permanece misterioso e provavelmente ainda não é membro da Academia Brasileira de Letras. Ele deve ser membro de alguma academia baiana, evidentemente que as que contém halteres na estante em vez de livros. Mas nos concentremos no intérprete que propaga essas palavras com uma emoção teatral, que levam aos mais desavisados a crerem estar diante de uma reinterpretação de uma tragédia de Sófocles tamanha a emoção contida na voz de Léo Santana ao regurgitar tchubirabiron.
Vamos nos concentrar nessa figura escrota que canta essa ode a estupidez humana. Vendo-se incapaz de fazer qualquer coisa de útil na sociedade, resta apenas uma opção para este cidadão: Malhar e rebolar. É a forma mais rústica e primitiva de ascensão social, no entanto, em pleno século XXI, mais de 200 anos após a revolução francesa, ainda é plenamente eficaz.
Vivemos em um mundo onde cantar Tchubirabiron rebolando com uma camisa regata e boné fosforescente dá fama e dinheiro. Pensem nisso.
Sobre o resto da canção, não cabe muitos comentários. É de uma simploriedade infantil, com uma estrofe que rima carnaval com legal e fazer com mexer. O resto é uma incessante e hipnótica repetição do famigerado verbete que ninguém sabe o que significa, tampouco de onde saiu, mas todos olham pra frente, seguram a cabeça e repetem.


Sendo bem sincero, eu fico até sem palavras para tentar elaborar mais algum pensamento sobre isso. Essa agressão ao cérebro é tão desprezível, patética, desprovida de sentido, inútil e podre que é difícil até pensar sobre isso. Só me resta pedir licença a Guimarães Rosa e criar um vocábulo para definir Léo Santana e sua obra: maxpotenretardo. O retardo em sua máxima potência.






*Esse post é dedicado a todos os retardados que pulam escutando isso atrás de trio elétrico, fazem coro a parvoíce do cantor, compram o cd, assistem na televisão e pedem na rádio. São vocês que alimentam essa merda. Se um cidadão que ousasse cantar isso fosse relegado da sociedade e tratado como um animal incapaz, o que deveria acontecer em um mundo correto e justo, isso não existiria.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Historitas de Buenos Aires

Historitas de Buenos Aires parte dos: Um taxista (miguel) que me levou pro estadio do Racing passou o carnaval de 19 72 no Rio. Disse que conversou com Vinicius de Moraes em ipanema. Vinicius foi embaixador do Brasil aqui na Argentina, ele tinha uma amiga em comum e essa amiga apresentou os dois. O taxista disse que era poeta também. A história dele é de cinema mas parece verdade. Ele sabia tudo com detalhes, quando eu disse que morava em copacabana ele falou "ah, es cerca de botafogo, donde me quede en Rio". Disse que na época 1 peso valia 8 cruzeiros, entao ele fez a festa. Comeu 28 mulheres em 21 dias no Brasil.
Depois ele me perguntou o nome de hombres que viram mulheres. Eu disse "travesti?" ele "é, isso! tienes muchos en brasil, no?" Aí comentamos que aumenta no mu ndo inteiro e ele disse: "Sabe porque? porque quem prova sempre quer mais! hahahahahah" eu ri e ise que prefiro as mulheres originais.

Uma lembrança para narra-la melhor assim que chegar.

(falou de Heloisa Pinheiro casando com o cara mais rico de Sao Paulo, dançou samba com Vinicius tocando violao, Urca, Gavea, Laranjeiras, Copabacana... travecos mais lindos que mulheres.)

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Os Pés Rosas

As chuteiras rosas de Diguinho simbolizam o início do Fluminense na Libertadores 2011. Um time que não tem a mínima cara de libertadores, algo que é facilmente explicado vide sua virgindade sulamericana. Os tricolores não souberam furar retranca, e como todos sabem a história comprova, quem não sabe furar retranca não vai a lugar nenhum em torneios sulamericanos.
Se analisarmos bem, constata-se que, na verdade, o Nacional deve lamentar esse empate. Sua proposta de jogo foi executada quase a perfeição, uma retranca maravilhosa, de manual, tomando forma por 9 guerreiros uruguaios se postando atrás da bola, eliminando todo e qualquer espaço que pudesse ser utilizado para ameaçar o gol uruguaio. O tri campeão mundial pecou apenas na hora de definir a partida, perdendo duas chances de gol que escreveriam na lápide tricolor a data de sua morte na competição.
Sobre o time do Fluminense, ele seguiu exatamente o que se esperava. A zaga mostrou todo o seu repertório de falhas, com destaque para as faltas estúpidas, os chutões de canela e a bisonha, patética e tragi-cômica furada de Leandro Eusébio, servindo numa bandeja de prata o gol que Santiago, o tanque desprovido de freio e habilidade, não teve a capacidade de deleitar. Um dos erros do Nacional no ataque que puseram em risco um jogo que estava sob controle. Sim, embora o Fluminense esboçasse uma pressão infrutífera e desorganizada, esse era o jogo que o Nacional arquitetou desde o início. Montar a ratoeira para os brasileiros, com sua habitual empáfia e tradicional desespero, mordessem a isca e tomassem um contra ataque. O Fluminense esteve nas mãos do Nacional durante os noventa minutos.



Agora falemos da protagonista do jogo: A retranca do Nacional. Uma defesa íntegra, firme e compacta é quase inabalável. E o que vimos foi uma aula representada pelos uruguaios do Nacional. Todas as vãs tentativas aflitas de pingar a bola na área eram prontamente rechaçadas. Os chutes de fora da área colidiam com os corpos adversários. Os rebotes eram anulados. E a sorte esteve sempre presente, rodando e protegendo o gol de Burián. Um lance emblemático, que traduz bem a simpatia ao zero zero foi o Coates, zagueiro de 19 anos mais maduro e sério que brasileiros de 30, segurou a bola na linha de fundo aos 33 do segundo tempo. É muita certeza do que quer, é muita frieza e confiança que a retranca pode superar a maior das tormentas e permanecer de pé ao mais tenebroso terremoto. Felizmente, o Fluminense não passou de uma brisa fresca de outono e, nos momentos de mais ímpeto, um vibrador com pilha fraca.
Quanto ao ataque tricolor, que sem Fred se reduz a nada, restou orar por um lapso de cagada de Rafael Moura ou algum milagre dos céus. Mas na libertadores, ao contrário de campeonato Brasileiro e Carioca, a incompetência dos arrogantes nunca é premiada. O Fluminense parece esperara que alguma bola resolva cair dentro do gol, que o adversário perca a tranquilidade ou quaisquer outra espécie de ajuda metafísica ou sonora, proveniente do apito. Alguém avise nas laranjeiras que Nacional não é Bangu e que Libertadores não é carioca.
O futuro aos Deuses da libertadores pertence. Mas não me arrisco em dizer que o Fluminense ficará na inércia das mãos de Ochoa, sofrerá os golpes dos chutes de Vuoso e, enfim, terminarão fervidos nos caldeirões do cone sul. E Diguinho, arrastará suas chuteiras rosas de volta ao Brasil, parar jogar contra Guaranis e Olarias, aonde sua frescura faz algum efeito.
A sorte sorriu ao Fluminense em 2008. Mas a mão que acaricia é a mesma que bate, a mão que dá o gol do Washington, é a mesma que segura os pênaltis de Conca e Thiago Neves. A libertadores já mostrou sua face mais perversa ao Fluminense e parece não ter mudado de rosto.
Nacional recompensado por seguir seu plano de jogo e o Fluminense derrotado por sua ingenuidade e limitação. Era como a gente imaginava mesmo.

Post dedicado ao companheiro La Gata, o único tricolor que tem a hombridade de reconhecer a mística da LDU e do eterno arqueiro Cevallos.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Brasil, esquentai vossos pandeiros!


Imaginem depois de seis meses de Rio de Janeiro?

Sim! Finalmente acabou a insuportável overdose de notícias e disse-me-disse sobre o destino de Ronaldinho Gaúcho. Chegou ao fim o tour gastronômico de Assis pelas churrascarias brasileiras, Brasil, esquentai vossos pandeiros, iluminai os Estádios que o Ronaldinho Gaúcho veio sambar. E veio sambar na gávea.
A grande questão é: Há muito o que comemorar? O que se pode exaltar dessa contratação? Que lição essa enfadonha novela pode trazer ao futebol brasileiro?
Desde o início, Assis controlou as negociações como um grande leiloeiro vende suas antiguidades. Martelo na mão, ouvidos atentos as propostas de cada mão que levanta após os brados de "Quem dá mais? Quem dá mais". Felizmente, a paciência dos clubes brasileiros uma hora acaba (depois de muito vexame, mas acaba) e orgulho, embora escasso, ainda brilha após um torrente de humilhações. A negocição se pautou inteiramente nas normas (ou na falta delas) do mundo moderno. O dinheiro grita e seduz, a palavra se dissipa assim que sai da boca de nada serve e nada vale. Não existe apelo de torcida, demonstração de carinho ou afeto. Isso nada compra e não se deposita, o fator determinante é pura e simplesmente o dinheiro. Se mente, volta atrás, acerta e depois desmente... tudo por um punhado de dólares a mais. A retirada de Grêmio e Palmeiras desse circo mostra que ainda há resquícios de bom senso no futebol e que nem todos estão dispostos a serem feitos de otário. A nota do Palmeiras é muito feliz e esclarecedora em alguns pontos, diz entre outras coisas que a contra-proposta feita por Assis já tinha sido aceita pelo Palmeiras, que a negociação transcorreu bem, porém "Qual não foi nossa surpresa ao ver pela imprensa que as negociações com outros clubes continuavam, apesar da palavra empenhada do senhor Roberto de Assis de que o jogador vestiria nossa camisa;
Por tudo isso, o Palmeiras faz questão de vir a público para enfatizar que jamais vai compactuar com esse tipo de comportamento." apesar de "Todas as cláusulas e valores pedidos pelo representante do atleta, neste período, foram 100% aceitas pelo Palmeiras e repassadas para a conclusão do negócio. As condições eram excepcionais, provavelmente as maiores do mercado brasileiro em todos os tempos. O empresário Assis afirmou ao Palmeiras que a transação estava fechada no dia 2 de janeiro. Desde então, foram várias respostas evasivas e tentativas frustradas de contato". O nome disso é má indole e falta de caráter. Enquanto Assis agia de maneira vil e anti-ética, chegando ao ponto de declarar que "Infelizmente existe o Milan na negociação", o Milan que paga os salários do seu atleta, confiou nele para vestir sua camisa e representar sua história, Ronaldinho Gaúcho, que supostamente é o interessado principal no assunto, estava indo a shows, tocando pagode e tirando fotos com diversas mulheres, sem dar ao menos uma declaração. Parece não se importar muito com o fato. Outra manifestação de seu profundo desinteresse quanto a carreira profissional é sua escolha, ou a escolha que deveria ser sua, quanto ao clube que defenderá. Não estou menosprezando a grandeza do Flamengo, todavia é inegável que disputar uma libertadores pelo time que o relevou, time o qual ele saiu brigado deixando apenas uma multa irrisória e amarga lembrança, deveria ser mais atraente para qualquer um. Afinal é a competição mais importante do continente na cidade em que ele nasceu. Contrariando as obviedades, Ronadinho vai jogar no Flamengo. Agora, saindo da parte logística da contratação, cabe refletir sobre o que acontecerá no gramado, o que é o mais importante (ao menos deveria ser).
Ronaldinho fará 31 anos em Março e vem em vertiginosa decadência há quase cinco anos. O curisoso é que nessa fase o jogador costuma viver o seu auge físico e técnico. Quanto ao físico do Ronaldinho, nem é preciso tecer muitos comentários. Não é sombra do que já foi, é frequentemente visto em festas tocando pandeiro e cavaquinho do que treinando pelas manhãs. Seu pulso anda mais exercitado que suas pernas. É inegável que sua qualidade técnica é muito acima da média, ele tem uma habilidade excepcional e foi um dos grandes jogadores do mundo em duas temporadas pelo Barcelona. O potencial é imenso, o profissionalismo e a vontade de explora-lo é escassa. Ronaldinho é rico, tem uma vasta legião de admiradores e a manifesta intenção de mídia de engradece-lo. A motivação parece inexistente desde os tempos de Barcelona. Graças ao nível técnico precário em terras brasileiras, não é difícil supor que Ronaldinho Gaúcho irá sobressair em diversos momentos. Não se deve esquecer no entanto que jogar sem se aguentar nas próprias pernas é capaz de afundar até o mais genial dos craques e esse é um desafio que o Flamengo terá que enfrentar. Com o Adriano o clube se mostrou incapaz de segurar suas estrelas, agora é a vez do Gaúcho.
No mais, a negociação em si comprova a tendência do futebol brasileiro nos últimos anos. Repatriar jogadores que já não despertam o mínimo interesse europeu e trata-los com craques indiscutíveis e grandes aquisições. Uma coisa é trazer o Romário melhor do mundo no auge em 95, outra coisa é trazer Ronaldinho Gaúcho gordo e reserva do Milan, que viu com bons olhos a chance de se livrar desse problema.
Todos se empolgam muito, surfando essa onda na mídia que insiste em vender seu próprio peixe envolto numa aura celestial. Quando, na verdade, é mais um que destituído da coroa européia, vem buscar um trono majestoso no Brasil. Espero que Ronaldinho dê errado, pois o exemplo da fanfarronice e falta de comprometimento não pode ganhar um ar glamuroso de vencedor, pois dessa maneira corre-se o risco de fabricarmos novos Robinhos, Ronaldinhos e "Neymars". Muita habilidade nos pés, pouca coisa na cabeça e uma imensa perda de talento.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O Grande Mestre

Enquanto um grupo de aproximadamente vinte fedelhos sozinhos numa sala de quinta série propagava pelos corredores urros de algazarra, gritos da anarquia mais absoluta, o caos reina numa sala sem professor. Guerras de giz, gargalhadas, batucadas inúteis e sem sentido na mesa, cadeira batendo e arrastando violentamente contra o chão... No meio desse cenário apocalíptico um estrondo se sobrepõe a soma de todos os outros barulhos. O estrondo de uma mão peluda abrindo a porta. Entra em sala uma figura de olhar profundo, barba por fazer, cabelos escassos e bagundaçados. Sua presença exala autoridade e de repente todo o caos cessa em um repouso pleno. Aquele vulto imponente diz com a expressão fechada: "Vocês são da quinta série não é? Vocês estão atrapalhando a minha aula. Ano que vem vocês serão meus e eu vou acabar com essa festa. Façam silêncio."
E assim começou uma jornada de sábios e inigualáveis ensinamentos.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Mamãe, eu faço comunicação

Eu poderia fazer igual a maioria dos jornalistas blogueiros. Eles escrevem em períodos curtos.

Frases esparsas e simplórias.

Passando a informação sem ter que esquentar muito a cabeça em como escrever.


Assim é fácil, qualquer um consegue.

É preciso quatro anos de faculdade pra fazer isso?

Fica especulando notícias e passa-las desta maneira?

Curioso.