quarta-feira, 20 de abril de 2011

Libertadores, una mariposa traicionera

"Eres como una mariposa
vuelas y te posas vas de boca en boca
facil y ligera de quien te provoca

Yo soy raton de tu ratonera
trampa que no mata pero no libera
vivo muriendo prisionero
Mariposa traicionera
todo se lo lleva el viento"


Uma musa encantadora, irresistível, estonteante. Te atrai como o canto de Iara, hipnótico e inerme, direto para a escuridão das profundezas soturnas e macabras dos rios. O rio de lágrimas chilenas em que o Colo Colo foi aprisionado na noite de hoje, mais uma dessas perfídias armadilhas da libertadores. Dilacera o coração ver o dorso forte e os braços torneados de Scotti serem a propagação da profunda tristeza.
Novamente a libertadores mostra seu lado mais cruel. Rasgando sonhos como se fossem folhas de papel molhado, transformando a ilusões em chicotes que deixar as mais sangrentas e pulsantes feridas na alma. O que se aprende a cada libertadores é o mesmo braço que acalenta e dá a fora, é o que enforca até a última partícula de oxigênio se exaurir do corpo. A mão que acaricia é a mesma que apedreja. A libertadores dá e tira de acordo com seus caprichos. As emoções mais intensas são apenas joguetes para os Deuses sulamericanos, a lógica nunca prevalece.
Mas também não devemos culpar somente as desventuras da libertadores. O Colo Colo colheu o que plantou, dispensar um homem com as qualidades metafísicas, cosmológicas e esotéricas de Rodrigo Meléndez é dar um tiro no pé. Com a malandragem indígena de cinco milênios, a história poderia ser diferente. A libertadores condecora seus ídolos com toda a gloria e honraria, já pôs Cabañas, Cevallos e Schiavi sacrossantos em seus santuários revestidos com a prata pura de potosí e o reluzente ouro de Cusco. A marcação abutre poderia evitar o desastre.

Entretanto, nem tudo é dor no reino latinoamericano. A libertadores escreve por linhas tortas, o time do Cerro é porradeiro, já demonstrou isso inúmeras vezes. Capitaneados por Nani, Barreto e Villarreal podem dar alegria aos latinos. O gol de Oberman contra o Fluminense é prova de que a libertadores não se cansa de aprontar. O rebote improvável, o desvio oportuno e a bola subindo e descendo como uma estrela cadente por cima do goleiro brasileiro.
Às vezes ela machuca, outras ela alegra. Talvez seja por isso que todos nós a amamos.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

A Pureza de um Menino: Juan Ignacio Mercier

I. A infância

Juan Ignacio Mercier nasceu numa pequena cidade no interior da argentina, na casa de uma família de descendência francesa que havia se enraizado na Argentina já há mais de cinquenta anos. A casa dos Mercier era uma movimentada, o pequeno Mercier cresceu em um ambiente que exalava cultura e arte, os vizinhos costumam chamar a antiga mansão Mercier de "Museu cultural" e "Louvre porteño". O pequeno Mercier desde cedo mostrou interesse e aptidão para livros,vivendo na biblioteca do avô, onde aos 5 anos havia lido Sartre, Robespierre, Vitor Hugo e Balzac em francês. Porém, o que mais encantou o jovem Mercier foram as fábulas de La Fontaine. Mercier se emocionava lendo e relendo histórias encantadoras como "A lebre e a tartaruga".


Verón se desequilibra tentando dominar a bola e Mercier, sempre gentil, tenta equilibra-lo esticando seu pé para servir de apoio.

Mercier sempre foi um garoto tímido, admirador de livros e filmes. Um fato da infância que a Sra. Mercier, mãe do jogador recorda com detalhes, se deu quando ele tinha apenas 11 meses e aprendendo a falar balbuciou para a mãe: "Maman j'ai faim. Pourriez-vous s'il vous plaît donner un peu de nourriture pour moi?", já demonstrando a gentileza e a polidez, seus traços marcantes até hoje, desde a mais tenra idade. "Ele nunca chorou" recorda a mãe "Sempre pedia as coisas da maneira mais gentil possível".
Enquanto não estava lendo livros, Mercier costumava assistir filmes de romance ou com animais. Bud 5 e os 101 dálmatas eram uns dos seus favoritos. Ele nunca gostou de filmes de guerra e terror, diz ele "Com tantas coisas belas para mostrar no mundo, tantos animais, as flores, o sol se pondo na praia, as crianças brincando com os cachorros... não sei porque assistir um filme que só mostra coisas horríveis, coisas tristes que não deveriam existir". O filme que mais marcou a vida de Mercier foi "A Felicidade Não se Compra" de Frank Capra. "Chorei até soluçar, é uma história linda, passa uma mensagem tão harmoniosa e positiva", fala o emocionado jogador.
Mas aos 14 anos, acontece uma coisa na vida do pacato e instrospectivo Mercier. Ele passa por um campinho onde garotos jogavam futebol. Ele nunca se interessou por esse esporte porque sempre via as pessoas se ofendendo e agredindo-se, nunca havia passado pela cabeça dele participar de algo tão rústico, violento e feroz. Porém, havia algo de diferente neste dia. Um garoto careca de cavanhaque estava jogando. Era um menino novo na vizinhança, ninguém o conhecia muito bem. As meninas já se derretiam por aquele forasteiro de cavanhaque, mas Mercier nunca havia o visto. Ele parou para olhar o rapaz que conduzia a bola como um lorde, ereto, de cabeça erguida e com utileza, precisão e habilidade extremas. Neste momento Mercier ficou estático, de olhos arregalados, observando aquele homem flutuar pelo gramado como um albatroz branco sob as aguas cristalinas do mar báltico iluminado pelo sol da manhã. Era como se ele jogando recitasse as mais belas poesias, tocasse as mais formosas sinfonias. Mercier não deve dúvidas de que era aquela arte que ele queria fazer, juntar todas as mais belas formas de expressão do sentimento humano no movimento de seu corpo com a bola nos pés. O nome daquele menino de cavanhaque era Juan Sebastián Verón.
A partir daí, Mercier entrou no mundo do futebol. Ele começou a fazer arte no ambiente bruto e a tecer as mais formosas manifestações de beleza pelos gramados. Logo chamou a atenção de quem jogava naquele campinho humilde na esquina das ruas 25 de Mayo e San Martín o comportamento daquele rapaz em campo. Ele pedir licença aos adversários antes de desarma-los e se relacionava tanto com seus companheiros quanto com seus adversários sempre com cortesia e respeito. Enquanto os outro jogadores gritavam: "Toca a bola, porra!" Mercier dizia com uma voz leve e terna: "Por obséquio, você poderia fazer a gentileza de passar a bola para nossos companheiros?". E assim, com nobreza ele ia conquistando cada vez mais espaço, até se tornar um dos melhores jogadores do bairro.

Mercier dando carinho e apoio ao seu companheiro que tinha acabado de desperdiçar um pênalti: "Calma, tudo bem. Acontece, você é forte e vai superar" dizia ele


II. A adolescência, o primeiro amor e a viagem a França

Ganhando o respeito e a admiração de todos, Mercier conquistou mais uma coisa. A mais importante das coisas que ele poderia conquistar: o coração da bela Consuelo. Mercier conta de como foi seu primeiro contato com a jovem: "Quando o primeiro tempo acabou e eu ia me retirar do gramado eu a vi pela primeira vez. Tinha olhos tão puros, tão gentis...os cabelos balançavam ao vento como o cabelo do Miralles, de maneira tão delicada... Percebi que ela era uma garota especial". Devido a sua timidez e recato, Mercier guardou esse sentimento com ele durante algumas semanas. Todas as noites ele lia poesias e escutava canções de amor enquanto pensava no rosto de sua amada. Até que um dia, quis o destino que os dois se encontrassem numa floricultura. Consuelo foi ao encontro de Mercier e disse: "Você não é aquele rapaz que joga futebol como quem declama um poema?" ele, visivelmente encabulado respondeu: "É o que eu tento fazer. Levar ternura aos corações de quem me vê jogar". Nesse momento, Mercier entrega uma rosa vermelha a Consuelo e diz: "Mas os teus olhos castanhos irradiam mais ternura do que eu jamais poderei alcançar, doce Consuelo". E os dois saem de mãos dadas para passear pela praça.
Dois meses depois, acontece o momento mais belo desse relacionamento. Em uma noite de céu azul marinho, onde as estrelas iluminavam o céu com a luz imaculada que lhes é característica, após um jantar a luz e velas e alguns vinis do Barry White, Consuelo se entre a Mercier e os dois consomem fisicamente seu amor entre lençois brancos e o perfume de jasmin que os envolvia na cama. Consuelo sente as lágrimas de Mercier escorrendo lentamente pelo seu ombro e pergunta o que houve, Mercier diz que aquele foi o momento vai especial da vida dele, que ele vai guardar pra sempre aquela noite em seu coração.
Infelizmente a lua de mel tinha seus dias contatos. Poucas semanas depois, os pais de Mercier decidem o mandar para terminar seus estudos na França, Mercier discorda, dizendo que a "educação na Argentina é de um nível de excelência que dispensa a obrigatoriedade de uma especialização em outro país e que a felicidade dele mora na Argentina, onde ele tem o futebol e a Consuelo." No entanto, seu esforço e argumentos polidos foram em vão. Naquele chuvoso 12 de junho, Mercier embarcava para Paris. No avião, ainda tomado por um profunda tristeza por haver perdido as duas maiores satisfações de sua vida, Mercier volta a se apegar aos livros, lendo "Les fleurs du Mal" de Baudelaire. Ao chegar na cidade francesa, Mercier faz diversas faculdades incluindo pós-graduação em Etiqueta e boas maneiras, Doutorado em literatura francesa e latinoamericana, e também pequenos cursos sobre vinhos (chegando a se tornar inclusive um dos enólogos mais renomados da região de Bordeaux), bons modos à mesa, como ser portar extremamente respeitosas. Sua tese de doutorado entitulada: "Respeito, Gentileza e Cortesia, uma historiografia do comportamento educado do homem desde a era primitiva até a sociedade pós-industrial" rendeu elogios por acadêmicos respeitados em toda a europa, culminando em sua nomeação pro Prêmio Nobel da Gentileza, se juntando a nomes como Gandhi, Supernanny, Gloria Kallil Profeta Gentileza e Madre Teresa de Calcutá. Mas ainda havia uma lacuna em sua vida, apesar de todo o êxito como teórico do bom comportamento, ele sentia de deveria voltar para resgatar seu destino. Nos meses seguintes, Mercier trabalharia como consultor de boas maneiras, tendo como alunos toda a aristocracia inglesa, belga e austríaca enquanto programa seu retorno a américa do sul.


Mercier dando entrevista após receber o prêmio Nobel de educação por sua tese "Le respect, gentillesse et de courtoisie, une historiographie de la politesse des l'homme depuis les temps primitifs à la société post-industrielle"


III. A volta à Argentina e a consagração no futebol

Logo após receber o título de embaixado de boas maneiras e educação da ONU, Mercier decide que é hora de voltar a sua casa. A saudade da família e do futebol está grande demais para ser guardada em seu coração. Em sua volta, Mercier é recepcionado com grande alegria por todos que se surpreendem com a humildade intacta e o caráter irretocável do recém chegado. Numa tarde de sábado, enquanto tocava violino com a destreza que lhe é peculiar, Mercier um homem grisalho, trajando um terno que logo seria elogiado por Mercier graças a sua elegância, lhe faz um convite inesperado. Mercier recebia a proposta de ser jogador do Argentinos Juniors.
Visivelmente comovido com o que acabara de ouvir, Mercier pede um tempo para ponderar a proposta e agradece o interesse demonstrado.
Mercier procura Consuelo, mas descobre ela está casada com Jorge González, conhecido no bairro como Jorgito, e ainda por cima grávida. Foi um duro golpe para esse gentleman de coração sensível e alma pura. Ele chorou como Simba ao presenciar a morte de Mufasa e como Bruno Souza após o fatídico 3 a 0 do América do México capitaneado por Cabañas em pleno Maracanã. Era como se as cataratas lacrimais do Iguaçu jogassem por seus olhos e decantasse em rios de tristeza e dor. Nesse momento difícil, Mercier fraquejou e ignorou toda sua postura distinta e fina e disse palavras como "sacanagem", "meretriz" e a mais pesada "merda".
Para a felicidade de todos os apreciadores da arte, não tardou para Mercier dar a volta por cima e liderar a equipe do Argentinos Juniors ao título do apertura em 2007, com seu toque fino, cabeça erguida e a tradicional cortesia para exibir-se no gramado como um Cisne branco alçando vôo pelo céu azul da manhã.


Mercier estupefato ao ver um companheiro de time segurar o talher de maneira incorreta

Mercier subindo no alambrado para resgatar o gatinho preso e indefeso de uma doce e meiga criança

Mercier é um exemplo de civilidade para todos. Um homem que dedicou a sua vida ao esforço para compreender como se trata bem as pessoas e passar essa mensagem de polidez e cortesia a todos. Admirador de arte, sensível, bondoso e gentil. Alguém que se recusa a fazer sexo casual pois crê que o amor é algo especial que deve ser feito somente com a pessoa amada. Um homem que se ofende e se revolta quando algum outro homem trata alguma mulher como mero objeto de prazer, porque segundo ele, a mulher tem a dádiva de dar a vida e isso tem por isso tem que ser respeitadas e amadas, tratadas com carinho, compreensão e generosidade sempre. Jamais relegadas a fontes de prazer.
Mercier é daqueles que os olhos se enchem de lágrimas ao ler um livro de romance antes de dormir, um homem sensível que se sorri ao ver o olhar puro e o abanar de rabo honesto de um cachorro. Que distribui flores aos seus entes queridos, abre a porta do carro para as pessoas entrarem e sempre está disposto a ajudar.
Agora o principal objetivo deste honrado gentleman é conduzir a equipe do Argentinos Juniors ao título da libertadores, jogando com seus toques mais refinados que pratos franceses e mais esplendorosos que os quadros renascentistas. Com sua coluna ereta e cabeça erguida, planando como um sommelier em um restaurante chique, comandando todos com seus gestos sutis.
Fora das quatro linhas, ele criou a Fundação Mercier, um instituto que visa tirar jovens da rua e praticar uma política de inclusão social fundamentada em conhecimento de vinhos, quadros de Monet e esculturas de Rodin. Alguns dos seus alunos já fazem estágio no Louvre, onde recentemente foi inaugurada a Sala Juan Mercier, que já está repleta de obras marcantes do período romântico do séc. XVIII e é uma das mais visitadas do famoso museu francês.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Admirável Futebol Novo

Em um domingo nublado, num futuro não muito distante, dez mil pessoas vão se dirigindo ao mesmo lugar: A Arena Aluga-se. O complexo esportivo multi funcional passou a ser chamado assim porque o contrato de naming rights com a antiga empresa que patrocinava o local expirou fazem dois meses e o processo burocrático para firmar novo contrato ainda está em tramite.
Há muito tempo atrás essa arena era conhecida por algum nome relacionado ao clube, porém ninguém se lembra disso depois de trinta e sete empresas já terem batizado e rebatizado o lugar a cada fim de contrato ou aumento de proposta. Ninguém também poderia pesquisar sobre isso porque a documentação histórica se desfez em mofo e traças guardada após ser transferida para alguma sala subterrânea que servia também de depósito de objetos quebrados, quando um projeto de construção de cinemas e praça de alimentação demoliu o antigo Museu. Até hoje o discurso do Dono do clube na época, um árabe que ficou rico explorando minérios, está gravado numa placa de bronze: "História não gera renda, nosso clube precisa dar um passo a frente! Precisamos expandir nossos negócios para ganhar mais investidores." E uma chuva de aplausos glorificava as palavras do engravatado árabe. Apenas alguns velhos, irremediavelmente presos ao passado e incapazes de evoluir reclamaram na parte de fora, devidamente impedidos de entrar naquilo que agora era propriedade privada. Os mesmo que reclamaram quando o clube foi comprado, os mesmo que se oporam a todas as mudanças que fizeram do clube uma das referências mundiais.
Nessa tarde cinza de domingo, a arena Aluga-se vai receber o grande clássico local. Todos os jornais festejaram esse grande jogo durante a semana, o estonteante e quase increditável público de dez mil pessoas vai lotar a arena. Os torcedores em sua maioria trajados com a velha camisa do clube, lançada há três meses, esperam para ver a estréia do quarto uniforme contra o maior rival. Todos se sentam em poltronas reclináveis e ajustam os pequenos televisores para acompanhar cada frame dos replays. Em uníssono, alegre e harmoniosamente, cantam o nome do seu time e seus principais jogadores enquanto batem palminhas. É a festa máxima do futebol.
A torcida organizada e seus componentes sempre fanáticos, fazem um espetáculo esticando cachecóis com o nome e as cores do clube. O cenário para uma grande partida de futebol está armado.
Os times entram em campo, todos se abraçam e cumprimentam. A emoção toma conta de todos quando a bola começa a rolar. Até que o pior acontece, tomados por uma paixão incontrolável, o ambiente que há pouco tempo era sadio se torna um furacão de fúria. Torcedores locais começam a chamar o craque da outra equipe, um habilidoso camisa 74 que jogou nesse mesmo estádio como ídolo local há poucos dias, de "feio", "bobão" e "pastel". O juiz ameaça interromper a partida. Com certeza após ele relatar as ofensas na súmula, os torcedores ficarão sem assistir os jogos do seu time durante alguns meses.
Controlada essa confusão, esse péssimo exemplo para a sociedade e afronta a moral e bons costumes, a bola volta a ser a protagonista. E pouco depois, para a alegria da agora pacificada torcida da casa, o camisa 53, atacante matador abre o placar. Imediatamente ele vai direto consolar o goleiro e pedir desculpas por ter feito o gol, os adversários compreendem e num gesto de fair play lhe permite ir comemorar junto com seus companheiros de time. A torcida levanta e aplaude fervorosamente de pé, os mais exaltados até soltam gritos.
E no alto de uma colina, algumas centenas de metros distante, um velho homem observa tudo aquilo com os olhos flamejando indignação. Sua expressão é de tristeza. Ele sabe que a instituição que ele amava e tudo que ela significava acabou. Ele vê que o futebol não é mais um esporte. O futebol foi transformado num teatro lucrativo e normativo, como todas as coisas repugnantes da vida. Ele lembra que quando garoto o futebol lhe proveu os mais brilhantes sonhos, as maiores injeções de alegria e as maiores porradas de tristeza. Ele recorda que quando jovem, o futebol lhe servia como escape de um mundo errado, problemático, estressante e demasiado normativo. Na hora que a bola rolava e as cores do seu time estavam brilhando em seus olhos e cobrindo seu dorso, ele esquecia por 90 minutos e mais alguns acréscimos das pessoas morrendo em filas de hospitais, dos jornais mentirosos ávidos por poder e dinheiro, da inversão de valores patrocinada em todas as esquinas, da ditadura monetária, da hipocrisia e estupidez coletiva. O que antes era um lapso de libertação de todos os erros do mundo, agora é apenas mais um instrumento deles.