domingo, 31 de janeiro de 2010

A primeira profecia

É uma das lembranças mais nítidas da minha primeira década de vida, que ainda não havia se completado. Era um domingo de manhã, e como era costume na maioria deles, íamos para o sítio do meu avô passar o dia de domingo até que sol começasse a cair.
Não lembro o que meu avô fazia entre as árvores e nem porque eu o seguia. Só me recordo que estávamos nós dois ali, alheios ao rádio que provavelmente estava ligado perto da churrasqueira. Longe da conversa e do cheiro do almoço. Éramos só nós dois em meio às árvores despeçadas como se fosse outono. Como todo o domingo, voltaríamos pra casa a tempo de assistir o jogo pela televisão. Porém o jogo deste domingo era especial, era um domingo de Vasco e Flamengo. Decisão da Taça rio de 1999.
Eu com oito anos logicamente não entendia muito de futebol. Gostava de bola na rede e Vasco ganhando, o que acontecia com uma frequência considerável nessa época. O meu conhecimento na época assimilava as seguintes informações: Era um final, ou seja, quem ganhasse receberia uma taça, a levantaria e seria campeão. Era contra o Flamengo, o mais odiado. E o crucial: Edmundo estava de volta. Aquele cara que fazia gol toda hora a um tempo atrás quando o Vasco foi campeão brasileiro, daquele VHS que eu tinha com todos os jogos da campanha e que cresci vendo e revendo os milhares de gols que ele outrora marcara com a camisa do Vasco que eu vestia todo o domingo para bater bola sozinho ou na companhia do caseiro todo o domingo.
Voltando a história propriamente dita, meu avô estava um pouco agachado olhando pro taule de uma árvore. O que ele analisava ou diagnostica, desconheço até hoje. Provavelmente comentávamos algo sobre o jogo de mais tarde, na ansiedade pré-decisão. Nesse momento eu lhe disse: "O jogo vai ser 2 a 0! 2 gols do Edmundo!" certamente com os olhos juvenis brilhando, com a certeza absoluta e incondicional única das crianças. Ele olhou pra mim e sorriu.
Não lembro se falamas de mais alguma coisa depois. Nem sei como voltamos. Minha história continua quando me vejo na sala assistindo o jogo, mais precisamente no segundo gol do Edmundo aos 47 do segundo tempo após o cruzamento de Ramón. Dois a zero pro Vasco. E eu me senti o maior profeta do mundo aquele dia. Lembro que no dia seguinte comentei com meu avô como quem quisesse demonstrar empiricamente que é capaz de prever o futuro de uma partida de futebol: "eu disse! dois a zero e dois do Edmundo!"
Não sei se cheguei a acertar de novo um resultado com tamanha precisão, capaz até de dizer quem faria os gols. Se o fiz, esqueci. Seguramente porque não chegou nem perto dessa façanha do menino de oito anos. Eis abaixo um vídeo do jogo:



Sobre o jogo, foi um clássico típico da década de 90, até o arco-irís parava pra ver. Não seria exagero dizer que a partida era o pote de ouro. Dois bons times, porrada comendo solta sem os pudores da era do STJD e da mídia politicamente correta. Um jogo digno do futebol, um dos últimos suspiros do futebol puro nos campos brasileiros.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

- Da aversão ao carnaval ou o décimo círculo do inferno

Janeiro. Férias, calor, praia, calor, verão e calor. Esse é o rufar dos tambores do pior período do ano, aonde todos temos a confirmação empírica de que o inferno é aqui. Começam as vinhetas que não apresentam nenhuma diferença em relação as passadas. Sempre no mesmo ritmo estafante e com a mesma batida irritante enquanto mulatas seminuas rebolam epileticamente com brilhantes ordinários. Isso é o carnaval. Ou pelo menos um cartaz dele.
Se Dante Alighieri estivesse vivo para ver o que se sucede nesses momento, faria uma nova edição da Divina Comédia com o décimo círculo do inferno. O mais torturante, angustiante, sofrido, odioso, cruel, hediondo, repulsivo e fétido de todos. Um lugar aonde haveria carnaval o ano inteiro. Durante 365 dias ao ano, as ruas sinuosas e esburacadas permanecerão em um ritual carnavalesco perene. Milhares de cidadãos marcharão feito gado atrás de um gigantesco bloco dotado de uma caixa de som que urrará rimas pobres e miseráveis. Homens estarão vestidos de mulher, bebê e qualquer outra coisa grotesca e asquerosa e completamente suados e bêbados, desprovidos de qualquer decência, bradarão frases sem sentido enquanto se embriagam mais, compartilham seu suor no esfrega-esfrega característico dos hiper lotados blocos e mijam em todos os vãos. É a receita básica do carnaval: estupidez, urina, boçalidade, suor e músiquinhas enlouquecedoras.
O carnaval nada mais é do que um antro de degenerados. É a época em que as amarras sociais se afrouxam e a maioria das pessoas pode agir de acordo com o que verdadeiramente é: um bando de animais. É socialmente aceito beber até vomitar pelo meio fio, enfiar a boca em qualquer lugar sem um critério preliminar, vestir-se de maneira esdrúxula e pular no meio do asfalto como um macaco irracional. Essa comemoração demonstra entre trajes mínimos e plumas coloridas que Darwin estava parcialmente certo. Alguma parcela dos homens descende do macaco. Porém Darwin ignorou que os macacos na verdade, descendem da maioria dos homens. Afinal, eu duvido que macacos coloquem fios dentais, plumas e cantem coisas como: "Ô, ô, ô, piuí, piuí, lá vem o trem, a ferrovia é brincadeira de neném".
O carnaval é a pior maneira que a massa ignora encontrou para esquecer sua vida frustrante e se entorpecer para não sentir a medíocre existência. É a celebração da plebe ignorante que veio ao mundo a passeio.
Os filisteus do carnaval dizem: "é carnaval! alegria e pegação." e outras idiotices. E vivem a essa ilusão torpe.

O carnaval me fez perder temores. Não há inferno pior que isso, não há castigo mais doloroso que viver em meio a um circo de aberrações, um palco para a festa de animais. E ao ouvir o ruído dessa balbúrdia, me vem a certeza de que a humanidade é um câncro sob a superfície terrestre e o quanto antes se extinguir melhor para todos os envolvidos.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Porque o Cabañas?



O mundo é um lugar vil, ruim e injusto. Mas agora está passando dos limites. O futebol raíz vem sofrendo uma série de ataques cruéis e violentos. Como se não bastasse tentarem matar o futebol com empresários, ações e dinheiro, agindo como se os clubes fossem meras empresas e a paixão uma medida econômica, passando por cima de tudo que compôs e construiu os centenários clubes de futebol. Como se já não fosse suficiente os jogadores serem prostitutas que junto com seus cafetões, também conhecidos como empresários, fazem os clubes de refém e torcedores de otários. Agora a nova moda é o infortúnio, a desventura e a tragédia usarem jogadores míticos e ícones para destilar toda a sua desgraça, fato que me dói imensamente. Já está difícil acompanhar essas negociatas repugnantes e imundas repleta de canalhas de má indole pra qualquer lado que se olhe no futebol. Após Adebayor e a delegação de Togo serem metralhados, Buonanotte sofrer um acidente de carro, chegou a vez de Cabañas ser alvo do impoderável tomando uma porra de um tiro na cabeça. Olha que coisa bizarra.
Porque justo o Cabañas? Herói das massas e alvo de admiração de todos ao calar o Maracanã lotado de fétidos rubro-negros dando a vitória como certa. O Cabañas da barriguinha marota que meteu gol na seleção Brasileira e no Santos. Especulado mais de uma vez como possível reforço do Vasco, dando corda aos meus mais felizes sonhos de vê-lo com a camisa do meu time. Finalização 20 no FM e overall 82 no Fifa. Atacante titular e artilheiro absoluto do meu esquadrão latino no manager mode com o Manchester City. Um dos cinco melhores atacantes das américas. Tanto mau caráter por aí fazendo merda, inúmeros jogadores mercenários bichonas e a bala perfura logo o crânico de Salvador Cabañas.
Eu suplico que Cabañas volte a jogar futebol o mais rápido possível, a tempo de ser artilheiro da Copa, e ainda sobrevive muitas décadas para contar inúmeras vezes a história de como fez Bruno Souza e sua corja chorar em pleno Maracanã. O futebol tão maltratado e carente de figuras míticas como Salvador Cabañas não pode se dar o luxo dessa perda de peso. Literalmente. Cabañas junta duas características que dão cor ao futebol essência, faz golaços e sabe jogar bola sendo uma figura cômica e lendária. Tudo que atualmente perde espaço para perebas horrorosos e bichonas marqueteiras.
Cabañas é ídolo e sempre será.

domingo, 24 de janeiro de 2010

O homem moderno

Eis aqui mais uma das inúmeras aberrações da contemporaneidade. O sufixo "moderno" na maioria das vezes significa degenerado. O homem moderno é mais um produto dessa sociedade deturpada e infeliz aonde somos enjaulados. O homem moderno é aquele que "se cuida". Mas ele não se cuida andando com um revólver armado, como faziam os rudes homens de séculos passados. Ele se cuida indo a salões de beleza para fazer sombrancelha, se depilar e ser submitido a diversas sessões de atividades estéticas femininas. Peraí.. tem alguma coisa errada não é mesmo? Homem se submetendo a cuidados tipicamente femininos? Exatamente. É mais uma das contradições modernas.
Atualmente, o tipo ideal de homem é uma bicha. É uma sombra colorida e afrescalhada do que outrora realmente foram os Homens. Não sei o que leva a grande mídia a incentivar essas aberrações, já que isto está longe de ser sadio ou bonito, deve haver algum interesse que incentive essa prática grotesca de boiolização em massa. Talvez a produção da indústria de coméstico tenha excedido o número de consumidoras e eles busquem abrangir seu nicho para os ditos homens.
O homem moderno é uma vergonha para o pênis. Disparate pior que os gregos que adoravam esculpir homens bombados sem pêlo em poses sentimentais e com genitália diminuta e irrisória. Ao fazer carinha de gatinho manhoso em outdoors de perfume, dá-se um tapa na cara da masculinidade em si e toda sua essência, tudo o que ser homem significa, a desonra elevada a seu patamar mais grotesto e arrebatador. O pior é ver cada cidadão ser incitado a se juntar nesse clã de fantoches apáticos maquiados e depilados.
Afinal, quando você pensa em homem, qual das duas imagens abaixo lhe vem a cabeça?





Sem mais.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O despreparo



Em busca do livro mais escondido que El Dorado, entro na livraria Galileu de ipanema. Logo sou atendido por um rapaz que aparenta ter quase trinta anos. Digo que procuro pelo livro "A Náusea" de Sartre. Ele se dirige até o computador e escreve "Satre" e pergunta se está certo. Eu digo que não, o correto é Sartre, com um r antes do t. Até aí tudo bem, ninguém é obrigado a saber escrever o nome de um autor francês. A coisa fica realmente impressionante quando ele escreve "Anausia" como título do livro. Eu, já meio encabulado, digo que o A é separado, para ver assim ele percebe que se trata da palavra "náusea" e não de uma expressão criada ou um nome esquisito. Então, ele protamente "corrige" e vira "A nausia". Me senti naquele vídeo da Carla Perez em que ela fala do I de escola e E de de isqueiro.
Pois é... eu deixo os costumes orais de lado e enfatizo o E. "Se escreve nausÊa, com e." Deve ser muito ruim ser corrigido três vezes em menos de um minuto. Enfim, com o título do livro escrito da forma certa, vê-se que está em falta. Tanto trabalho à toa.
Ao menos ele disse que pode ser encomendado e chega entre quatro e seis dias. Pensarei no caso.
O que assusta é o extrememo despreparo dos atendentes de livrarias. Não estou pedindo que ele conheça autores e títulos, embora o cara atencioso do sebo perto do ifcs o faça. É só saber escrever. Esse rapaz, que chamarei de Galileuzinho, conseguiu quebrar o recorde que era da Saraiva do rio sul, aonde ninguém sabe "o que" era Aldous Huxley e escreveram "percepsão". E depois riram. Tem horas que na verdade era mais condizente com a situação cair no choro.

sábado, 9 de janeiro de 2010

As dores do mundo

I. Prefácio

O objetivo desde pequeno ensaio é elucidar questões que levam a uma visão pessimista da sociedade em todos os seus âmbitos. O conceito de "mundo" trabalhado aqui não é abrangente ao mundo natural, ou seja, refere-se somente ao mundo social. Mundo Social comporta todas as relações humanas e as instituições materais ou não por elas criadas. Vale ressaltar que o indivíduo em si é fruto dessas relações humanas, portanto, o termo relação não tem o mesmo significado de interação, por exemplo.
Os tópicos que aqui serão desenvolvidos visam diagnosticar as doenças que afligem a sociedade, acentuando um processo de desgate moral que deve ser visto como uma degeneração. Um apodrecimento total sem precedentes.
Parte-se do pressuposto de que a humanidade vive um declínio vertiginoso em seus valores morais e intelectuais. Consequentemente, em toda a sua qualidade de vida.

II. A vida

Desde de quando o homem começou a organizar pensamentos e questionar tudo ao seu redor, seja lá quando isso tenha começado a acontecer, ele se pergunta o sentido da vida. Parece que os homens do século XXI já descobriram. Agem como se fosse acumular o máximo de riquezas. Essa é a origem e sustentáculo de todas as dores do mundo. O dinheiro, única forma de viabilizar o acúmulo de bens, é uma criação dos homens. É fruto da imaginação humana. O dinheiro não nasceu junto com as árvores e nem se desenvolveu de um organismo primitivo, o dinheiro foi inventado pelos homens. Assim como os homens poderiam fantasiar que carregar uma maior quantidade de areia nas mãos coloca alguém em uma posição hierárquica superior a outro que carrega menos. Ambas as idéias acima descritas são as mais puras idiotices fantasiadas pelos homens. Não fazem parte do mundo e da vida. Então a única conclusão que se pode chegar é a seguinte, a sociedade se baseia e se deixa governar em todas as atitudes por algo que é de sua autoria. A criatura domina o criador. Esta antítese cômica é o alicerce de toda a sociedade.
A sociedade já começa mal desde sua infra-estrutura, piorando a cada sobreposição.
Um dos orgulhos da sociedade contemporânea é a liberdade que cada cidadão possui. A única liberdade que nos é realmente garantida é a de morrer de fome, viver marginalizado ou se matar. Aliás, não temos a plena liberdade de morrer porque a eutanásia é proibida.

A maravilhosa vida de um cidadão comum:



A. Nascimento: Me recuso a me alongar sobre isso. O título é auto-explicativo.
B. Doutrina: Todo o período de estudo, aos quais tem a oportunidade de estudar. Aprende-se a capital da Austrália, fala-se outras línguas e recebe além de toda a informação mastigada inútil para criar uma impressão de cultura, as ferramentas necessárias para se tornar uma boa mão de obra, extremamente especializada.
O fordismo intelectual é marca registrada da sociedade moderna. Os colégios e faculdades formam unidades semi-robóticas que repetem com precisão o que lhes foi imposto durante anos. Rendendo bem para seus superiores e sem a capacidade necessária para questionar qualquer coisa. Isso resulta no próximo estágio.
C. Produção: Após ser devidamente lapidado, trabalha-se durante 30 anos. Se prostitui ao mercado, vende a mão de obra. Já que poucos detém os meios de produção, os outros alugam sua força de trabalho. Ganhando obviamente menos do que produzem e assim segue a vida. Para mais detalhes, Karl Marx.
D. Velhice/Morte: Depois de passar 20 anos estudando e 30 trabalhando, já velho, doído, apodrecendo, completamente acabado e sem vigor algum, o pobre cidadão é chutado para seu "descanso". Já que não serve mais forças para vender, o nobre trabalhado é jogado de lado para gastar o dinheiro que juntou a vida toda em remédios e contas e morrer.

Empolgante, não?

Após dados estes fatos, emerge uma questão. Tomando como verdade que a vida se tornou algo tão miserável e ordinário, o que leva a todos (leia-se: 95% da população mundial no mínimo) a aceitar algo tão asqueroso?
Bom, os mecanismos que mantém esse sistema são frutos dele próprio. É uma reação em cadeia. Quando se começa a dar mais valor ao nosso amigo imaginário, o dinheiro, do que a vidas humanas, os limites se extinguem e tudo se comete para obte-lo. A concorrência já faz um matar os outros. Os que sobressaem, jamais sairão do poder por meios ortodoxos.
Quem tem dinheiro tudo controla. A economia, a mídia, tudo que possa ser dominado o dinheiro domina. Quem controla a mídia, controla o povo.
O povo não tem tempo pra pensar. E nem interessa a eles pensar, a nenhuma das partes. Os que tem uma condição social boa não querem olhar para o lado porque se acomodam. O que não tem absolutamente nada e vivem miseravelmente não tem instrumentos necessários para pensar. Para pensar, é preciso ter tempo e acesso a educação. Eles não tem nenhum dos dois. Os poucos nessas condições que conseguem contra todos os fatores perceber a merda em que se encontra, só se dá conta de quem está atado em amarradas apertadas e nada reverterá esse quadro.
Foi-se o tempo em que o homem mantinha as rédeas de seu destino. O sistema massacra cada um, com mais ou menos força, mas massacra. Alguns são pressionados e outros completamente esmagados.

III. O imperialismo contemporâneo

"Imperialismo é a política de expansão e domínio territorial, cultural e econômico de uma nação sobre outras, ou sobre uma ou várias regiões geográficas.
O imperialismo contemporâneo pode ser também denominado como neocolonialismo, por possuir muitas semelhanças com o regime vigorado entre os séculos XV e XIX, o colonialismo."

Vou ser breve porque isso aqui é básico.
Exemplo de expansão e domínio econômico: Guerra do Iraque. Americanos foram lá com o único intuito de pegar petróleo e quem negar isso deve ou estar ganhando dinheiro com o petróleo iraquiano ou estar completamente incapaz de manter um raciocínio coerente e deve ser internado imediatamente. Como esse texto é um treino para futuras dissertações, vou ter a paciência de deixar tudo mastigadinho como manda o figurino.
1. Americanos ignoraram a ONU
2. Eles não invadiram outros países desprovidos de petróleo considerados terroristas
3. Estão com tropas lá até hoje. Pelo amor de Deus, eu estou na faculdade e fiz um trabalho sobre a Guerra do Iraque na quinta série. A Regina Sueli, professora de história, mandou a gente entregar em folha de papel almaço. E eu desenhei um míssel na capa.
Eu poderia listar até o 50 aqui, mas ninguém vai ler e eu não quero me dar esse trabalho.
Exemplo de expansão e domínio cultural: Vai pra África do sul e pergunta pra que time eles torcem. Vão responder Manchester United. Veja na tv as matérias sobre o Hallowen. Pergunte ao seu amigo se ele viu o último episódio de qualquer série idiota dessas. Se isso não é domínio cultural, eu não sei o que é. Me expliquem.

Aí você vem e me diz: "Ah, mas se o capitalismo é tão ruim assim, porque a Noruega, Suécia e Dinamarca são tão boas?!"
Existe uma coisa chamada estado de bem-estar SOCIAL. "é um tipo de organização política e econômica que coloca o Estado (nação) como agente da promoção (protetor e defensor) social e organizador da economia. Nesta orientação, o Estado é o agente regulamentador de toda vida e saúde social, política e econômica do país em parceria com sindicatos e empresas privadas, em níveis diferentes, de acordo com a nação em questão. Cabe ao Estado do bem-estar social garantir serviços públicos e proteção à população."
Isso é o básico. Deveria ser o ponto de partida para a civilização.
Aí você, filho da puta, que vai fazer viagem pra Disney e acha maneiro limpar privada de americano pra ganhar em dólar, acha que nos EUA unicórnios voam pelo arco-íris em cada jardim e daria tudo pra viver lá, dá de frente com esses fatos simples.
Os americanos, superiores e exemplos que são, não garantem porra nenhuma a sua miserável população. Se você nascesse lá, seus pais iam juntar dinheiro desde da maternidade para pagar sua faculdade. Isso se eles não hipotecassem a sua casa. Você teria sua camisa da Ralph Loren e seu iPod touch e viveria feliz. Até sua mãe ter alguma doença e vocês perderem tudo pra pagar o tratamento ou assistirem ela morrer, definhando lentamente.
A Dinamarca gasta 37,9% do seu PIB com bem-estar. Suécia 38,2%. E os EUA, maior economia do mundo, 19,4%. Porra, é a metade. Eles devem gastar o triplo em guerra.
E você mantém sua opinião?

Bom, já me desvirtuei do assunto. É que eu queria escrever e a única coisa que me motivou foi isso. Às vezes eu realmente perco a fé na humanidade. A estupidez das pessoas é assombrosa.
E quando eu falo isso, sempre surge um infeliz pra dizer que eu me acho o dono da verdade e que não aceito que discordem de mim. A verdade não tem dono. Tem os que a busquem e a vejam e os que não. E eu aceito discordância. Se você acha legal viver numa sociedade merda dessas e ganhar seu dinheirinho mensal pra desprender no vazio da sua vida errante, o problema é seu.

Uma imagem fofa agora pra tirar o ar descrente e pesado desse post:

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Os zagueiros


Ser zagueiro é medir forças contra o mundo. O zagueiro sabe que há muito mais coisas em um campo de futebol do que fazer gol. Qualquer um que paga ingresso, vê o jogo em sua poltrona ou simplesmente quer fazer dinheiro às custas do futebol quer ver o gol. O gol é o objetivo óbvio, é o senso comum futebolístico. Todo mundo sabe que é bom fazer gol e que a bola na rede define o placar. Entretanto, para a tristeza de muitos, existe o zagueiro. O zagueiro destrói, acaba com a festa e trava uma batalha contra a própria essência do esporte que pratica. Isso é mágico. Todo zagueiro trava sua batalha longe dos holofotes. Aquele desarme perfeito, a antecipação que impede uma chance clara de gol, a cabeçada pra longe... nada disso aparece nos melhores momentos. Cada sobreposição do zagueiro é seguida por um lamento adversário e nem sempre ganha um agradecimento dos próprios torcedores. É aquela velha história, o atacante que perde três gols e faz um é héroi. O zagueiro que é impecável todo jogo e erra um corte, é vilão. Um bruto grosseiro e estúpido que faz besteiras na defesa e lá foi relegado por não conter habilidade suficiente para jogar no ataque. A mesma máxima vale para o goleiro. Este axioma clássico sintetiza bem a perspectiva banal referente aos zagueiros.
Não são valorizados como os atacantes, são mais injustiçados que exaltados. Não se vê zagueiro em outdoor nas ruas, não se vê zagueiro em jornal especializado em fofoca. Raramente alguma criança diz que quer ser zagueiro. Eu mesmo, quando era um projeto de humano dizia que queria ser atacante e fazer gol. Típico de criança que reproduz tudo o que enxerga pela frente querendo se auto-afirmar. É uma pena que a maioria das pessoas continue assim mesmo depois de adulto.
Talvez a mágica do zagueiro seja essa. Lutar contra o inevitável. Ou talvez seja só loucura mesmo. O que importa é que a insubmissão aos valores ordinários deixa tudo mais difícil e a recompensa é que se torna muito mais gratificante.
Não é o fato de jogar na defesa que torna alguém zagueiro. Ser zagueiro ultrapassa o simples ato de se posicionar atrás no campo e marcar o atacante adversário. A essência do zagueiro consiste no seu porte, nos seus atos e a maneira de encarar cada jogada que ele disputa. O zagueiro não teme e não faz truque circense. É altivo, forte e dominador. Sabe que ali é ele que manda, tem total controle sobre o seu território, como um macho alfa.
O verdadeiro zagueiro impõe respeito.

Os verdadeiros zagueiros:

Jaap Stam


Holandês, 1,91 de altura e adepto da camisa 3. Stam faz o melhor estilo feo, furte y feroz. Infelizmente, se aposentou aos 35 anos com a camisa do Ajax em 2007. Stam jogou pela Lázio, Milan, Manchester United, seleção holandesa, dentre outros. É impossível um cidadão brutalmente forte com mais de 1,90 de altura não ser altivo. Ele dominava qualquer jogada e qualquer atacante como um adestrador faz com suas foquinhas amestradas. Qualquer um pensa dez vezes antes de encarar uma dividida com Stam. Não obstante, Stam também sabia jogar com a bola no pé. Tinha qualidade técnica para sair jogando, tanto é que às vezes era aproveitado na lateral direita.



Rolando Schiavi


Rolando Carlos Schiavi. Um homem, dois títulos e quatro finais de Libertadores, um mundial interclubes, duas copas sulamericanas, dois campeonatos argentinos. Schiavi é a personificação do espírito copero y peleador que é exclusividade do cone sul. Catimba, provocação, falta, cartões, gols de cabeça e penaltis decisivos.. o repertório de Schiavi é vasto, ele domina todos os recursos do zagueiro ideal. Para disputar quatro finais de libertadores, tem que ser muito homem. E a cada jogo Schiavi mostra que com ele não tem frescura. Gênio da malícia, tem o completo domínio da defesa. Schiavi marcou época no Boca Juniors do início dos anos 2000, quando inclusive marcou o seu na disputa de penaltis contra o Milan em 2003 na decisão do mundial. Kaká (o virgem) sentiu o peso da mão de Schiavi em sua carinha de garoto propaganda da Armani.
Recentemente o ídolo Schiavi teve seu talento reconhecido por Maradona e se tornou o jogador mais velho a estrear pela seleção argentina, com 36 anos (a idade do Xerife). Todos esperam que Schiavi vá a próxima copa do mundo, já que ele foi titular nas últimas duas partidas e vire figurinha brilhante no album da Copa.
No vídeo que eu fiz do Schiavi, são demonstrados momentos de magia dele catimbando, batendo, desarmando, fazendo gols de cabeça... enfim, fazendo que ele sabe fazer de melhor. Schiavi devia ser eterno, é um jogador macho, viril, enérgico que não atura gracinha e não perde tempo de jogo com frescuras. É um futebol clássico, bem jogado, com sede de vitória, dá gosto de ver. Se você prefere ver o Cristiano Ronaldo passar o pé por cima da bola, vai tomar no cu e saia imediatamente daqui. Isso não é futebol, é atração de circo, showzinho. Futebol é Schiavi.
Rolando Schiavi, um dos maiores zagueiros em atividade. Que nos brinda com lances de impressionante magnitude. Não vi Figueroa nem De León, mas vi Schiavi.
Este argentino de 1,91 é muita experiência, muita história pra contar. Não se destaca por técnica apurada, mas por ser o que um zagueiro deve ser. Sério e sempre impondo sua presença. Chutão pra frente, tapa na cara, provocação, faltinhas necessárias indispensáveis e gols de cabeça. Isso é Schiavi.



Paolo Montero


Dono da camisa 4 e capitão da seleção uruguaia. Essas credenciais já são suficientes para exaltar qualquer um. Como se não bastasse, durante seus nove anos de Juventus ele consquistou o título de jogador com mais expulsões na história da primeira divisão do campeonato italiano. Esse fato por si só fundamenta várias verdades. A primeira é que os sulamericanos são mais machos que os europeus. A segunda é que o Montero não brincava em serviço, o cara era violento. A raça uruguaia ele elevada a sua mais alta potência. Montero com seus singelos 1,78 se tornava um gigante imbatível entre as quatro linhas. Enquanto deixavam que ele permanecesse entre elas.

Gamarra


Carlos Gamarra é um zagueiro que concilia duas coisas que normalmente não se dão bem. Desarme e gentileza. Enquanto Montero é um muro de arame farpado, com cachorros selvagens loucos, artilharia pesada dentre outras coisas intimidadoras e dolorosas que servem para proteger, Gamarra é um moro que pede com a maior polidez, por gentileza, para o atacante não tentar o transpor. Caso tente, Gamarra, educado como poucos, pega a bola com uma suavidade impressionante, parecendo ser fácil. Quando o atacante se dá conta, Gamarra está com a cabeça erguida dando um passe preciso. O paraguai fabrica bons zagueiros em escala industrial. Carlos Gamarra é tão gentil, encantador, garboso, nobre e delicado que durante uma Copa do Mundo ele não fez nenhuma falta! Nenhuma sequer! Em 1998, o Paraguai disputou quatro jogos na Copa da França e Gamarra não fez nenhuma faltinha. O cidadão mais desavisado deve imaginar que ele ficou no banco, jogou mal ou pouco. Mas pasmem, ele foi eleito o melhor defensor do Mundial. E não foi por viadagem da fifa de fair play, o cara jogou muito mesmo. A título de curiosidade, o Paraguai só tomou dois gols naquele mundial. Sendo o segundo sofrido na prorrogação contra a França, que viria a ser campeã.

Odvan


Odvan é um personagem folclórico. Ele pode não saber jogar bola (e realmente não sabe), mas tem 50% do que é necessário para ser um bom zagueiro. Ou para ser um zagueiro-zagueiro, como definiu Wanderley Luxemburgo. Ele é temido. Zagueiro que é temido anula praticamente metade dos atacantes frangos e medrosos que existem por aí. Quanto ele enfrentava alguém homem o bastante para partir pra cima dele, este corajoso jogador tinha que lidar com a brutalidade de Odvan. O que diminuia ainda mais o número de potenciais ameaças a meta que ele defendia.
Agora imaginem, se com 50% do necessário para ser um excelente zagueiro Odvan já chegou a seleção Brasileira, ganhou libertadores, disputou dois mundiais de clubes, ganhou dois brasileiros e uma Mercosul... imagina se ele tivesse uns 80%?
Lembro de ver um Sport e Vasco pelo Brasileiro de 2008, na última passagem de Odvan com a camisa do Vasco. Odvan entrou no segundo tempo e o repórter de campo falou momentos após Odvan entrar que os jogadores adversários estavam comentando assustados sobre o tamanho da trava da chuteira de Odvan. Isso é ser temido. Já conhecendo de quem se trata, eles provavelmente imaginaram aquelas travas rasgando suas canelas e provocando uma dor imensurável. Temei.

Paolo Maldini


Ele é italiano, ele é belo e joga como um lorde. De cabeça erguida e olhos verdes bem abertos, Maldini liderou o Milan e a seleção Italiana. Jogou em alto nível durante vinte anos, é com certeza um dos fenômenos do futebol. A Itália produz zagueiros como Antonius Stradivarius produzia violinos. Ambos tem uma qualidade superior e especial misteriosa e inimitável. Maldini é o filho pródigo dessa grei de defensores respeitáveis. É uma injustiça brutal e imperdoável nunca ter recebido o prêmio de melhor do mundo. Ele jogava dez vezes mais que o Cannavaro.

Emiliano Dudar


Dudar é com certeza o melho zagueiro que eu já vi com a camisa do Vasco. Ok, eu vi Mauro Galvão, mas nessa época eu não tinha noção de zaga. Eu queria ver bola na rede e pronto. Na verdade eu queria ver porradaria também, mas o principal era o gol.
Emiliano Dudar é argentino, tem mais de 1,90m, é clássico e forte. Tudo que qualquer um quer na sua zaga. Ele foi extremamente injustiçado no Vasco, ele é digno de contrato vitalício. O que prejudicou a passagem de Dudar pelo Vasco foi o excesso de confiança dele. Ele fazia partidas impecáveis, desarmes precisos, lançamentos perfeitos sempre de cabeça erguida, posicionamento ótimo e de vez em quando uma cagada monumental, como naquele jogo na argentina contra o Lanús em que ele tentou driblar o atacante na pequena área, perdeu a bola e o Vasco tomou o segundo gol. Infelizmente é isso que fica na cabeça dos torcedores, de fato é uma falha imbecil e marcante, mas o cara tinha muito crédito. Era gostoso ver o Dudar jogar, quando vinha um atacante de graça pra cima dele eu já abria um sorriso, era raro ve-lo perder uma dividida. Nunca me esqueço de um Vasco e Botafogo aonde o Zé Roberto veio com firulinha pra cima do Dudar, que tranquilamente esperou o atacante botar a bola pro lado pra travar a bola e sair jogando, enquanto o Zé Roberto rolou pra fora do campo até as placas de publicidade. Um exemplo da técnica do zagueiro argentino é o 999º gol do Romário, naquele 3 a 0 lindo contra o Flamengo. Dudar ergueu cabeça e lançou mais de 50 metros achando o Renato livre que cruzou pro Romário fazer.
Saudades eternas de Emiliano Dudar.

Diego Lugano

Um dos poucos machos a vestir a camisa do São Paulo. Uma frase do Lugano dita durante a Copa do Mundo de 2010 resume o futebol uruguaio, do qual ele é um exímio representante: "Eles quiseram nos ganhar na força. E na força ninguém nos vence." Recém chegado ao futebol brasileiro, Lugano já mostrou suas credenciais em um jogo contra o Atlético Paranaense na Arena da Baixada. Mario Sérgio, o nem um pouco inocente técnico do Atlético na época, chamou-o de canalha, cafajeste e bandido antes de pedir a saída do zagueiro uruguaio do Brasil, devido a uma entrada viril de Lugano sob um de seus irrelevantes jogadores que ficou com suspeita de traumatismo craniano.
Lugano é raça, força e seriedade. Não tem temor, não existe bola perdida e não tem pudor ou receio na hora de chegar pesado mesmo. É um xerifão típico de libertadores. Ele é a essência do zagueiro uruguaio. A entrada dele no Salas (http://www.youtube.com/watch?v=dRaygnmfzS8) em um São Paulo e River Plate pela Libertadores diz tudo. Chegada absurdamente forte porém na bola, o cara sabe desarmar como manda o figurino.
Sem brincadeiras, sem frescura e sem medinho.
Diego Lugano, joga uruguaio.

Luis Perea


O Perea é bandidão. Alto, magro e forte. Um tempo de bola impressinante, um alcance longínquo para o carrinho e uma força bruta concentrada em seu corpo magriça. Com suas magricelas pernas de garça, ele tem o tipo físico ideal para executar o bote da garça, que consiste em roubar a bola do adversário à distância, esticando sua perna de envergadura assutadora e prensando a bola quando menos esperam. Além de tudo é colombiano.

Rodrigo Meléndez


Ele costuma jogar de primeiro volante. Mas também atua como zagueiro e líbero. E mesmo posicionando-se na intermediária defensiva, ele é mais zagueiro que todos os zagueiros. O chileno Rodrigo Meléndez é sosia do escudo do próprio time. Devido a sua linhagem de 3.000 anos de descendência puramente indígena, percebe-se evidentemente que nenhum europeu jamais tocou nas matriarcas da família Meléndez. Não existe sequer um glóbulo vermelho não-indígena nas veias de Meléndez, o que o torna a essência, o estado puro, o tipo ideal do índio sulamericano. Meléndez joga sóbrio e faz o fácil com a bola no pé. Toque pro lado, cabeça erguida, quando se mostra oportuno um lançamento preciso... sem floreios, sem exageros. Sucinto como um volante deve ser. Filósofo do meio campo, quando sem a bola é visto em dois momentos: carrinhos cirúgicos e irrepreensíveis que quando não tiram a bola do domínio adversário, leva-o a lona. Quando em pé, é o inventor e principal executor da marcação abutre. A marcação abutre consiste em rodar o adversário como essa distinta ave faz com a carniça, esperando o ângulo e momento certos para dar o bote preciso.
Meléndez além de tudo tem o papo boleiro, o correr clássico, a camisa pra dentro e a austeridade de grande ícones do futebol romântico. Ve-lo em campo é como observar o futebol clássico em cores. Não vi Beckembauer, mas vi Meléndez.

Waldo Ponce


O arquétipo perfeito de zagueiro do cone sul. Assim que abri o pacotinho de figurinhas do álbum da Copa do Mundo 2010 e dei de cara com a foto do Ponce, olhando pra cima com a expressão de bravura digna de Che Guevara, cabelos longos e faixa preta, percebi que se tratava de um zagueiro diferenciado. Felizmente, acompanhei-o jogando contra o Flamengo alguns dias depois pela libertadores usando a camisa do Universidad Católica. E, meus amigos... que aula. Vagner Love não ganhava UMA dividida se quer. Desarmes duros e precisos, carrinhos majestosos. Além das qualidades básicas inerentes a um bom zagueiro latino, Ponce sabe bater na bola e tem um domínio eficiente. Além, é claro, dos gols de cabeça que consagram todo zagueiro. Xabi Alonso ainda lembra de Ponce toda a vez que sente uma dor no tornozelo.

Victorino


Mais um ídolo que o Flamengo fez questão de consagrar. Deixou a marca dele no Maracanã e ajudou a LA U na derrocada Flamenguista. Mas não só de gols marcantes e suados se constrói um zagueiro. Victorino honra a escola uruguaia. É bom na jogada aerea, forte nas dividias, cirúrgico nos carrinhos... um monstro na zaga. Seu cavanhaque de bode é a moldura do olhar de gavião que acerta a bola majoritariamente em seus carrinhos e botes. Por não ser muito alto, Victorino e rápido, isso o torna capaz de seguir os atacantes na corrida e sempre frustrar as tentativas de chute a gol ou cruzamento. Victorino se construiu na libertadores e chegou ao mundial pronto para fazer compor uma das zagas mais românticas da história das copas do mundo junto com Lugano, Scotti e Godín. Para estar entre estes, ainda como titular em diversas partidas, é preciso ter uma virilidade que só aquele cavanhaque é capaz de dar.

Andrés Scotti


Scotti já era admirado por suas habituais participações na Copa Libertadores, quase sempre ratificadas com um singelo cartão amarelo ou vermelho dado pelo distinto senhor que porta um apito. Zagueiro da seleção uruguaia, alto e duro como um general em campo de batalha. Ganhou seu lugar aqui no panteão de ídolos defensivos, grandes jogadores que me inspiram e que eu carrego um pouco de cada um deles dentro de mim devido a sua última participação nas quartas de final da copa do mundo de 2010 ostentando a camisa 19 do Uruguai, substituindo ninguém menos que o capitão Diego Lugano. Esse parágrafo que escrevi sobre seu desempenho nesta partida justifica bem sua inclusão aqui: "Scotti é um zagueiro à moda antiga, do tipo que ainda "manda flores" aos atacantes. Alto, forte, bruto como uma pedra e não tem medo de cara feia. Scotti aliás, merece um capítulo a parte na história do jogo. Salvou três jogadas impressionantes, uma bola em que o atacante ganês dominou girando no meio da área, quase na marca do penalti, mas entre ele e a bola apareceu imponente e altaneiro Scotti para evitar o chute. Já na prorrogação, o assustador Arévalo faz uma lambança demente na área e perde a bola. Quem aparece de carrinho para bloquear do chute, arrumar a bagunça e ainda deixar uma marca roxa no tornozelo de Gyan? Scotti, claro. E por fim, em mais um lance capital, Scotti aparece antes do atacante ganês após um rebote do goleiro Muslera e evita que este finalize em direção ao gol desprotegido."

Reynoso


Ser zagueiro e capitão é uma combinação precisa. É como uma solução química, onde apenas 0,001% de erro fode tudo, havendo ainda a possibilidade razoável de explosão ou fedor perene. Eu não entendo nada de química, mas sei que é necessário um equilíbrio minucioso para obter determinadas soluções. Também é assim com a solução zagueiro-capitão. Essa combinação notável é composta por: moral no clube + história com o clube + identificação com a torcida + conhecimento tático + bastante brio + agressividade ou habilidade acima do comum + conhecimento de diversos xingamentos + olhar raivoso + força bruta. Transpondo isso para a linguagem química, com a ajuda da nossa especialista na questão Carla Diederichs, temos a seguinte equação:
(Mt + Ht).It + Ct + B³ + (CdX : Ag) + Hb > Cmn + Or + Fb
Ou pra quem prefere gráficos, algo assim:

Parece complexo, não? E é. Reynoso é um dos gênios da química que conseguiram condensar essa sofisticada solução com equilíbrio exato. Coisa para poucos e honrados jogadores.
Reynoso apareceu para os meus olhos na libertadores de 2009 com uma atitude de futebol romântico, aquela velha provocação à moda antiga que todos nós aplaudimos. No ápice da gripe suína, o mundo com medo, novos infectados aparecendo em todos os lugares, as primeiras mortes em decorrência da doença ocorrendo, enfim, nesse contexto meio caótico aonde o México, terra natal de nosso querido Reynoso apresentava o maior número de ocorrências da nova doença, era realizado no Chile uma partida entre Chivas e Everton pela primeira fase da libertadores. No segundo tempo, o zagueiro argentino (tinha que ser) Penco, do time chileno, teve a infeliz idéia de desestabilizar Reynoso chamando-o de leproso e infectado. Qual atitude uma pessoa normal teria? Ignoraria? xingaria de volta? chorava e contava pra mamãe? Visto que Reynoso não é um qualquer, tomou a atitude que só um zagueiro-capitão tomaria, espirrou, cuspiu e assoou o nariz na cara do sujeito. (risos).
Em meio a uma epidemia que preocupava o mundo, Reynoso simula querer passar a pretensa doença ao adversário. Isso demonstra que ele tem sangue nas veias, sangue quente. Como se não bastasse isso, Reynoso mais uma vez decide brindar-nos com o ar de sua glória e chega a um dos pontos mais altos da carreira de um jogador, a final de uma libertadores. Já sendo seguido com um olhar atencioso e carinhoso por todos os amantes do futebol-essência, conhecedores do seu currículo, alvo dos holofotes de quem busca algo mais que passes para o lado, truques de bichinhos amestrados e resmunguice. Os olhares a ele voltados foram recompensados com uma gama de carrinhos, desarmes e entradas duras. Olhares que ao verem espelhados em sua retina a imagem de Reynoso, em frente ao juiz, desferir na moita quatro cascudos nas costas de Rafael Sóbis pensaram ter visto o cume da exibição de Reynosos na partida. Porém, nunca se pode achar que um gênio esgotou suas possibilidades. Ao final da partida, após o derradeiro apito, Reynoso começa a querela. O grito de revolta e raiva do derrotado. O grito que ultrapassa a forma sonora e se manifesta também por socos e pontapés. Confusão devidamente instaurada no gramado do Beira-Rio, com direito a Bautista correndo atrás dos outros usando uma muleta como arma, e alguns hematomas como preço a se pagar por impedirem o capitão Reynoso de levantar os vinte quilos de esplendor e glória da taça libertadores.
Reynoso demonstra, mais uma vez, que tem sangue nas veias em meio a outros jogadores com veias entupidas de dinheiro. O dinheiro que o coração bombeia para todo o corpo e é a diretriz dos sentimentos deles, o dinheiro que irriga o cérebro e é a conduta de todo pensamento que de lá sai. Obrigado Reynoso.

Dedé


Quando você escuta a palavra "Dedé", o que lhe vem a mente? Um dos trapalhões ou um bichinho de pelúcia? Um bebê aprendendo a andar? Qualquer que seja a sua resposta, eu garanto que ela não seria "um príncipe ébano de 1,92cm que jamais cai em trombadas violentas e se impõe em todas as situações". Dedé é um exemplo de que daonde se menos espera pode sair algo brilhante. Confesso que nas primeiras atuações não encheram meus olhos castanhos, porém ao olhar cada dividida ganha, cada chute bloqueado, cada desarme certeiro, cada rebatida de bola, é impossível negar que Dedé é um dos principais responsáveis pela ascenção do Vasco no segundo semestre de 2010 se não for o principal. Atuações brilhantes em todo os jogos, uma entrega absoluta, uma altivez e sobreposição impressionantes sobre os atacantes. Dedé jogando é pura poesia, a arte de defender sob sua perspectiva mais institiva, sem requintes ou ornamentos, onde o vigor da imposição física e a exatidão da travada na bola, o roubar bruto do objeto de desejo do jogo cria uma beleza própria, inerente ao ato da destruição do propósito adversário. Já posso falar sem medo que Dedé é um ídolo.
Exemplo de um milagre do Deus Dedé pode ser visto no gif à esquerda. Alguém mais seria capaz disso?














Tuzzio


Nã há nada mais belo que um carrinho gratuito do Tuzzio. Seus traços másculos, retos e brutos, como uma estátua talhada violentamente, são o espelho de seu futebol simples e objetivo. Zagueiro não pode ser mole, tem que ser um muro, e isso o Tuzzio é. Sempre abrindo os braços com suas costas largas servindo de escudo, com total domínio da situação, nunca sai perdendo na jogada. Um porte de zagueiro clássico, alto, esguio e bruto, pronto pra encarar qualquer parada, seja pelo alto, seja dando um carrinho-trator pra encerrar logo a discussão. Mais bonito que o carrinho gratuito do Tuzzio que tira o chão do adversário, são seus pênaltis batidos com uma violência ímpar, um pelotazo alto também conhecido como pênalti-coragem, porque ou é indefensável e vai rente ao travessão ou vai pra fora do Estádio.

Yepes


Mais um da velha guarda da zaga sulamericana. Na foto acima vemos Yepes fazer o que sabe de melhor, carinhos certeiros. Uma das habilidades mais preponderantes do futebol de Yepes é justamente esse carrinho rápido. Quando o atacante menos espera yepes dá um pulinho pra cima e mira as penas na bola (às vezes sobra pra um tornozelo também) e aí, amigo, um abraço. Como todo representante da Velha Guarda, Yepes não foi criado com essa onda hipócrita de ética demagoga e inócua de "ai, fazer falta é feio nhénhénhé vou contar pra mamãe". Falta faz parte do futebol e o Yepes sabe usar esse artifício com uma astúcia admirável. Pra que dar um pontapé grosseiro e ser expulso se apenas um encontrão já acaba com o ataque? O pontapé a gente guarda pra distribuir em momentos especiais, porque também faz parte do futebol. "Ah, mas futebol é arte, é passar o pé em cima da bola e equilibrar ela igual um animal adestrado no circo..". Tudo isso faz parte do futebol. A beleza, a violência, a irrerência, assim como essas coisas fazem parte da vida também. Criminalizar umas porradas de vez em quando é querer normatizar as paixões que entram em campo (não tô dizendo que se deva quebrar a perna de ninguém, embora alguns até mereçam, mas um roxos e inchados não matam ninguém) E Yepes sabe disso.










Menção Honrosas(caras que eu não vi jogar porém respeito imensamente):

Hugo de León
Bellini
Elias Figueroa
Franz Beckenbauer
Domingos da Guia
Djalma Santos

A última vez em Triagem


A imagem diante de você enquanto você é tratado feito lixo e fica jogado às traças como um animal esperando eternamente sem agua, sombra ou dignidade.

As últimas lembranças desse fatídico lugar já presumiam mais uma manhã sofrida. Toda a espera, todo o suor, toda a sede, o tédio, dor de cabeça, todas essas credenciais caminham junto a palavra Triagem. Saindo de casa 5:15 da manhã e chegando as seis, conforme manda o figurino. As ruas quebradas de cimento rachado e desnivelado, cortado por asfalto irregular e sinuoso continuavam as mesmas. As casas com a mesma sujeira, o ambiente todo com o mesmo ar soturno e lúgubre. Todos os apectos decadentes da civilização estão estampadas naquelas paredes sujas.
Após uma hora e meia na fila, encostado ao muro do exército, caminhamos para dentro para mais horas de espera. Nos são dadas informações de praxe óbvias e idiotas e a logística é explicada. A espera trajando pesadas calça jeans que fica cada vez mais difícil de carregar conforme se encharca de suor. O sol forte extrai gota a gota toda a água de seu corpo. Com a boca ressecada e a paciência devidamente massacrada, por volta de 9:30, recebo a notícia de que fui enquadrado no excesso de contigente. Não chegou a ser um alívio ou consolo porque já era esperado. Somente esbocei um sorriso com o seguinte diálogo a minha frente de um rapaz de óculos choramingando com expressão tristonha de quem havia acabado de ser convocado a contragosto a se apresentar ao exército:
- Mas aonde fica esse quartel? pergunta o pobre coitado
- É o forte do leme.. Se você pegar o 474, passa pelo centro e então.. mas aonde você mora? diz a até então atenciosa *feminino de soldado*
- Copacabana
- Ah! então você vai a pé meu filho, é no fim da praia.
Essas pequenas coisas que dão algum sentido ao alistamento militar obrigatório. Um merda desses tem que limpar privada mesmo.
E então mais espera. A boca seca, a cabeça não consegue pensar em outra coisa senão ir embora.. é mais que uma tortura física, é psicológica também.
Surge um oficial e com ele a esperança de chegar a hora de partir. Esperança que se revela vã a partir do momento em que ele de mãos vazias começa mais uma bateria de recados vazios e evidentes. Quando mais um diálogo, protagonizado pela estrela inesquecível Tenente Pimentel e sua lingua presa contra uma vítima sofredora:
- Filho, onde você foi designado a ir? em qual quartel. Diz o Tenente com sua voz marota e malandra
A resposta veio em forma de um sussurro ininteligível. Aliás, se entendia um "ss". Foi o suficiente para Pimentel e sua astúcia responder:
- SS minha pica, fala direito.
E pronto, mais gargalhadas na conta do lendário Tenente Pimentel.
Seguido disso mais espera. Uma demora que punha em prova meu equilíbrio psicológico, cada segundo soava como século. Enfim a redenção. O grito de liberdade foi um: "Lucas da Cunha o resto eu não sei". A euforia sofrida, a explosão de alívio e alegria. Minhas pernas estavam estafadas, minha cabeça quente e incapaz de formular qualquer pensamento que fugisse de "água" e "casa".
Tem aquelas peças que a vida prega na gente. Quando achavamos que era só curtir a salvação, a alforria militar, nos dirigimos a uma lanchonete humilde em uma esquina. Peguei um sprite de garrafa e coloquei na bancada. Uma velha gorda e maltratada olhou e ignorou solenemente. Eu, estupefado e aturdido pela sede, calor e cansaço, não entendi bem a espera da citada mulher em abrir minha garrafa. Até que outro aparece com a garrafa e esfregando uma nota suja de dois reais na cara dela e tendo sua garrafa prontamente aberta. Eu já estava puto da vida, fiquei mais ainda. Peguei a única nota que levava em minha carteira, de vinte reais, e falei que era só o sprite. Sou respondido da forma mais grosseira que se pode imaginar com a frase: "Num tem troco não." Mas que filha da puta... ela em toda sua estupidez e boçalidade me afasta do orgasmo gelado daquele sprite. A sorte é que o Couto me salvou e emprestou um real o qual eu completei com meus cinquenta centavos a paguei a garrafa. Que não foi aberta. Eu mais puto do que poderia imaginar que um dia ficaria, peço rispidamente pelo maldito abridor de garrafa. Se eu ao menos estivesse com meu chinelo e seu inusitado abridor de garrafa na sola. E então ela com uma cara fechada monstruosa de quem tem uma vida amarga abriu-a. E eu senti a presença de Deus. 290ml de Deus.
Voltei exarcebando minha raiva por aquelas mesmas ruas tristes mais quentes contra aquela que atrasou a salvação merecida. É por ser ignorante, boçal, tapada e rude que vai viver cerceada por sua mente pequena e limitada naquele lugar podre, feio e triste. Se afogando em suas amarguras e tristezas, com sua vida vazia torturando-a dia após dia. Contando os centavos para sobreviver mal e porcamente, levando consigo para sempre esse pobre comportamento filisteu.
Para completar a festa, o vagão do metrô contava com uma fedelha miserável com pais ordinários que aceitavam com um sorriso retardado os incessantes berros emanados por essa maldita infeliz. Como se não bastasse toda a fatiga, todo o desgaste psicológico de mais de cinco horas de tortura, os gritos agudos dessa desgraçada deram o golpe de misericórdia na minha sanidade.
Mais uma experiência horrível em Triagem. O que consola e dá forças para respirar serenamente é que foi a última. Jamais terei minha vid sugada por estes incompetentes de novo.
A única coisa boa disso tudo é que essa é a hora da galera endinheirada de zona sul, filhinhos de papai se foderem um pouco na vida. Pegam fila, passam calor e sede e tomam um chá fortíssimo de cadeira. Ou melhor, de cimento.
Adeus Triagem, espero nunca mais lhe encontrar novamente.

domingo, 3 de janeiro de 2010

O Danúbio Azul



Como pode ser conferido neste link: http://minhacavernanoaltodamontanha.blogspot.com/2009/12/inedito-titulo-de-campeao-uruguaio.html passei por muitas dificuldades durante essa empreitada. Entretanto, o apoteótico fim estava por vir. A conquista suada do apertura mostrou que o time tem condição de lutar, como azarão, mas luta. E vou continuar a saga do ponto em que parei, as contratações de Pinto e Meléndez.
Junto com os dois chilenos viram o lateral-esquerdo colombiano Viveros (ex-cruzeiro), e os uruguaios Jorge Anchén, lateral-direito e o atacante Canobbio com seus 36 anos. É inegável que aumentou a qualidade do time, mas eu não sabia até que ponto. Durante todo o clausura eu permaneci entre os quatro primeiros, terminando em segundo bem atrás do forte e tradicional Nacional. E era este Nacional que eu iria enfrentar na final.
Final esta que não é bem uma final, o campeonato uruguaio tem uma fórmula de disputa meio insana nestes chamados "playoffs". Existem dois. Não me perguntem pra que serve o primeiro, mas existem dois playoffs.

Primeiro Playoff:

Jogo de ida
Danúbio 2 x 1 Nacional
Gols: Sebastián Pinto 5' 1-0; Rodrigo Meléndez 18' 2-0 e Nicolás Lodeiro 38' 2-1
Jardines del Hipodromo, Montevideu
Danúbio: Conde; Rodríguez, Silva, Meléndez e Viveros; Sosa, R. Rodríguez, Grossmüller e Leguizamón; Canobbio e Pinto.
Nacional: Pérez; Nuñes, Lembo, Coates e Figuelra; Ferro, Brum, Pereyra e Lodeiro; Balsas e García.

O jogo: Comecei avassalador e já construi um 2 a 0 com menos de vinte minutos. O que parecia ser fácil torno-se tenso a partir do final do primeiro tempo quando o Nacional assumiu o controle do jogo e diminuiu o placar. Após a expulsão de Sosa aos 82' o time do Nacional tentou crescer mais ainda na partida, porém três minutos depois o lateral do Nacional é expulso e tudo se equilibra de novo.

Jogo de volta
Nacional 3 x 2 Danúbio
Gols: Grossmuller 31' 0-1; Vera 37' 1-1; Nicolás Lodeiro 57' 2-1; Biscayzacú 75' 2-2 e García 90' 3-2
Danúbio: Conde; Rodríguez, Silva, Pumar e Viveros; Meléndez, R. Rodríguez, Grossmüller e Leguizamón; Canobbio (Biscayzacú) e Pinto.
Nacional: Pérez; Nuñes, Lembo, Coates e Figuelra; Ferro, Brum, Pereyra e Lodeiro; Balsas e García.

O jogo: Quando eu abri o placar fiquei felizão. Me senti invencível e pude sentir a textura inigualável do troféu em minhas mãos. Mas logo depois eu tomei uma virada e a alegria virou desespero. Mas com o empate de Biscayzacú, o uruguaio de nome estranho que eu confiei para por no intervalo, a serenidade voltou a tomar conta de mim. Praticamente não lamentei o empate aos noventa, o critério do gol fora de casa me dava a vitória.

Mas tudo isso foi vão. Eu recebi a notícia de que teria que enfrente novamente o mesmo Nacional em outro playoff com as mesmas regras. Será que eu teria a mesma sorte?

Segundo Playoff:

Jogo de ida
Danúbio 3 x 1 Nacional
Gols: Grossmuller 9' 1-0, Grossmuller 26' 2-0; García 38' 2-1 e Pinto 49' 3-1
Danúbio: Conde; Rodríguez, Silva, Pumar e Viveros; Meléndez, R. Rodríguez, Grossmüller e Viudez; Biscayzacú e Pinto.
Nacional: Pérez; Nuñes, Lembo, Coates e Figuelra; Ferro, Brum, Pereyra e Lodeiro; Balsas e García.

O jogo: Tudo soava como um grande dejà-vu. Abri o placar passando como um rolo compressor e dominando a partida. Mas eles diminuiram. Só que dessa vez, meu time fez mais um e segurou uma excelente vantagem para o jogo de volta. Destaque para a nova contratação Tabaré Viudez de vinte anos que infernizou na ponta direita e criou várias chances, substituindo a altura o craque do time Leguizamón que foi caçado em campo e ficou machucado. O primeiro passo rumo a glória foi dado.

Jogo de volta - Jogos para sempre
Nacional 3 x 2 Danúbio
Gols: Pérez contra 23' 0-1; García 35' 1-1; García 54' 2-1; Regueiro 55' 3-1 e Biscayazacú 91'' 3-2.
Danúbio: Conde; Rodríguez, Silva, Pumar e Viveros; Meléndez, R. Rodríguez, Grossmüller e Viudez; Biscayzacú e Pinto.
Nacional: Pérez; Nuñes, Lembo, Coates e Figuelra; Ferro, Brum, Pereyra e Lodeiro; Balsas e García.

O jogo: Essa foi uma final com requintes de crueldade. Nem Alfred Hitchcock, o mestre do suspense, pensaria em um enredo tão angustiante. Quando abri um placar com um gol contra originado em um cruzamento do diablo Valdez, me senti no topo do mundo! Três gols de vantagem. Eu era uma crinça inocente se lambuzando em ilusões. Mal sabia eu que o pior me aguardava. Eles me dominaram por completo e fizeram 3 a 1, sendo que se fizessem 5 não seria exagero. Pra completar meu lateral-direto é expulso aos 30 do segundo tempo. Eis que surge a salvação, um penalti completamente achado sem propósito a 8 minutos do fim. Grossmuller o craque do campeonato que nunca havia perdido um penalti vai bater e.... PERDE!! Senti o título ir embora numa goleada vexaminosa e humilhante. O jogo fica morno e meu time se segura. Já estava rezando para me dar bem nos penaltis quando nos acréscimos uma bola é alçada na área e no meio de uma confusão e bate-rebate, Biscayazacú, o herói do título empurra pra dentro. Loucura geral, título garantido.
Me orgulho muito do meu time que evoluiu tremendamente durante o ano e conseguiu da maneira mais uruguaia, copera y peleadora possível conquistar o topo do futebol uruguaio.
Que venha a libertadores e a sulamericana! Y los malditos brasileños.

Os heróis:

*Rodrigo Meléndez zagueiro e volante chileno de 32 anos não esteve presente no print do título por estar machucado. Mas foi peça essencial.

Ganhei o prêmio de treinador do ano. HIHIHI. Tem que respeitá!

sábado, 2 de janeiro de 2010

Os caras mais machos da história

Vivemos em uma época aonde ser homem não está na moda. Seres dotados de pênis se depilam, utilizam maquiagem, tiram foto sem camisa no espelho com a lingua pra fora, dançam rebolativamente... é o fim dos tempos, meus amigos. O conceito de homem foi deturpado através das décadas e agora é isso o que se vê pelas ruas, nas telas de cinema, nas revistas. Um bando de viadões que pintam o cabelo, utilizam roupas chamativas e coladas e raspam todos os pêlos do corpo.
Antigamente não era assim, na aurora da humanidade existiam verdadeiros homens. Os destemidos que olhavam para tudo com indiferença e soberba, não ligavam pra frescuras e não tinham tempo para vaidades. Estes sim merecem ser chamados se homens, estes que carregavam em seus passos firmes e barbas grandes o prazer de ser macho.
Ser macho não é pra qualquer um. Ser macho exige qualidades que nem todo o homem é capaz de carregar. É necessário um dom.
O macho é viril, auto-confiante, destemido e sábio. Sabe a hora em que ter que ser arrogante e dominar a situação tanto quanto a hora de ser gentil. Ignora as insignificâncias alheias. Ser macho é bastar-se a si mesmo. Outros nuances e características compõem os diferentes tipos de macho, mas esses valores acimas citados são intrínsecos a macheza pura. Os exemplos de macheza abaixo são alguns dos baluartes dessa raça que infelizmente vem se extinguindo.

1. Rasputin
Grigori Yefimovich Novykhn nasceu pobre e fodido em uma Rússia decadente e digna de pena. Ganhou o singelo pseudônimo de Rasputin, que é equivalente a pervertido em russo, por seus hobbies da época de adolescente que incluiam mulher e vodka. Mas Rasputin se revelou mais do que um beberrão comedor safado. Além do fato de ter 28cm de pênis, o que já é suficiente pra ser um símbolo da macheza, ele é curandeiro, profeta, bruxo e saiu de um buraco na Rússia para (supostamente) comer a mulher do Czar e organizar altas surubas no palácio real. O cara mandava na Rússia. Como se não bastasse, os invejosos diante do sua enorme genitál..., digo influência, tentaram mata-lo. Primeiro com veneno, mas a sua cirrose filtrou a substância. Em seguida, uma enxurrada de tiros e após castra-lo e arrama-lo, Rasputin foi jogado em um dos gélidos rios russos. E morreu...congelado. Em fevereiro do ano seguinte, o corpo foi exumado e queimado pela multidão. Dias depois, numa autópsia, o coração de Rasputin foi retirado e guardado na Academia Militar de Medicina. Em 1930, o coração sumiu misteriosamente. Ainda, conta-se que Rasputin teria previsto sua morte e profetizado uma tragédia. Numa carta enviada ao czar, o bruxo dizia que se Nicolas ou algum de seus familiares tivesse a intenção de assassiná-lo, nem o czar nem ninguém de sua família viveria por mais de dois anos. O fato é que dezenove meses após a morte do místico, o czar e toda sua família foram executados por revolucionários bolchevistas.
Tremei diante de Rasputin. Tremei.



2. Stallone Cobra
Direitos humanos? Porra nenhuma! Vai falar de direitos humanos pra família daquele cara que morreu no supermercado, aonde o Cobra acabou com o bandido com graves problemas psiquiátricos de modo brilhante. Todo macho tem que mandar frases de efeito. Impõe respeito e logo mostra quem é que manda. Cobra faz isso como poucos. Frases como: "Você é a doença. Eu sou a cura.", "Com louco eu não negocio, louco eu mato." e "Você é um...cocô. E eu vou matar você", são socos verbais na cara de qualquer um que se atreva a se meter com Stallone. Cobra destroça o crime com um punho violento e uma cara de mau humor. Machos raramente sorriem, eles sempre tem um ódio que os corrói pro dentro.



3. Clint Eastwood

Todos sabem que no velho oeste se fabricavam valentões em escala industrial. Não é fácil sobressair em um ambiente onde todos cospem no chão, andam armados, tem barba e tomam whisky de manhã. Os saloons com suas meretrizes, jogos de azar e alcool é um playground para qualquer macho. Clint sobressaia. Um cara que chega na cidade e a primeira palavra que diz é: "Beer." e a segunda: "Whisky." E após três pobres coitados se meterem com ele e terminarem com balas na testa, estupra uma loira insolente e manda na cidade. E não gostou? Reclama com ele. Frase esta que sempre é respondida com uma expressão de impotência e um andar fraquejado para trás.




4. Gattuso


Nos tempos do "joga 10", "joga bonito" e essas campanhas publicitárias de merda que exaltam o malabarismo vazio em detrimento do bom futebol, Gattuso dá porrada mesmo. Pra todos aqueles que vem de graça, o destino é sempre o mesmo, comer grama. É gratificante ver que ainda existem jogadores que descem o cacete mesmo e foda-se. Que STJD, Nike e essa trupe ridícula de garotinhos que acham que ser boiola é legal aguentem o roxo na canela. A prova de que europeus ainda tem uma salvação, embora seu futebol esteja morto e enterrado pelo dinheiro.

Menções honrosas:
John Wayne
Josef Stálin

Ainda vou escrever mais aqui, tá calor e eu quero deitar. Maldita mania de fazer tudo nas coxas. Depois fica uma merda e eu reclamo.