quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Eu seria mais feliz se...

- Tivesse um arpão e caçasse baleias brancas
- Se eu sobrevivesse da pesca em alguma pequena aldeia isolada no Espírito Santo.
- Soubesse tocar Hungarian Rhapsody No.2
- Passasse as tarde de domingo tocando banjo na minha fazenda
- Viajasse pela América do sul
- Tivesse uma grupo de pelada semanal
- Obtesse crédito ilimitado para compra de livros
- Filmasse com uma super-8
- Tirasse fotos com uma polaroid
- Aprendesse a cozinhar
- Ganha-se uns trocados tocando sax numa praça em Praga
- Atacasse algum símbolo do capitalismo com uma foice e centenas de caras barbudos
- Tivesse uma barba digna de um profeta do século XVIII
- Falasse alemão fluentemente
- Assistisse um Rosário Central e Newell's Old Boys no Gigante de Arroyito
- Minha namorada fizesse faculdade de filosofia comigo
- Controlasse meu relógio biológico
- Tivesse um quarto com isolamento acústico, caixas de som imensamente potentes e uma coleção vasta de vinis
- Dirigisse um filme
- Fundasse uma seita
- O todos os Fifas tivessem as ligas sulamericanas licenciadas
- Lançassem um Rock Band do Dire Straits e um do Pink Floyd
- Fumasse charuto com o Freud
- Fosse compositor de música erudita
- Emagrecesse comendo alfajor e tonificasse os músculos com bolinhos de baunilha
- A União Soviética não fosse dissolvida
- Existisse schweppes citrus dois litros
- Tivesse uma polaroid e uma câmera super-8 para gravar momentos significativos
- Não aprovassem a Lei Pelé
- Tivesse um DeLorean que viajasse no tempo. Mesmo que não viajasse no tempo.
- Possuisse mais paciência e afinco para realizar minhas idéias
- O senso comum fosse uma doença venérea
- Meu cachorro fosse imortal
- Morsas, bisões e pinguins vivessem no meu jardim
- O futebol não fosse corrompido pelo dinheiro

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Curriculum vitae

Lucas Gevartoski
Brasileiro, Argentino e Uruguaio.
Vascaíno

Títulos:

Championship Manager 01/02:
4 Campeonatos Cariocas (Vasco)
2 Campeonatos Mineiros (Atlético Mineiro, Cruzeiro)
3 Campeonatos Paulistas (São Paulo e Corinthians)
1 Campeonato Gaúcho (Grêmio)
3 Campeonato Brasileiro (Vasco, São Paulo, Cruzeiro)
1 Copa Mercosul (Vasco)
4 Campeonato Português (Porto)
2 Campeonato Inglês(Manchester United)
1 F.A. Cup (Manchester United)
1 Campeonato Espanhol (Barcelona)
1 Copa do Rei (Barcelona)

Football Manager 2005:
1 Copa do Rei (Real Madrid)
1 Supercopa da Espanha (Real Madrid)
4 Campeonato Português (Porto)
3 Copa de Portugal (Porto)
1 Champions League (Porto)
1 Copa da UEFA (Porto)
1 Campeonato Brasileiro (Vasco)
2 Libertadores (Corinthians)
1 Campeonato Brasileiro (Corinthians)
1 Mundial (Corinthians)
3 Campeonato Paulista (Corinthians)

Football Manager 2008:
1 Libertadores (Vasco)
1 Copa do Brasil (Vasco)

Football Manager 2010:

3 Campeonatos Uruguaios (Danubio)
1 Libertadores (Danubio)

Somente foram contabilizados os títulos marcantes, os quais eu relembro tudo nitidamente. Muitas supercopas, estaduais infelizmente foram deixados de lado neste singelo inventário. FM's e CM's como o 03/04, 4, 06 e 07 eu não tenho plenas recordações portanto não me dei o trabalho de relembrar tudo. Isso é a ponta do iceberg da minha experiência manager. E o 2010 promete muitas conquistas sulamericanas.

Inédito título de campeão uruguaio


Gostaria de prestar uma homenagem ao meu primeiro título de campeão uruguaio. Conquistado com o Danúbio, clube não muito badalado, mas que vem crescento nesta última década no cenário do futebol uruguaio. Apesar da notória decadência de Peñarol e Nacional, os dois ainda mantém uma estrutura geral, financeira e de qualidade de elenco, superiores ao do Danúbio. Os dois gigantes uruguaios junto com Defensor Sporting, que está anos luz na frente no coeficiente geral para a classificação aos torneios continentais, eram os principais adversários nessa empreitada. O time do Danúbio é ruim e falido, mas o nome que remete a tranquilidade da valsa de Strauss e do importante rio europeu e a camisa com faixa me seduziram a esse desafio.
O campeonato uruguaio é curto. O apertura, o torneio cujo eu levantei o caneco, tem apenas 15 jogos. Pontos corridos e que vença o melhor. Meu time é falido e fraco, tive que correr atrás de reforços urgentes. Logicamente, apenas jogadores desvalorizados e sem clube. Montei um elenco desacreditado. Marcelo Sosa, volante de 31 anos com passagem pela seleção assim como os meias Mário Leguizamón e Marcelo Tejera de 27 e 36 anos respectivamente lideraram o time junto com o já de casa goleiro Esteban Conde. O atacante veterano argentino Martín Cardetti contratado com grande expectativa não correspondeu marcando apenas 3 gols em 12 jogos. O time jogou em seu limite. Na penúltima rodada um empate heróico sem gols fora de casa contra o Defensor Sporting. Na última rodada fomos enfrentar forte Peñarol fora de casa em um jogo perigosíssimo. Definitivamente não estávamos numa boa situação apesar do empate nos segurar o título mesmo com uma vitória da surpressa Cerro. Sofremos uma derrota compreensível por 3 a 1, mas a festa começou ao sabermos do empate por 0 a 0 entre Cerro e Cerro Largo, na casa do Cerro. Campeões do Apertura por um ponto!
E assim ficaram os cinco primeiros:


Eis abaixo o time base:


Agora para o clausura e o sonho da libertadores, tem que ter muita paciência porque o time tem que melhorar muito. Os chilenos Rodrigo Melendez, xerife do Colo Colo e Sebastián Pinto, matador do Audax Italiano, chegam para dar mais qualidade ao time que precisa evoluir bastante para chegar ao sonho de eliminar brasileiros da libertadores e sulamericana.

O motivo da foto



As reações das pessoas quando vêem a foto de James Douglas Morrison de fundo de tela no meu celular e/ou iPod não são sempre iguais, mas são invariavelmente da mesma natureza. O olhar a foto é seguido por perguntas de "quem é?" e "que barbudo feio". Enfim, sempre a mesma ladainha vazia.
Mas o que interessa na foto não é a figura do Morrison. Não é a mesma coisa que um pôster de algum atorzinho depilado meia-boca holywoodiano no armário de uma adolescente acéfala qualquer. A essência da foto é o simbolismo dela, é isso que me cativa profundamente. O retrato mostra um Morrison cansado. Um olhar de tédio, com uma expressão de quem não está achando nada engraçado. Mas do que Morrison estaria cansado? O que teria aborrecido um rockstar que tem tudo que possa querem na sua mão?
Como todos deveriam saber, Jim Morrison era um sexy symbol. Um homem que era atacado pelos mais diversos tipos de mulheres e tido como um dos astros mais bonitos do mundo. Um homem normal (leia-se: Um babaca fútil que se curva aos valores vazios e doentes da sociedade) iria se apoiar nos seus atributos físicos para ganhar seu dinheiro, fazer sucesso e levar essa vidinha miserável que tantos almejam. Porém o líder do The Doors não desejava ser visto como um rosto bonito, um pedaço de carne. O objetivo dele era obter reconhecimento e admiração por suas palavras e idéias. De saco cheio dessa merda toda, Jim engorda e deixa a barba crescer. A partir dessa atitude, ele se desprende de toda a massa de irrelevantes desprovidos de algo a ser dito que poluem o ambiente artístico. O resultado é exposto no retrato acima. Uma feição altiva, honrada e única.
O ato de renegar esse sucesso superficial e não se prestar ao papel de ser mais um bonitinho tirando fotos e sorrindo feito um retardado pra ganhar dinheiro é de uma ética e dignidade que a maioria dos humanos já perdeu há séculos e séculos.
Essa foto é o símbolo do NÃO cuspido na cara dessa indústria grotesca que trata o que se convencionou chamar de "estrelas" como atrações circenses. Um tapa na cara de todos esses que acreditam que qualquer um se vende, que não exista mais consideração por dotes morais e/ou intelectuais. O preto e branco reforça mais ainda o caráter impertinente da foto. O objetivo não é ser exposto, é falar pra quem quer ouvir.

sábado, 19 de dezembro de 2009

A lágrima do futebol


Neste dia 19 de dezembro, o futebol sofreu mais um golpe. Pela decisão do título mundial de clubes, foram postos frente a frente o campeão da américa do sul, Estudiantes de La Plata da Argentina e o campeão europeu, Barcelona da Espanha. Mais que a defesa de seus países, cores e escudos, o jogo simbolizava o confronto de dois diferentes tipos de futebol. O futebol clássico, de salários aceitáveis, de garra e raça. O futebol em sua essência, representado pelo Estudiantes e capitaneado pelo louvável Juan Sebastián Verón. De outro lado, o futebol empresa, marketing e financeiro. Corrompido completamente por dinheiro, cifras astronômicas e interesses questionáveis. Os europeus do Barcelona são o espelho do futebol moderno. Morrem os clubes e nascem as empresas. Se colocam ações em bolsas, se preocupa mais com o números de vendas e receitos do que com os de gols marcados. Esse modelo imundo e indigno, assassino do verdadeiro futebol, formador de exércitos de mercenários e desvirtuador do verdadeiro objetivo do futebol, que é a vitória, a glória e ser o melhor para lucrar mais e ganhar mais dinheiro em cima de transferência ou de torcedores.
Esses dois pólos se encontravam no gramado de Abu Dhabi. Óbviamente, o marketing do time de circo do Barcelona, que paga fortunas para ter os mais habilidosos a vestir suas caras camisa, era amplamente favorito. O Estudiantes era visto como azarão, já sendo subestimado e desqualificado desde a conquista da Libertadores. Provavelmente por não contar com salários absurdos e nomes consagrados. Por não ter ações na bolsa, fazer pré-temporada na ásia e coisas do tipo. Verón, o líder e reconhecidamente maior craque do time abriu mão de ganhar cinco vezes mais em qualquer outro lugar do mundo para jogar com o coração no Estudiantes. Atitude cada vez mais rara hoje em dia. Num mundo onde a ganância não tem limites, Verón já abriu mão de 30% do salário para que essa verba seja investida nas categorias de base do clube. E é esse tipo de sentimento que ele carrega pra campo, colocando o clube acima dele. Como se deve ser sempre, porém nestes tempos de valores trocados os jogadores fazem clubes de reféns e os usam como prostitutas. Os clubes centenários de tantas histórias, tanto amor e suor se vêem obrigados a se prostituir aos interesses de empresários que não tem outro objetivo senão angariar fundos às custas dos outros.
É nesse contexto que se enfrentam o periférico e abalado contexto sulamericano e o imperialista faminto mercado europeu. Felizmente, existem coisas que o dinheiro jamais poderá comprar. Sentimentos não são quantificáveis em cifras. A raça, o amor, a vontade, a luta e a entrega dos jogadores em campo nunca poderão ser comprados. É isso que se viu vestindo as camisas do Estudiantes. Enquanto do outro lado, os passes de letra e os toques de calcanhar, produtos das mercadorias do Barcelona tentavam em vão furar a barreira argentina.
Durante 88 minutos o título ia para as mãos apaixonadas de Verón. Na taça de melhor do mundo, escorreria o suor da luta de cada jogador sulamericano que não ganha 20% do salário dos famigerados jogadores do Barcelona. O sonho foi real e palpável, durante 88 minutos o sentimento se sobrepôs ao dinheiro. O mundo assistia que era possível combater a vil tsunami do futebol moderno e olha-la de cima. A cabeçada fulminante de Boselli, os passes sutis e formidáveis de Verón, a gana de Cellay impulsionavam o Estudiantes ao topo do mundo.
O futebol não é justo. Nunca foi e nunca será. Detalhes definidos em quatro minutos afastaram o Estudiantes do título. O Barcelona e seu dinheiro ganharam de um clube que não se entregou jamais. Será que se tirassem toda a verba da empresa Barcelona, eles seriam capazes de amedrontar alguém? Isso nunca se saberá.
A lição que fica é que embora tentem enfiar goela abaixo essa "modernização" do futebol, por mais que busquem destruir o futebol para criar sob seu túmulo do "futebol moderno", os clubes sempre serão maiores que as empresas. Sempre vão haver representantes do futebol arte, do futebol descompromissado e puro que conquistou o mundo inteiro e o tornou o maior esporte do planeta.
Neste dia 19, o futebol chorou. Chorou a derrota de um clube para uma empresa. Haverão outros encontros, e a certeza que fica é a que a guerra não está perdida.

Os representantes da essência do futebol nesse jogo foram:
Albil, Clemente Rodríguez, Desábato, Cellay e Re (Rojo); Verón, Braña e Benítez (Sanchez); Díaz, Enzo Pérez (Nuñez) e Boselli.
Técnico: Alejandro Sabella.

- Da aversão ao réveillon

Analisem bem a expressão "ano novo". Bem, o que há de novo? Quanto mais o tempo passa, tudo fica mais...velho. O que se convencionou chamar de ano novo é uma das maiores falácias criadas. Pessoas se vestem de branco e comemoram. O que eu não sei. Desejam paz, felicidade, dinheiro, amor e tudo de melhor para o próximo ano. Isso é tido como uma demonstração de solidariedade e harmonia. Mas me soa como hipocrisia. Será que alguma coisa muda de um dia pro outro, só porque o último algarismo (no caso da troca de décadas os dois últimos) do ano trocam?
É tudo um grande teatro. Fazem os votos mais honrosos para no dia seguinte xingarem no trânsito ou em quaisquer outra situação. Na verdade, nada realmente muda. Não me surpreenderia se acontecesse de em algumas destas caras festas de virada de ano, um indivíduo tratar algum garçom (pobre coitado que tem que trabalhar em todos os feriados pra ganhar um extra e sobreviver) com arrogância e grosseria para virar ao lado e bradar os melhores votos a alguém que não conhece que está ao outro lado. Tudo recomeça; inclusive os mesmos vícios, as mesmas atitudes, os mesmos erros. Em janeiro vão reclamar dos impostos e comprar material escolar, em fevereiro vão tentar esquecer a miserável existência na podridão carnavalesca, em abril vão aquecer a indústria de chocolates comprando ovos e por aí vai. O motivo de tanta festa de um ano ter passado continuam obscuros.
Podem dizer que o que vale é a renovação das esperanças, o sentimento de que se pode recomeçar e aperfeiçoar os atos, que a vida vai melhorar... eu chamo isso de ilusão. A primeira coisa que o homem aprendeu depois de começar a mandar foi iludir. Pode se trabalhar para um mundo e uma vida melhor tanto do dia 31 de dezembro pro 1º de janeiro quanto do 23 de junho pra 24 de junho.
Em suma, enche-se a cara, festeja-se não se sabe o que, soltam-se fogos. Pulam e riem como um bando de retardados e no dia seguinte tudo volta ao normal. Uma alegria que vem não se sabe daonde, sustentada por não se sabe o que e que é esquecida prontamente.
Isso porque não entrei no mérito logístico da questão. Ruas lotadas de bêbados, toneladas de sujeira, gritaria e um clima de selvageria animalesca por toda a cidade.
Enfim, sou avesso a teatros. Essas convenções sociais são mais falsas que nota de três e me irritam profundamente. São encenações tão vazias e desprovidas de propósito. Aliás, tem propósito. Esqueçam o quão frustante você se sente e se entorpeça de sentimentos bons e vãos.
Sei lá, queria conseguir isso às vezes. Deve fazer bem. Mas pra mim não dá.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Olhe para o bisão



Olhe para o bisão
Ele é tão pacato
Parece não ter preocupação
Olhe para o bisão
Seus movimentos são pesados
Mas tem estranha animação
Olhe para o bisão
Seu olhar é desprendido
Mas passa alguma informação
Olhe para o bisão
Decifre o mistério por trás da sua serenidade
Sua vida não vai além de sua vontade
Olhe para o bisão
A floresta tranqüila ecoa o som de sua lenta passada
Olhe para o bisão
E não faça mais nada.

Especial colégio pt III

Durante essa semana completa-se o primeiro aniversário da minha graduação no ensino médio. Repensei muita coisa durante esse tempo longe do colégio, e a coisa que eu posso afimar com a mais absoluta certeza é: Não sinto saudade alguma. Não há nostalgia, boas lembranças ou melancolia nesse universo que me faça retornar àqueles dias. O balanço que eu tiro de todos os três anos no ensino médio é negativo. A conclusão é de que foi um período ruim da minha vida. Seria ingenuidade dizer que foi inútil, afinal se pode tirar lições de qualquer coisa. Eu aprendi sim, até bastante, durante o colégio. Nada a ver com fórmulas, regras ou métodos. A minha grande lição foi perceber o quão podre a sociedade é.
Vi da pior forma o quão lamentável é a vida das pessoas. Cercada de mentiras e calcando suas miseráveis vidas em lamaçais, elas seguem com seus tortos sorrisos amarelos. São incapazes de pensar, de formular algum raciocínio crítico ou cultivar valores louváveis. Humilham nas costas para abraçar na frente, acomodam-se na falta de capacidade e assim levam a vida pulando feito animais no cio. Sua alma pequena se contenta com um universo limitado, girando em volta de festinhas, status, aparência... Deprovidos da capacidade de evoluir, são ruminados por essa conjuntura degenerada que eles louvam. O que os resta é ser engulidos ou cuspidos, já que não tem vontade própria. Ocupam sua mente limitada, escura e árida com estupidez. Isso tudo me afeta, me enche de uma mistura de repugnância, tristeza, ódio e desprezo. Estar a maior parte do dia em um ambiente que fede a esse tipo de gente já é suficientemente penoso, mas a organização do colégio consegue potencializar a tortura. Um sistema que tem como objetivo puro e simples formar mão de obra qualificada, robôs capazes de passar no vestibular (objetivo no qual falharam miseravelmente). Querem quantificar conhecimento, encher você de informação inútil e vomitar valores pré-moldados. Adestram cada aluno para trabalhar quieto, aprender a acatar ordens sem questionar. Assim era formado o lugar em que eu passava a maioria dos meus dias.
Mas eu não aprendi só coisas ruins e dolorosas. O real significado de amizade e o poder que um carinho sincero tem eu também aprendi no colégio. Se existe algo que me deu forças para acreditar que valia a pena, foram meus poucos porém especiais amigos.
Agora libertado das amarras que o colégio apertava em mim, vejo que aquilo está longe de ser a melhor fase da vida. Ali você é uma ovelha no rebanho, não é dono do próprio nariz, não responde pelos seus atos, não tem força nenhuma para traçar o caminho que bem entender. Você não é alguém, é um fantoche. Um personagem ao qual cabe dançar conforme a música.
É por isso que não sinto saudade alguma de colégio. Não tenho saudades de conviver com gente que eu não gosto, de ser exposto a uma matéria que não é do meu interesse, de não ser autossuficiente. Não tenho saudades de não tomar conta da minha própria vida. O que fica de doce é lembrar do descaso, da forma desinteressada de levar as tarefas. De jogar pokemon durante as aulas, de não saber quando tem prova, de não se importar com rigorosamente nada (salvo as últimas semanas de dezembro). Essa é a parte que faz com que uma fictícia saudade tente aparecer. Apesar de todas as pedras e espinhos no caminho, no fim das contas todas essas experiências me fizeram desse jeito. Precisei das porradas pra ganhar resistência.
Só me arrependo de não ter levado tudo às últimas consequências, de abrir mão de agir às vezes.

O primeiro ano

Quase reprovação. Um ano em que eu não fiz absolutamente nada de útil. Era jogar porrolho, conversar virado de lado, tacar bolinha de papel...

O segundo ano

O mais tranquilo. Só teve o incidente isolado do blog, foi o ano em que corri menos risco de reprovação. A viagem pra Ilha grande foi bem legal (Meu Deus, eu numa ilha com aquelas pessoas!).

O terceiro ano

A piada perdeu a graça. Depressão, brigas, isolamento. Reprovação já dada como certa e irrelevante. Ironicamente e pra desgosto de muitos, o melhor desempenho nos vestibulares foi o meu. Mais um exemplo clássico de como o colégio é porco e inútil.

Especial colégio pt II

Pulando dos tenros anos de ensino fundamental direto ao anarquismo ilusório do ensino médio. É evidente que nos últimos anos o colégio e seu império do mau ganhou mais um inimigo: a tecnologia. Desde os fones de ouvido até os celulares modernos, a sala de aula é invadida por um arsenal afiado de utensílios. Mas a modernidade que abalou o segundo ano residia fora das quatro paredes sujas da escola. Estava no meu computador. No seu computador, em todos os computadores. A internet era o sustentáculo de um blog que exibia todas as atrocidades, absurdos e disparates cometidos naquela fatídica turma. Quando o Chicken veio com a feliz idéia de construir um arcabouço digital, documentando as diversas insanidades que surgiam de nossas vis mentes, nós mal poderíamos imaginar no que esse simples passatempo pouco ortodoxo juvenil acarretaria.
Iniciam-se então as atividades. Uma foto de um roliço aluno jogado como um saco de batatas dormindo entre cadeiras no fundo da sala, vídeo de um estojo tão pesado que se assemelhava a um tijolo acordando este mesmo rechonchudo ser, dotado de tetinhas saltitantes, bruscamente. A novidade se espalha pela sala, todos vão conferir o novo esporte da sala, o frisbie com a tampa da lata de lixo.
Poucas semanas depois, nosso blog fica grande e a repercussão começa a incomodar os professores que nos atiram ameaças vazias sobre processo e direito de imagem. Eles tem medo, medo de suas faces de desespero seja expostas para o planeta inteiro na internet. Eles temem que o descontrole, despreparo e incompetência deles cheguem aos atentos olhares dos pais. Porém, o pior estava por vir. Chicken, que tinha seu nome estampado em garrafais letras como criador do blog é chamado para uma conversa com a Cida. Eu fiquei apreensivo, o que será que querem com ele? O que ocorrerá conosco?
Chega a hora em que eu sou convidado a me juntar a eles. Era uma sala a meia luz e ao redor de uma mesa redonda estavam sentadas com suas expressões de reprovação as três maiores forças do colégio. O ambiente se assemelhava a uma inquisição, elas tinha tudo documentado, impresso em cima da mesa. Confesso que isso me intimidou. Não havia mais espaços para mentiras e improvisações. Eram fatos e argumentos que poderiam me arruinar ou libertar. Começam aquelas perguntas que só pedagogas tem a desfaçatez de fazer. "Porque você não defendeu ele?", "O que você quer dizer com isso?", "Você está arrependido do que fez?", "Você acha isso engraçado?". A mentalidade idiota, também conhecida como "isso pode cegar", das coordenadoras chegou a supor que a foto do tosco dormindo poderia ser na verdade ele desmaiado após um espancamento! Olha o que eu tive que aturar... A começar pelo velho script que todos nós conhecemos. Eu me recuso a seguir roteiros, aquele foi o ponto onde a descendente da minha relação com a instituição de ensino se consolidou. "Não sou advogado dele e sim, acho engraçado". É preciso segurar o riso de qualquer maneira com elas detalhando as piadas, as zoações e os comentários do blog. Essa foi a parte mais difícil. Quando a garota que em toda sua genialidade pôs seu nome em fonte 72 no final de um dos vídeos foi chamada, volta-se a aquele velho script.
Fomos obrigados a nos desfazer do blog. Só nossas memórias podem recontar tantos e tantos fatos, além das ruínas do projeto do blog da turma 1201.
O mais doloroso dessa história toda veio a tona depois. Já livres e conversando sobre a reunião, Chicken observa: "Cara, a *nome da coordenadora* citou aquele vídeo do *nome do malfeitor* mosquito sendo jogado no lixo. Esse vídeo não tá no blog, caguetaram a gente. Não tinha como ela saber." Eu pasmo com tal conclusão concordo de imediato e percebo: fomos dedurados.
A união da turma que tomou suspensão coletiva porque não entregaram quem colocou o clipe na tomada e fez a luz do andar cair e que não disse quem havia amarrado a borracha da carteira no ventilador havia sido morta. Assassinaram o companherismo, se aliaram ao outro lado em troca de reconhecimento como boas pessoas. Na verdade são degenerados que colocam seus interesses acima dos outros e se metem ao invés de ficar na sua e não prejudicar ninguém. Esse tipo de atitude abriu meus olhos para o covil miserável aonde eu estava. Ali se abraçava inimigo como se fosse irmão, se elogiava na frente para humilhar nas costas. Era um ambiente doente repleto de falsidade, hipocrisia e insensatez. Pessoas mesquinhas que se definham na própria pequenez. Esse foi o começo do fim.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Os ?? álbuns que fazem parte de mim

Eu criei um estranho gosto por listas aqui. Nunca gostei de listas, embora elas sempre despertem minhas curiosidades. Por isso nenhuma das listas que ponho aqui tem cunho classificatório, hierárquico ou como finalidade ranquear em ordem de importância ou preferência. Os números são meros auxiliares para organizar as coisas, porque eu odeio bagunça. Alimento essa apreciação por listas aqui por uma preposição básica: Listas são sempre falhas. A não ser que você seja o autor.
Esse post surgiu entre duas estações de metrô, na ida para a faculdade. Ao erra o "botão" do iPod touch e cair na organização das músicas por álbuns, pensei que eles são substimados hoje em dia. A importância do trabalho como um todo é cada vez menos considerado em detrimento do download de músicas avulsas, sejam eles feitos legalmente ou não, e consequentemente na queda eminente na indústria fonográfica. Tanto qualitativa quanto quantitativamente.
Eu pensei em dar dados bonitinhos de vendagem e essas curisidades estatísticas. Mas pra isso tem wikipedia, talvez se eu quiser deixar isso aqui perfeito edite e coloque essas informações depois. Aproveitando as considerações sobre decisões, também preferi escrever sobre o álbum após ouvi-lo. Ou seja, isso aqui vai demorar pra terminar. Foda-se, não tenho pressa e nem prazo de entrega. Acho que fica mais sincero escrever depois da recordação de cada acorde, de cada palavra. O sentimento fica mais ativo e assim talvez fique mais fácil de escrever. Ou talvez não, mas decerto é uma desculpa pra ouvir o album de novo.
Eis aqui cd's que correm em minhas veias, eu nunca digo não a eles. São obras primas que deveriam ser expostas em galerias de arte e todo ser vivo que contém audição deveria escuta-lo ao menos uma vez.

1. Brothers in Arms - Dire Straits (1985)
Um álbum genial do começo ao fim, com certeza a magnum opus do Dire Straits. É repleto de singles, pra se ter uma idéia, das 9 faixas que compõe o álbum, 4 são aquelas músicas que todo mundo já ouviu. Um instrumental belíssimo e suave, contrasta faixas animadas e até dançantes como Walk of Life e canções brandas e ternas como Why Worry. É para se ouvir do início ao fim com um brilho nos olhos. So far away abre as cortinas com um introdução de baixo que chama a atenção dos ouvidos destraídos, demonstrando que o que está por vir merece atenção. Com sua levada singela e contagiante, back vocals ressonante e riff fluído que todos com o mínimo de apreço por música já escutaram na rádio, So Far Away é uma daquelas músicas que evocam uma saudade receosa, que não machuca o coração mas o deixa inquieto.
Money For Nothing (que tem um clipe com uma animação rústica que vale a pena assistir) começa com um vocal delicado e brando de Sting que é encerrado por uma introdução crescente de bateria que explode no genial riff distorcido emanado pelos intrépidos dedos de Mark Knopfler. É um resmungo revoltado porém alegre que dá um tom mais animado ao disco. Tom animado esse que prossegue com Walk Of Life, que também tem como base um riff que gruda na mente e pode ser cantarolado por dias. Só que dessa vez é um teclado serelepe que dá as cartas. Com certeza é a música mais viva e entusiasmada do disco. Sua levada meio country aliada ao cantar rápido e métrico cria uma atmosfera alegre, dá vontade de sair pulando. A seguir, a animação dá espaço a um saxofone de motel que tristemente prepara o terreno para o harmonioso... riff! Desta vez o encarregado é um saxofone brilhantemente tocado. Your Lastest Trick soa como uma lástima, quase o narrar de uma noite melancólica. É calma e contínua porém sem cair na monotonia. O sax dessa música é um dos três mais geniais da história do rock e não há força neste universo que me convença do contrário.
Why Worry é o momento em que a banda tira a sesta. Um descanso dentre as faixas, levada por um harmonioso dedilhado, a voz serena de Knopfler soa como se estivesse contando uma história de ninar para seu pequeno filho de 4 anos. É um cafuné na alma.
Ride Across the River parece invocar os incas em um início surpreendente. Uma levada irregular e um solo soberano prosseguem com a parte tranquila do disco que é encerrada por The Man's Too Strong cuja leve guitarra e cantar é sempre interrompida por furiosos trovões em forma de acordes em todo o refrão. One World tenta jogar o disco pra cima com certo sucesso. A bateria dá um tom alto para acordar o que flutuavam com a calmaria das músicas anteriores e guitarra mais uma vez soberana dança entre uma palavra outra. O encerramento do disco cabe a Brothers in Arms que volta com um ar reflexivo guiado pela guitarra que transborda feeling. É um fechamento com chave de ouro, o solo de rara beleza parece um mar de feeling tendo ao seu fundo um órgão que o completa como o entardecer, a balançar de um lado pro outro calmamente deixando quem o ouve a flutuar embevecido torcendo para que aquele solo nunca acabe.

Faixas:
1. So Far Away – 5:12
2. Money for Nothing – 8:26
3. Walk of Life – 4:12
4. Your Latest Trick – 6:33
5. Why Worry – 8:31
6. Ride Across the River – 6:58
7. The Man's Too Strong – 4:40
8. One World – 3:40
9. Brothers in Arms – 6:55

2. Making Movies - Dire Straits (1980)

Sempre tive um carinho pelo Making Movies por ter Tunnel of Love e Romeo & Juliet. Demorei um tempo até encontra-lo em vinil. Antes de virar o lado, enquanto escutava-o pela primeira vez tive a certeza de que este álbum tem um dos melhores lados A da história do rock. Um lado A que tem Tunnel of Love, Romeo & Juliet e Skateaway... puta que pariu. Tunnel of Love com seus mais de sete minutos termina com um solo em que o entrosamento entre a guitarra e o teclado se mostram únicos. Uma balada intensa que termina de modo épico. Agora... o que dizer de Romeo & Juliet? o próprio Mark já deixou escapar que considera essa a melhor música que já fez. Não é por menos, uma letra linda e uma melodia que a completa, que começa com seu dedilhado inconfundível. Aí vem Skateway e um dos refrões mais comoventes do Dire Straits. A música parece feita para venerar o próprio refrão. Expresso Love é uma daquelas canções que conseguem animar até um domingo. De sol, porque domingo com chuva é pra Riders on the Storm. Hand in Hand é mansa e conta com uma letra reflexiva, clima esse quebrado por Solid Rock que chuta a porta, liga o som alto e chama os amigos. E como encerramento, Les Boys. Que é a canção mais peculiar do Dire. Uma levada constante e jeito bobo, parece música de tarde em um saloon. Aquieta os ânimos. Making Movies, na minha perspectiva, é a segunda grande obra do Dire Straits. Ainda conta com a fase inicial da banda quando os irmãos Knopfler empunhavam as guitarras mas ao mesmo tempo já demonstra características dos seguintes albuns como o que viria dois anos depois, o quase progressivo Love Over Gold que enfatiza solos e teclados com partes instrumentais dominantes. Making Movies é a puberdade do Dire Straits, aquela adolescência feliz, a melhor parte da vida que sempre é lembrada com um carinho nostálgico.

Faixas:
1. Tunnel of Love - 8:11
2. Romeo and Juliet - 6:01
3. Skateaway - 6:40
4. Expresso Love - 5:12
5. Hand in Hand - 4:48
6. Solid Rock - 3:27
7. Les Boys - 4:08

3. L.A. Woman - The Doors (1971)
Um contexto interessante: Morrison barbudo, gordo, puto com o mundo e sendo processado pelos malditos vermes americanos. Diante desses conflitos, Morrison pega uma cerveja e começa a fazer um blues. O resultado é L.A. Woman. A voz de Morrison soa mais madura, ele encarna realmente um bluesman que é sem dúvidas bem distante do porra-louca rockstar dos outros albuns. A qualidade musical dos outros integrantes sobressai mais ainda neste album que mescla músicas lentas como "The cars hiss by my window" com a épica animada L.A. Woman.
Mr. Mojo Risin' assume as rédeas e dá outro rumo ao Doors nesse disco que conta com muito mais qualidade que The Soft Parade, por exemplo, que ainda sim não é um disco fraco. Um disco que tem Riders on the storm não precisa de mais nada, mas o Doors esbanja nesse último disco da era Morrison e se despede deixando saudades enormes e a certeza de que eles tinham ainda muita lenha pra queimar.

Faixas:

1. The Changeling – 4:21
2. Love Her Madly – 3:20
3. Been Down So Long – 4:41
4. Cars Hiss by My Window – 4:12
5. L.A. Woman – 7:53
6. L'America – 4:38
7. Hyacinth House – 3:09
8. Crawling King Snake – 5:00
9. The Wasp (Texas Radio e Big Beat) – 4:15
10.Riders on the Storm – 7:09

4. Unknown Pleasures - Joy Division (1979)
Esse álbum é composto por duas cores, preto e branco. A própria capa já demonstra isso, aliás, pelo que andei lendo, a imagem da capa é a morte de uma estrela captada por um medidor de pulsos. É sorturno, sombrio e pálida como a noite enebriada em uma esquina suja e vazia. Nenhuma música é alegre ou animada. Este disco se escuta no quarto vazio. Dá pra ter uma idéia do porque Ian Curtis se enforcou com 23 anos. O baixo sempre forte e reto, a bateria violenta e o grito angustiante e desafinado da guitarra servem de plano de fundo para os versos graves e tristes declamados com toda o sentimento. Conheci Joy Division a partir de um cover de Shadowplay que o The Killers apresentou durante seu memorável show no Tim Festival em 2007. Quando ouvi a original percebi que era quase outra música. Muito mais seca e sem floreios. Baixei o disco e de cara as músicas que refletem toda a crise que é a vida me conquistaram. É um album maravilhoso, sem dúvidas. Disorder e New Dawn Fades já valem o disco. Em toda a sua crise e depressão, mostra bem do que o Joy Division é feito. Tristes poesias e sentimento transbordando de uma música grave. Se os ursinhos carinhoso colocarem esse disco na vitrola deles, vão virar os Ursinhos depressivos e o arco-íris se pulverizará numa fumaça cinza.

Faixas:

1. Disorder (3:36)
2. Day of the Lords (4:43)
3. Candidate (3:00)
4. Insight (4:00)
5. New Dawn Fades (4:47)
6. She's Lost Control (3:40)
7. Shadowplay (3:50)
8. Wilderness (2:35)
9. Interzone (2:10)
10. I Remember Nothing (6:00)

5. The Rise and Fall of Ziggy Stardust & The Spiders from Mars - David Bowie (1972)
Primeiro conceitual da lista. Esse disco é um dos mais gostosos de ouvir, cai bem a qualquer hora e é sempre um prazer deixar rolar. Sempre que não sei o que estou com vontade de escutar, coloco pra rodar Five Years e deixo seguir. A história do album por si só é interessante. Ziggy Stardust é um alter-ego alien e andrógino do Bowie e o album conta a saga do destemido extraterrestre neste planeta. Ziggy, o salvador, vem para a Terra a fim de evitar sua destruição que ocorreria em cinco anos, daí Five Years, a primeira música do disco. Porém ele termina formando uma banda de rock chamada "Spiders from Mars" e personifica o clássico feitio do rockstar. Vira promíscuo, pega pesado nas drogas, é todo paz e amor tentando passar uma mensagem boa as pessoas e termina destruído pelos seus excessos. Bastante criativo, pelo menos no que cerne a seres extraterrestres.
Todas as músicas são curtas, resultando numa vontade imensa de ouvir tudo de novo depois, tem uma levada agradável que, no entanto, não caem numa marasmo banal. Um instrumental que apesar de único, muito elaborado e diversificado tem aquele jeito que não afasta ninguém. E acaba até aglomerando gente para fechar os olhos e mexer levemente a cabeça no ritmo das músicas. Refrões capazes de ecoar na mente por semanas e vez por outra aquele solinho curto pode dar as caras entre uma estrofe e outra. A contra capa do vinil contém uma das instruções mais pertinentes da história dos vinis: "TO BE PLAYED AT MAXIMUM VOLUME". Estão certíssimos, quanto mais alto se ouve, mais os ornamentos de cada música dão um contorno especial a elas.

Faixas:

1. Five Years – 4:43
2. Soul Love – 3:33
3. Moonage Daydream – 4:35
4. Star – 4:16
5. It Ain't Easy – 2:56
6. Lady Stardust – 3:20
7. Starman – 2:47
8. Hang on to Yourself – 2:37
9. Ziggy Stardust – 3:13
10. Suffragette City – 3:19
11. Rock 'n' Roll Suicide – 2:57

6. Use Your Illusion II - Guns N' Roses (1991)

O que falar do Use Your Illusion II... Pra começar é um álbum completamente genial a partir da capa. Uma pintura renascentista brilhante, cortada em um pequeno ser, lá no canto da tela, ao que tudo indica estudando, encharcado em tons de azul. Vai de baladas calmas até guitarras pesadas e baterias furiosas. Porém nunca perde a personalidade e o toque especial do Guns. A inclusão do pianinho maroto na banda foi crucial para esse album se destacar como muito mais elaborado do que o hard rock cru e furioso do Apetite for Destruction. Civil War já abre do disco de maneira extasiante. Vocal do Axl calmo, dedilhado com um pouco de distorção e de repente... Um arranhado brutal na guitarra e a música explode. São pouco mais de sete minutos de um rock pesado que flutua. Se me permitem parafrasear a história de "Led Zeppelin". O piano serelepe que fecha Civil War já começa em 14 years. Yesterdays é outra canção forte. O Axl realmente estava no auge nessa época, os vocais dele estão impecáveis em todas as faixas e essa evidencia isso também. Knockin' on heavens Door é provavelmente o melhor cover de Bob Dylan da história. Apesar de mudar bastante a roupagem origiam da música, conseguiram encaixa-la perfeitamente nessa levada balada-rock com solinhos puro feeling (as usual) do Slash. Dá uma acalmada para o que há de vir. E o que vem é Get In the Ring, que é um chutão bem dado nas bolas. Das músicas que eu conheço, é a maior (in)direta que existe. Não é que nem a picuinha do John e do Paul após o fim dos Beatles com alfinetadas subjetivas em uma frase ou outra. O Axl simplesmente cita o nome e os jornais em que trabalham seus desafetos. Que devem ser uns escrotos mesmo, afinal jornalista é uma raça que não presta. Essa lembra muito o Apetite. Breakdown é demais também, começa de uma forma tão lírica quanto um jardim florido em um domingo de inverno.
Locomotive é realmente uma locomotiva queimando vapor como um vulcão. É nessa velocidade que a música acontece até o break lírico final. So Fine é uma balada fofa. Estranged é épico demais. Acho que ocupa o posto de November Rain desse disco. Posto esse de música grande, com solos grandiosos, letra profunda e clipe caríssimo. Ainda que não atinja o patamar sobrenatural e inatingível de November Rain, é chorante também. You Could Be Mine é o Schwazenegger robô puto metralhando tudo e todos em labaredas de flamejantes e explosões gigantescas e catarse mundial. Isso explica tudo.
Em suma, o Use Your Illusion dois é uma aula de Guns N' Roses. É a banda no auge demonstrando todos os fatores que a tornaram um sucesso absoluto.

Faixas:

1. "Civil War" 7:43
2. "14 Years" 4:21
3. "Yesterdays" 3:16
4. "Knockin' on Heaven's Door" 5:36
5. "Get in the Ring" 5:41
6. "Shotgun Blues" 3:23
7. "Breakdown" 7:05
8. "Pretty Tied Up" 4:48
9. "Locomotive" 8:42
10. "So Fine" 4:06
11. "Estranged" 9:23
12. "You Could Be Mine" 5:44
13. "Don't Cry" (alternate lyrics) 4:44
14. "My World"

7. Wish You Were Here - Pink Floyd (1975)

Quando achamos que o Pink Floyd já demonstrou tudo que poderia com o Dark Side of the Moon, dois anos depois, em 1975, eles lançam o Wish You Were Here. E eles reafirmam uma capacidade absurda para compor arranjos. Se no dark side o tecladista Rick Wright já tinha mostrado do que era capaz em Any Color You Like, agora ele atinge a apoteose em Welcome to the Machine. O som errante, colorido e encorpado de um teclado psicodélico se alterna com um violão que serve de pedestal para seu esplendor. As músicas agora são mais longas e não se entrelaçam. O album é um sanduíche de Shine on your crazy diamond, cujas enormes e instrumentais fatias iniciam e terminam o album, dando uma vontade de virar o lado do vinil initerruptamente para as partes 1-5 e 6-9 se encontrarem. Have a Cigar é a hora de David Gilmour transbordar feeling numa guitarra que ecoa psicodelismo durante toda a música. E nessa caverna colorida, tem um canto escuro aonde tocará Wish You Were here. Uma das mais belas músicas do Pink Floyd, sua simplicidade e sinceridade na qual é construída a beleza da canção comovem. Desse álbum não existe muito para se falar, existe muito para se sentir.

1. "Shine On You Crazy Diamond" (Pts. 1-5) — 13:33
2. "Welcome to the Machine" — 7:26
3. "Have a Cigar" — 5:07
4. "Wish You Were Here" — 5:40
5. "Shine On You Crazy Diamond" (Pts. 6-9) — 12:21

8. Racional (Vol I e Vol. II) - Tim Maia (1975)

"Só se dedicará a um assunto com toda a seriedade alguém que esteja envolvido de modo imediato e que se ocupe dele com amor. É sempre de tais pessoas, e não dos assalariados, que vêm as grandes descobertas." Essa frase de Schopenhauer resume perfeitamente bem o motivo do Racional ser a magnum opus do Tim Maia. Esse álbum nasceu de uma dedicação irracional (irônico se levarmos em conta o nome do álbum), foi construído a base de pura paixão. Tim ficou absolutamente obcecado pela idéia de ter encontrado a resposta para a pergunta que tortura a humanidade desde os primórdios: "O que somos? o que fazemos aqui? Qual o sentido disso tudo?". Tim quis compartilhar com todos essa resposta que tanto aquietou sua alma e o resultado e o propagandístico e genial Racional, sobre o livro Universo em Desencanto e a ("não é história, não é doutrina não é ciência, seita ou religião")a coisa limpa e pura cultura racional. Algum tempo mais tarde, ele descobriu que não era tão limpa e pura quanto parece, mas isso é outra história. O que importa é que absorto nessa cultura racional, Tim não bebia e não fumava mais, nem usava seus tradicionais ilícitos, o que refletiu numa grande melhora em sua voz. O álbum todo é lindo, a musicalidade é sensacional, as letras propagandísticas fluem lindamente no vozeirão de Tim. Apesar de negligenciado pela grande mídia pouco interessada em outra loucura de Tim e mais tarde esquecido pelo próprio, o Racional é o retrato sonoro de que movido pelo amor o artista faz uma arte realmente eterna.

Volume I

1. "Imunização Racional (Que Beleza)" – 5:08
2. "O Grão Mestre Varonil" – 0:24
3. "Bom Senso" – 5:08
4. "Energia Racional" – 0:15
5. "Leia o Livro Universo em Desencanto" – 2:50
6. "Contato com o Mundo Racional" – 3:06
7. "Universo em Desencanto" – 3:43
8. "You don't Know What I Know" – 0:35
9. "Rational Culture" – 12:09

Volume II

1. "Quer Queira Quer não Queira"
2. "Paz Interior"
3. "O Caminho do Bem"
4. "Energia Racional"
5. "Que Legal"
6. "Cultura Racional"
7. "O Dever de Fazer Propaganda deste Conhecimento"
8. "Guiné Bissau, Moçambique e Angola Racional"
9. "Imunização Racional (Que beleza)"

9. Pet Sounds - Beach Boys (1966)
Brian Wilson, antes de sua loucura atacar de maneira definitiva, tinha a estranha mania de pedir que levassem areia da praia para o estúdio, forrando o chão com ela, para ajudar no processo de gravação dos albums dos "garotos da praia". O que sentimos escutando cada faixa do Pet Sounds vai além da areia, o aroma do mar e a brisa úmida passando pelo céu azul correm junto com os sons. Cada letra sincera, simples porém profunda orquestrada com maestria cria um clima único nesse álbum. Wouldn't it be nice é uma manhã alegre, I just wasn't made for these times uma triste e solitária noite de lua cheia. Deixa eu escutar o vinil de novo, depois eu escrevo.

Manifesto Vascaíno


O Vasco é intrínseco às horas do meu dia. De cada um deles, tendo jogo ou não. O Vasco se faz presente nas notícias que eu leio nos jornais, está refletido na minha retina toda vez que olho para a parede do meu quarto, é uma das minhas alternativas quando procuro uma roupa para sair de casa, faz parte da minha gama diária de assuntos e por fim, sem demagogia ou exagero, pulsa dentro de mim.
Os argumentos são banais. "Isso é só futebol", "é tudo armado", "tudo isso por causa de um time", "é só um jogo", "você não ganha nada com isso, não muda sua vida" e por aí segue... Mas só quem ama entende a dimensão do amor. O Vasco não é só futebol, o Club de Regatas Vasco da Gama não é composto por 11 atletas que entram em campo para defender suas cores. O Vasco é muito mais que isso; e este significado transcende qualquer idéia que se possa fazer aos desinteressados.
O Vasco é uma ideologia. Assim como as pessoas podem se definir como judias, republicanas ou socialistas, eu posso me definir como Vascaíno.
A base que sustenta essa convicção é claramente demonstrada em cada página da bela história do Vasco.

O início

Desde seu nascimento, o Vasco se mostrou diferente dos outros. Enquanto seus rivais, a aristocracia (com toda a carga negativa que essa palavra carrega) carioca sorria seus risos falsos em suas festas hipócritas nos apartamentos confortáveis da zona sul, os fundadores do Vasco da Gama juntamente com seus fiéis sócios que formam o alicerce sólido de toda a grandeza dessa instituição impulsionavam com seu suor o motor de crescimento do país. Em 21 de agosto de 1898 nasce o Vasco da Gama. O Vasco já nasce diferente dos outros. A começar pelo seu nome, o nome de um desbravador pioneiro que abriu novos caminhos no mundo.

A Afirmação

Com a sua fundação feita por imigrantes e trabalhadores, o Vasco sempre despertou toda a arrogância da elite que não suportava ver aquelas pessoas humildes os derrotando. Porém, toda a cólera dos oponentes se mostrou inútil diante do Vasco. Incapazes de vencer o Vasco na água, os rivais tentam de todas as maneiras destruir a notória superioridade vascaína, como podemos ver nesses parágrafos retirados do site semprevasco:

"Sob alegação que o remador Claudionor Provenzano não era amador, a Federação o exclui das regatas de 1914. O mesmo remador já havia sido excluído em 1912, baseado no mesmo argumento, quando defendia o Boqueirão do Passeio. Era a reação de uma Federação dominada por clubes da elite, como Flamengo e Botafogo, buscando enfraquecer as agremiações mais modestas do centro da cidade, que ganhavam a maioria absoluta dos campeonatos.
A verdade é que Provenzano era tão amador quanto dezenas de outros remadores dos clubes aristocráticos, o problema de Provenzano era não remar nesses clubes, não ganhar títulos para eles. Porém dessa vez a história era outra, “Nonô” tinha quem o defende-se. O Vasco, liderado pelo ex-presidente Marcílio Telles e por Jerônimo Corte Real, literalmente brigou na Federação e Provenzano pôde remar em 1914. E remou para ser o melhor remador individual da temporada. O Vasco teve que se impor perante aqueles que dominavam o esporte, aqueles que não aceitavam que um clube do povo ganhasse dos clubes da elite. O Vasco se impôs e venceu. Essa é a história do Vasco."

"Conformados com a impossibilidade de derrotar os remadores vascaínos tricampeões, a elite carcomida – representada pela Federação de Remo – apelou para a única solução que finalmente os faria ganhar o campeonato: passaram a chamada lei “Hors Concours”, o que significava excluir da prova máxima qualquer remador que tenha dois ou mais títulos de campeão.
Ora, obviamente só os clubes campeões foram afetados, particularmente o campeoníssimo Club de Regatas Vasco da Gama, ao passo que os clubes inexpressivos foram os únicos beneficiados. Foi assim, através dessa manobra suja, que o C.R Flamengo pôde em 1916, depois de mais de uma década e meia de fundação, ser pela primeira vez campeão de remo."

Perante esses fatos, o Vasco já se afirmava com uma força preponderante no esporte. O que seria potencializado ano após ano.
Seguindo o exemplo vitorioso do remo o Vasco entra no futebol. E em 1922 ganha o título da segunda divisão carioca e assim o direito de disputar com os clubes que já tentaram frear sua afirmação no remo em outro esporte. Em 1923, o grupo dos portugueses, negros e pobres daria mais um forte golpe nos clubes que se julgavam superiores. O Vasco representado pelos mulatos e socialmente segredados, outrora excluídos do futebol se sagrava campeão carioca em cima de todos os clubes ricos e racistas da zona sul. Assim, dilacera-se a organização elitista do futebol.
O que restava então para esse podre grupo pseudo-dominante? Tentar tirar o Vasco das competições já que vence-lo não era possível. Assim, sob a acusação de que o Vasco não tinha estádio ele assim seria excluído das competições. O que restava fazer àquela massa de renegados pela sociedade racista, elitista e degenerada da época? Abaixar a cabeça? Não. O Vasco mais uma vez lutou e sem a ajuda de ninguém (muito pelo contrário já que o presidente da época, Washington Luís, proibiu o Vasco de importar cimento belga para a construção do estádio) com as doações de seus sócios, o Vasco ergueu o até então maior estádio da américa do sul.

Depois do Vasco construir o maior estádio da América do Sul sem a ajuda de ninguém, adivinhem o que o seu rival fazia:

"Depois de serem desalojados do seu antigo campo da Rua Payssandu, o Flamengo passou a viver como um desabrigado, jogando onde podia por dez anos, até que construiu seu campo na Gávea em 1938. “Construiu” é figura de linguagem, pois o terreno onde foi erguido o tímido “estádio” foi obtido através de doação da Prefeitura do Rio de Janeiro. Somente essa história já é motivo de riso para os vascaínos que fizeram um gigante chamado São Januário sem ajuda de ninguém. Porém o melhor ainda estava por vir.
Os felizes proprietários do novo “estádio” – que atualmente não é apto para uma disputa de futebol profissional – tiveram a brilhante idéia de inaugurá-lo justamente no jogo contra o Club de Regatas Vasco da Gama. Resultado na estréia do “Estádio da Gávea”: 2 x 0 para o Vasco e crise no Flamengo."

Pois é...

A partir daí, todo mundo sabe o que o Vasco se tornou, um dos maiores clubes do Brasil. Enquanto Flamengo, Fluminense e Botafogo tiveram seus nomes retirados dos lugares aonde jaziam, o Vasco deu nome ao seu bairro. Não foi o meio que criou o Vasco, foi o Vasco que modificou o meio.

É por essas e outras que o Vasco não é um clube qualquer. Essa breve e superficial passagem pela origem do clube mostram que o Vasco é maior que 11 pessoas em campo. É motivo de orgulho nacional.
Por isso 2010 é um ano importante, é o ano da reafirmação depois da queda. É a hora de voltar como um gigante. Que a atual diretoria que não conta com minha irrestrita simpatia entenda isso e guie o Vasco como ele merece, para a vitória. Assim como os seus fundadores fizeram contra tudo e contra todos. O preconceito dirigido Contra o Vasco não é de hoje, o poder do Vasco de superar tudo isso também não.
Essa é a hora.


Agradecimento especial ao amigo Daniel Ferreira e ao pessoal do SempreVasco, os quais eu tenho imensa honra em conhecer, que nos brindam com textos maravilhosos que demonstram lindamente a inigualável história do clube.

A corrida de lesmas

É emocionante, equilibrado, disputado e imprevisível. É tenso, deixa todos que os acompanha apreensivos. Campeonato Brasileiro? Não. É uma corrida de lesmas. Embora o campeonato brasileiro seja composto dos mesmos adjetivos. Assim que se faz propaganda positiva de algo patético. Não é mentira, é uma maneira malandra de passar as informações.
Quando na verdade, o campeonato e a corrida de lesmas são lentos, de nível baixo e disputado por seres que não foram feitos para tal. É tudo muito triste...
Se eu te contasse que no campeonato árabe de futebol o campeão teve o aproveitamento mais baixo da história dos pontos corridos, o título foi decidido por duas equipes que estavam de férias jogando com times reserva de modo desinteressado devido a rivalidades locais, que o jogador eleito craque do campeonato é do time que esteve durante cinco rodadas cinco pontos a frente do segundo colocado dentre empates e derrotas e terminou em quinto, que durante o confronto direto entre o campeão e o vice na casa do vice a bola não rolou devido a uma chuva torrencial que inutilizou o gramado e então o resultado foi um óbvio 0 a 0 e que os times em sua grande maioria são desmontados e remontados no meio do campeonato. Qualquer um provavelmente iria rir e dizer: "que campeonato de merda, que piada! porque esses caras insistem em jogar futebol?" Mas isso é no Brasil e as pessoas costumam não ter o mínimo senso crítico com o que acontece debaixo do próprio nariz.
Para finalizar a análise pouco animadora da conjuntura total do campeonato brasileiro de 2009, basta reiterar que essa fórmula de pontos corridos é uma piada de mau gosto. É uma vergonha, é a pior coisa que a humanidade já cometeu junto com os musicais e seguido de longe pela bomba atômica. O Brasil tem 8.514.876,599 km² de área e quer imitar a fórmula de paises como Itália e Portugal que tem respectivamente 301.230 km² e 92.391 km². Ou seja, dá pra colocar os dois com folga dentro do Sergipe. Então, seguindo um raciocíno lógico... É simplesmente impossível ajustar o número de equipes tradicionais e com milhares de torcedores com 20 times em pontos corridos. Essa fórmula porca só elitiza o futebol Brasileiro assim como os desses países micros é elitizado. Tudo gira em torno de três ou no máximo cinco times (sendo muito generoso). É só pegar a tabela do campeonato de 2003 pra cá. Enfim, é uma imbecilidade grotesca insistir com essa idiotice sem tamanho. "Ah, é mais justo!" Então é mais justo eu pegar o Corinthians e o Grêmio cheios de ódio com time A me fodendo todo e o outro pegar os dois de férias e má vontade abrindo as pernas na última rodada? Time bom ganha em pontos corridos, em mata-mata, na porra toda. Além do mais, mata-mata é infinitamente mais emocionante e trás mais dinheiro e audiência, tudo que a galera gosta. Qualquer imbecil com mais de cinco neurônios percebe isso.
Mas enfim, tudo isso é pra contextualizar uma coisa. O campeonato além de ruim e fraco, teve requintes de absurdo. Cinco times jogaram o título fora e como se não bastasse, o milagre aconteceu. Na reta final, surgiu um leopardo no meio das lesmas. E era um leopardo colorido, um leopardo que não gosta de equatorianos. O nome dele é Fluminense. Se certeza matasse, eu estaria agora apodrecendo em uma esquina qualquer, porque poderia apostar a minha casa, minha vida, minha alma e minha memória que o Fluminense honraria a dívida da série B. Mas aconteceu a maior arrancada da história dos campenatos Brasileiros. Um time fudido, jogando porcamente, rejeitado, lanternão absoluto foi lançado com a propulsão de um foguete pra fora da zona de rebaixamento. É algo inacreditável. O time do Fluminense no papel é forte sim, mas dane-se. Lavam-se bundas com esse papel. A reação foi surreal e deixou todos boquiabertos. Mas cuidado, a dívida da série B continua... e os juros aumentam.
Sobre o penta campeonato, eu nem vou gastar o meu latim. Ele fala por si só, basta abrir os olhos.

Post dedicado ao estimado amigo La Gata Scoralick, o Zoolander de ipanema. Consultor de moda e tricolor.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Análise de letras pt I

Música: Mulheres de Atenas
Autor: Chico Buarque
Álbum: Meus Caros Amigos
Ano: 1976



Letra:

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas

Vivem pros seus maridos
Orgulho e raça de Atenas


Começamos bem. Mirem-se no exemplo daquelas mulheres que vivem pros seus maridos. Pegam a cerveja dele na geladeira, não enche o saco, lava as cuecas, prepara o almoço... tudo que uma mulher deve fazer para manter a vida do marido devidamente organizada.

Quando amadas se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem imploram
Mais duras penas, cadenas

Percebe-se que são vaidosas para sempre estarem belas para seus machos e quando contrariadas não levantam a voz, não ameaçam greve de sexo e nem mandam o marido dormir no sofá. Elas simplesmente se ajoelham e imploram por compreensão e soliedariedade.

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Sofrem pros seus maridos
Poder e força de Atenas


Quando eles embarcam soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam, sedentos
Querem arrancar, violentos
Carícias plenas, obscenas


Essa parte é ótima. Eles viajam e elas não pensam em sair, trabalhar, fofocar com as amigas e nada do gênero. Elas bordam. E quando voltam os machos sedentos por sexo, elas deixam o bordado de lado e vão satisfaze-los.

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Despem-se pros maridos
Bravos guerreiros de Atenas


Quando eles se entopem de vinho
Costumam buscar um carinho
De outras falenas
Mas no fim da noite, aos pedaços
Quase sempre voltam pros braços
De suas pequenas, Helenas


E como recompensa por sua devoção e empenho, elas ganham um par de chifres. Os maridos gregos bêbados vão comer a primeira vagabunda que aparece e depois já despedaçados de tanto sexo, voltam para os braços abertos de suas parceiras! Que coisa bonita.


Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Geram pros seus maridos
Os novos filhos de Atenas

Elas não têm gosto ou vontade
Nem defeito, nem qualidade
Têm medo apenas
Não tem sonhos, só tem presságios
O seu homem, mares, naufrágios
Lindas sirenas, morenas


Elas não querem comprar 200 pares de sapato. Não querem um vestido novo. Elas só tem presságios. Realmente as cidadãs de atenas não tem vida.

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Temem por seus maridos
Heróis e amantes de Atenas

As jovens viúvas marcadas
E as gestantes abandonadas, não fazem cenas
Vestem-se de negro, se encolhem
Se conformam e se recolhem
As suas novenas
Serenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Secam por seus maridos
Orgulho e raça de Atenas


E ainda por cima elas temem pelos que as sacaneiam. O egoísmo do homem grego é impressionante. Vê-se que nem todas as composições de Chico Buarque são tão romãnticas quanto possa parecer.