quarta-feira, 10 de março de 2010

La Máquina ou O Danubio azul parte III

O Danubio estava em crise. O elenco não conseguia se impor nem no campeonato Uruguaio. o bicampeonato veio graças a um adversário sem tradição na final. A última participação na libertadores parou numa mera oitava de final.
Era necessária uma reformulação no elenco. Me livrei de jogadores idosos e fiz contratações cirurgicas para as áreas mais fracas do time. Acho que finalmente consegui montar um plantel realmente forte. Ganhei o apertura, porém sem muito brilho apesar da vantagem de cinco pontos para o adversário.
E então ousei. Como tenho quatro atacantes de qualidade, decidi optar pela primeira vez por uma tática com três atacantes. Coloquei o Recoba e Gallegos pra esquentar o banco. Sinceramente, achei que o esquema não daria certo porque faltaria uma ligação entre meio-campo e ataque devido a ausência de um meia de criação. Ledo engano, a função de avançado recuado de Viudez consegue preencher o espaço junto com as chegadas dos meias Rodríguez e Grossmuller. E qualquer coisa eu tenho meias criativos no banco mesmo. Outra preocupação era uma possível vulnerabilidade da defesa porque com menos homens no meio campo eu perderia a disputa de bola na maioria das vezes. Outro engano, já que nos nove jogos que eu joguei com essa formação, tomei apenas um gol.

Essa é a responsável por um resurgimento moral e artístico do Danubio. O time tá copero y peleador. Eu faço um ou dois gols, dependendo da dificuldade do jogo e espero dar meados do segundo tempo para tirar um dos atacantes de colocar um volante, de preferência do Meléndez para jogar totalmente defensivo e segurar de vez. E tem dado certo, não sofri surpresas desagradáveis em nenhum jogo. Meu time sabe como praticar o milenar anti-jogo inerente a Libertadores.
Sem mais delongas analíticas, vamos aos resultados. No campeonato uruguaio, que encontra-se na metade, meu time já abriu cinco pontos de diferença pro segundo lugar. Pelo visto não será necessária a partida final. Ao que parece ganharei tanto o apertura quanto o clausura. Ótimo, férias mais cedo.

Copa Libertadores

Fui sorteado no grupo G ao lado de Deportivo Táchira, Universidad San Martin e São Paulo. A estréia foi na Venezuela contra os locais (Deportivo Táchira para os leigos) e vitória por 2 a 1 um pouco mais difícil do que eu esperava.
O segundo jogo foi contra o São Paulo em casa. Guardo rancor dos brasileiros por causa do Cruzeiro na última edição, mas dessa vez a minha vingança veio numa falta cobrada pelo Rodríguez que o Miranda desviou e morreu nas redes. Ganhei de 1 a 0, poderia ser mais até. Os paulistas não apresentaram perigo algum.
Depois de chutar paulistas, chega a vez dos peruanos do San Martín. Um jogo terrível e medonho ocorreu na altitude peruana e acabou em um fraco 0 a 0. Vale ressaltar que o meu time deve ser o único da história que joga com três atacantes e é garantido pela zaga que raramente toma gols. Ironias da vida.
Nos meus domínios, recebo o mesmo San Martín e me rendo a velha máxima de que não existe mais time bobo no futebol. Os malditos peruanos se seguraram de tudo quanto é jeito e arrancaram um empate em 1 a 1 porque o retardado do Grossmuller fez um penalti imbecil. Estou puto, a sorte é que o São Paulo empatou com o Deportivo Táchira na Venezuela e eu continuo na liderança do grupo com 8 pontos, 3 a mais que os desgraçados brasileños.
Por falar em brasileiros desgraçados, é contra o São Paulo no Morumbi o novo desafio. Jogo parelho, eu não fui defensivo porque queria testar os limites do time. Tudo muito equilibrado até o São Paulo fazer um numa bobeira. Em resposta, coloquei o time mais pra frente ainda e tomei outro de contra-ataque. Quando ativei a retranca, nada mais aconteceu no jogo e acabou com a minha derrota por 2 a 0. A primeira nos últimos 19 jogos. Embriagado pela conquista antecipada do terceiro título uruguaio e a derrota do São Paulo ante o San Martín no Peru (evitarei piadas sobre o São Paulo cair no Peru), meu time está a um empate em casa contra o Deportivo Táchira de garantir a primeira colocação do grupo. Vitória por 2 a 0. O time criou diversas oportunidades, podia ter sido mais. Raramente fomos importunados e as expectativas devidamente sanadas, vamos para as oitavas!



Oitavas de Final

Colo Colo 1 x 2 Danubio
Local: Monumental, Santiago - Chile
Colo Colo: Munõz; Rojas, Cereceda, Mena e Gonzalez; Caroca (Miralles) Salcedo, Macnelly Torres, Sanhueza (Silva) e Carvalho; Noir (Rojas) e Marín.
Danubio: Conde; Gunino, Silva, Fernandez e Pablo Lima; Victor Cáceres, Rodríguez (Ciurlizza), Grossmuller; Gallegos (Meléndez), Balsas e Sebastián Pinto.
Gols: Rodríguez 19' 0-1; Balsas 66' 0-2 e Rojas 69' 1-2
O jogo: Time jogou muito. Abrimos dois a zero e tomamos um gol logo depois do nosso segundo porque eu demorei pra recuar o time. Os últimos minutos foram marcados por uma tentativa de pressão por parte do Colo Colo, o time sobe segurar bem.

Danubio 2 x 1 Colo Colo
Local: Jardines del Hipodromo, Montevidéu - Uruguai
Danúbio: Conde; Gunino, Silva, Fernandez e Pablo Lima; Victor Cáceres, Ciurlizza, Grossmuller; Gallegos (Meléndez), Balsas e Sebastián Pinto.
Colo Colo: Munõz; Vitale, Cereceda (Aranguíz), Mena e Gonzalez; Henríquez Salcedo, Macnelly Torres, Sanhueza (Silva) e Carvalho; Noir (Gazale) e Miralles.
Gols: Ciurlizza 21' 1-0; Cereceda 25' 1-1 e Silva 62' 2-1
O jogo: Tranquilidade. Abrimos com um gol logo de início, belíssimo chute da cirugica contratação de última hora Marco Ciurlizza. Tomamos um gol logo depois num lapso de desatenção e levamos o jogo no toque de bola e na conteção. Não chegou a ser sofrido, merecemos e fomos superiores todos os 180 minutos.

Quartas de final

Danubio 2 x 0 Palmeiras
Local: Jardines del Hipodromo, Montevidéu - Uruguai
Danubio: Conde; Gunino, Silva, Fernandez e Pablo Lima; Victor Cáceres, Rodríguez, Grossmuller; Gallegos (Meléndez), Balsas e Sebastián Pinto.
Palmeiras: Bruno; Wendell, Armero (Gabriel Silva), Maurício Ramos e Maurício; Pierre, Souza (William), Cleiton Xavier e Diego Souza (Sandro Silva); Robert e Lenny.
Gols: Balsas 6' 1-0 e Pinto 39' 2-0
O jogo: Ganhar é bom, ganhar de brasileiro é melhor ainda! Admito que estava apreensivo (eufemismo para estar com o cu na mão) quanto a enfrentar um maldito brasileiro e sua economia e moedas cinco vezes mais fortes que as minhas. Contra o São Paulo tinha sido difícil, esperava também grande dificuldade contra o Palmeiras. O grande objetivo era evitar tomar gol em casa, porque isso podia foder com a minha vida seriamente. Fizemos um logo de cara com o Balsas e após o êxtase da comemoração pensei: "eles vão vir pra cima, fodeu". Porra nenhuma, as chances esporádicas que eles criavam não eram o bastante pra furar minha defesa de titânio. O time tocava a bola com inteligencia e precisão e seguia criando chances. No fim do primeiro tempo, Sebastián Pinto, matador, faz o dele e nos deixa confortáveis. E digo mais, ousei. Continuei com meus três homens de frente com o apoio do Grossmuller e do Rodríguez pro segundo tempo. Os desgraçados brasileiros, dependendo da velocidade do Lenny Kravitz contra a força da minha zaga pra criar alguma coisa, prosseguiam sendo envolvidos pelo meu toque de bola. Jogo equilibrado. E pra não abusar da sorte, aos 30 do segundo tempo entrou o Meléndez pra fechar de vez e mostrar quem manda no meio campo. Eles tentaram mais na base do abafa do que com criatividade. E na vontade ninguém ganha de mim. Construímos uma excelente vantagem, nos vemos en Brasil.

Palmeiras 0 x 1 Danubio
Local: Palestra Itália, São Paulo - Brasil
Palmeiras: Bruno; Wendell, Armero, Maurício Ramos e Maurício; Pierre, Souza, Cleiton Xavier e Diego Souza (Sandro Silva); Robert e Lenny.
Danubio: Conde; Gunino, Silva, Fernandez e Pablo Lima; Victor Cáceres, Rodríguez, Grossmuller; Gallegos, Balsas e Sebastián Pinto.
Gols: Pinto 21' 0-1.
O jogo: Só digo que nem precisei apelar pra retranca em nenhum momento, fui muito acima deles. Não criaram quase nada e fizemos um jogo equilibrado, nem parecia que eu tinha a vantagem. Durante todo o jogo eu não assumi postura defensiva e eles não me pressionaram. Foram inferiores ao Colo Colo e nem me deram muito trabalho.

Semifinais

Danubio 1 x 0 Flamengo
Local: Jardines del Hipodromo, Montevidéu - Uruguai
Danubio: Conde; Gunino, Silva, Fernandez e Pablo Lima; Victor Cáceres, Rodríguez, Grossmuller; Viudez (Meléndez), Balsas e Sebastián Pinto.
Flamengo: Bruno; Danilo Silva, Welington, Thiago Sales e Juan; Airton, Willians, Bruno Paulo (Camacho) e Vander (Erick Flores); Bruno Mezenga (Paulo Sérgio) e Adriano.
Gols: Pinto 66' 1-0
O jogo: Tenso. Se ganhar de brasileiro é ótimo, ganhar de flamenguista é inexplicável. Já imagino minha esquadra de uruguaios calando a boca daquela torcida suja no Maracanã. Jogo mais no meio campo, eles chegavam na velocidade do Paulo Sérgio e eu chegava no toque de bola. Tudo extremamente parelho e se encaminhando pra um empate quando o Sebastián Pinto fez o gol que dá a vantagem ao Danubio no jogo da volta. Será uma guerra. Espero que mais um brasileiro caia morto aos meus pés.

Flamengo 0 x 0 Danubio
Local: Maracanã, Rio de Janeiro - Brasil
Flamengo: Bruno; Danilo Silva (Lucas Galdino), Welington, Thiago Sales (Juninho) e Juan; Airton, Willians, Erick Flores e Vander; Bruno Mezenga (Bruno Paulo) e Adriano.
Danubio: Conde; Gunino, Silva, Fernandez e Pablo Lima; Victor Cáceres, Rodríguez, Grossmuller; Gallegos (Meléndez), Balsas e Sebastián Pinto.
O jogo: Puta merda... coloquei três bolas na trave. Duas no primeiro tempo e uma nos acréscimos. O Adriano cabeceou duas na trave nos acréscimos. O meu time criou muito mais chances que o Flamengo durante o jogo. Numa expulsão do lateral direito deles aos 75min tudo parecia que ia ficar mais fácil e eu recuei o time pra segurar o traiçoeiro e perigoso 0 a 0. Pra que... foi um sufoco do caralho. Mas o resultado foi justo sim, fui mais time que os imundos durante o jogo todo. Agora a missão está mais que cumprida. Abaixo o sucinto texto do FM que ratifica meus comentários sobre o jogo. Destaque para o número de torcedores que sairam chorando do Maracanã.


Final

Boca Juniors 0 x 0 Danubio
Local: La bombonera, Buenos Aires - Argentina
Boca: Migliore; Ayala, Cahais, Manzur (Roberto) e Monzón; Medel, Benavídez, Riquelme e Graciám (Roncaglia); Pratto (Claudio Pitbull) e Viatri.
Danubio: Danubio: Conde; Gunino, Silva, Fernandez e Pablo Lima; Victor Cáceres, Rodríguez, Grossmuller; Gallegos (Meléndez), Balsas e Sebastián Pinto.
O jogo: Foi um jogo ruim. Eles tentaram cruzar bolas pra área mas não deu em nada. Conde fez uma ou duas boas defesas e eu quase não cheguei ao ataque, muito menos criei perigo. Mas tá bom, vou decidir em casa. Lembrando que não tem caô com gols fora de casa na final, então tá tranquilo. A nota triste é a contusão de Victor Cáceres, o volante de ouro. Provalvemente darei a vaga a experiência e malícia de Rodrigo Meléndez.

Danubio 2 x 1 Boca Juniors
Local: Jardines del Hipodromo, Montevidéu - Uruguai
Danubio: Danubio: Conde; Gunino, Silva, Fernandez e Pablo Lima; Meléndez, Rodríguez, Grossmuller (Porras) ; Gallegos (Recoba), Balsas (Ciurlizza) e Sebastián Pinto.
Boca: Migliore; Ayala, Cahais, Manzur e Monzón; Medel, Battaglia (Roberto), Riquelme (Gracián) e Benavídez; Pratto e Viatri (Claudio Pitbull).
Gols: Monzón 28' 0-1; Andrés Fernandéz 38' 1-1 e Recoba 99' 2-1.
O jogo: Exatamente o oposto do primeiro. Os dois times criando chances o tempo todo, tocando bola, atacando. Eles abriram o placar com um chutaço do Monzón de fora área (já que não conseguiam entrar nela). Dez minutos depois penalti do héroi do título, Medel, volante do Boca. O zagueirão Fernandéz bateu e empatou. A partir daí chances esporádicas dos dois times e prorrogação. O técnico tira o jovem e virgem Gallegos e aposta no veterano e iluminado Álvaro Recoba. Mais um penalti cometido pelo Medel e Recoba põe a bola na marca e vira o jogo!
A partir desse momento, eu coloquei o time todo dentro do gol e esperei o tempo passar. O Boca só criou mais um ataque ineficiente e o título fica no uruguai! Quero dedicar esse título a Recoba e Schiavi que irão se aposentar após esse jogo.


Danubio, campeão da Copa Libertadores 2012.

0 comentários:

Postar um comentário