quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Os Pés Rosas

As chuteiras rosas de Diguinho simbolizam o início do Fluminense na Libertadores 2011. Um time que não tem a mínima cara de libertadores, algo que é facilmente explicado vide sua virgindade sulamericana. Os tricolores não souberam furar retranca, e como todos sabem a história comprova, quem não sabe furar retranca não vai a lugar nenhum em torneios sulamericanos.
Se analisarmos bem, constata-se que, na verdade, o Nacional deve lamentar esse empate. Sua proposta de jogo foi executada quase a perfeição, uma retranca maravilhosa, de manual, tomando forma por 9 guerreiros uruguaios se postando atrás da bola, eliminando todo e qualquer espaço que pudesse ser utilizado para ameaçar o gol uruguaio. O tri campeão mundial pecou apenas na hora de definir a partida, perdendo duas chances de gol que escreveriam na lápide tricolor a data de sua morte na competição.
Sobre o time do Fluminense, ele seguiu exatamente o que se esperava. A zaga mostrou todo o seu repertório de falhas, com destaque para as faltas estúpidas, os chutões de canela e a bisonha, patética e tragi-cômica furada de Leandro Eusébio, servindo numa bandeja de prata o gol que Santiago, o tanque desprovido de freio e habilidade, não teve a capacidade de deleitar. Um dos erros do Nacional no ataque que puseram em risco um jogo que estava sob controle. Sim, embora o Fluminense esboçasse uma pressão infrutífera e desorganizada, esse era o jogo que o Nacional arquitetou desde o início. Montar a ratoeira para os brasileiros, com sua habitual empáfia e tradicional desespero, mordessem a isca e tomassem um contra ataque. O Fluminense esteve nas mãos do Nacional durante os noventa minutos.



Agora falemos da protagonista do jogo: A retranca do Nacional. Uma defesa íntegra, firme e compacta é quase inabalável. E o que vimos foi uma aula representada pelos uruguaios do Nacional. Todas as vãs tentativas aflitas de pingar a bola na área eram prontamente rechaçadas. Os chutes de fora da área colidiam com os corpos adversários. Os rebotes eram anulados. E a sorte esteve sempre presente, rodando e protegendo o gol de Burián. Um lance emblemático, que traduz bem a simpatia ao zero zero foi o Coates, zagueiro de 19 anos mais maduro e sério que brasileiros de 30, segurou a bola na linha de fundo aos 33 do segundo tempo. É muita certeza do que quer, é muita frieza e confiança que a retranca pode superar a maior das tormentas e permanecer de pé ao mais tenebroso terremoto. Felizmente, o Fluminense não passou de uma brisa fresca de outono e, nos momentos de mais ímpeto, um vibrador com pilha fraca.
Quanto ao ataque tricolor, que sem Fred se reduz a nada, restou orar por um lapso de cagada de Rafael Moura ou algum milagre dos céus. Mas na libertadores, ao contrário de campeonato Brasileiro e Carioca, a incompetência dos arrogantes nunca é premiada. O Fluminense parece esperara que alguma bola resolva cair dentro do gol, que o adversário perca a tranquilidade ou quaisquer outra espécie de ajuda metafísica ou sonora, proveniente do apito. Alguém avise nas laranjeiras que Nacional não é Bangu e que Libertadores não é carioca.
O futuro aos Deuses da libertadores pertence. Mas não me arrisco em dizer que o Fluminense ficará na inércia das mãos de Ochoa, sofrerá os golpes dos chutes de Vuoso e, enfim, terminarão fervidos nos caldeirões do cone sul. E Diguinho, arrastará suas chuteiras rosas de volta ao Brasil, parar jogar contra Guaranis e Olarias, aonde sua frescura faz algum efeito.
A sorte sorriu ao Fluminense em 2008. Mas a mão que acaricia é a mesma que bate, a mão que dá o gol do Washington, é a mesma que segura os pênaltis de Conca e Thiago Neves. A libertadores já mostrou sua face mais perversa ao Fluminense e parece não ter mudado de rosto.
Nacional recompensado por seguir seu plano de jogo e o Fluminense derrotado por sua ingenuidade e limitação. Era como a gente imaginava mesmo.

Post dedicado ao companheiro La Gata, o único tricolor que tem a hombridade de reconhecer a mística da LDU e do eterno arqueiro Cevallos.

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