quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

19

O simbolismo é parte importante na sociedade. Gestos, construções, palavras e atos simbólicos permeiam o cotidiano de todos nós e estes são carregados de significados. Afinal, como já disse Schopenhauer, "o mundo é minha representação". A partir do momento em que estes representam alguma coisa, tem um arcabouço de impressões, sentimentos e imagens que pretendem passar. De ontem pra hoje eu não tive grandes mudanças aparentes. Nada impede que eu mude completamente minha aparência física e minhas convicções mentais em quinze minutos, mas este não é o caso. Majoritariamente, ao somar mais um ano na vida porra nenhuma muda nas pessoas. O que importa é o que, durante esse período, foi obtido por ela. Hoje dia quatro de fevereiro de dois mil e dez, inicia-se meu último ano "teen". Não posso dizer que fico feliz com isso. Nem que eu fico triste. Na verdade, não há o que se ficar. Tem certas coisas que só se deve aceitar e aprender a lidar com elas, o tempo é uma delas. O que eu posso concluir dos meus últimos três anos é que todos eles representaram saltos gigantescos. Me sinto muito mais digno como ser humano e muito mais capaz de ponderar sobre qualquer coisa e enfrentar qualquer situação. Se o ritmo de evolução continuar assim, acho que ao completar uns 35 anos eu serei uma pessoa muito maneira.
Pelo menos por enquanto, conseguir responder muitas questões que estavam abertas há um ano atrás. Já estou na faculdade, sei o que quero fazer, faço o que gosto e sou bom no que eu faço. E é isso que importa, que se foda o resto. O meu horizonte está bem encaminhado à curto prazo e isso dá uma segurança reconfortante. Embora prossiga com o meu habitual jeito pouco esperançoso acerca do que me cerca, isso já é menos instigante. Acho que agora olho pra merda toda com mais naturalidade e não sinto vontade de vomitar ao primeiro odor desagradável que surge. Parece que fiquei calejado e com uma maneira mais cética de lidar com tudo. Não espero mais nada de 98% da humanidade. Aliás, espero coisas torpes, grosseiras e animalescas.
Tenho 19 anos e uma vida inteira pela frente. Assim como eu tinha 10 e uma vida inteira pela frente e imaginava os 19 como um futuro glorioso, distante, quase inatingível. Agora eu vejo como um presente. Resultado de todos os erros e acertos que cometi. Acho até, que este resultado não está tão ruim. Todas as vezes que eu pequei por inexperiência ou imbecilidade mesmo não comprometeram o projeto original. Não sou um boçal que se esquece da mediocridade em que está afogado de boate em boate. Não me contento com qualquer migalha e não há ser vivo nesse mundo capaz de me usar. Isso já me deixa em um patamar mínimo na escala humana. (Evidentemente 95% da humanidade está abaixo desse patamar). Construí grandes amizades. E isso provém do que considero uma das minhas maiores sortes: eu amo na mesma intensidade que odeio. Então eu tenho o que preciso. Não preciso de sorriso hipócritas, de passatempos tolos ou atividades vazias com pessoas ocas. Preciso de gente que me ouça, me ensine e que façam tudo valer a pena. Isso eu tenho. Outra coisa que eu tenho agora e nunca tive em outros aniversários é uma namorada. Eu já tive meus momentos afetuosos em relacionamentos, mas frequente e "oficialmente" é a primeira vez. Bom, é uma lição a cada dia. Ajuda a se conhecer melhor. A partir do momento em que tem alguém ao seu lado todo o momento e você se importa com esse alguém (no meu caso sempre foram e serão mulheres, "alguém" é muito genérico), cada besteira feita atinge de alguma maneira essa pessoa. Consequentemente, percebe-se com mais facilitade os erros e a vontade de corrigi-los é maior. A vida é melhor a dois, embora tenha a hora da solidão, é melhor ter um colo pra se proteger. Ter pra onde correr.
E...sei lá. Se eu for rigoroso, eu ainda não fiz 19 anos. É só daqui há 11 horas e 24 minutos. Termino isso aqui ao completar as tais 19 rotações. Talvez reformule tudo, não gostei muito do que fiz.

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