quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Manifesto Vascaíno


O Vasco é intrínseco às horas do meu dia. De cada um deles, tendo jogo ou não. O Vasco se faz presente nas notícias que eu leio nos jornais, está refletido na minha retina toda vez que olho para a parede do meu quarto, é uma das minhas alternativas quando procuro uma roupa para sair de casa, faz parte da minha gama diária de assuntos e por fim, sem demagogia ou exagero, pulsa dentro de mim.
Os argumentos são banais. "Isso é só futebol", "é tudo armado", "tudo isso por causa de um time", "é só um jogo", "você não ganha nada com isso, não muda sua vida" e por aí segue... Mas só quem ama entende a dimensão do amor. O Vasco não é só futebol, o Club de Regatas Vasco da Gama não é composto por 11 atletas que entram em campo para defender suas cores. O Vasco é muito mais que isso; e este significado transcende qualquer idéia que se possa fazer aos desinteressados.
O Vasco é uma ideologia. Assim como as pessoas podem se definir como judias, republicanas ou socialistas, eu posso me definir como Vascaíno.
A base que sustenta essa convicção é claramente demonstrada em cada página da bela história do Vasco.

O início

Desde seu nascimento, o Vasco se mostrou diferente dos outros. Enquanto seus rivais, a aristocracia (com toda a carga negativa que essa palavra carrega) carioca sorria seus risos falsos em suas festas hipócritas nos apartamentos confortáveis da zona sul, os fundadores do Vasco da Gama juntamente com seus fiéis sócios que formam o alicerce sólido de toda a grandeza dessa instituição impulsionavam com seu suor o motor de crescimento do país. Em 21 de agosto de 1898 nasce o Vasco da Gama. O Vasco já nasce diferente dos outros. A começar pelo seu nome, o nome de um desbravador pioneiro que abriu novos caminhos no mundo.

A Afirmação

Com a sua fundação feita por imigrantes e trabalhadores, o Vasco sempre despertou toda a arrogância da elite que não suportava ver aquelas pessoas humildes os derrotando. Porém, toda a cólera dos oponentes se mostrou inútil diante do Vasco. Incapazes de vencer o Vasco na água, os rivais tentam de todas as maneiras destruir a notória superioridade vascaína, como podemos ver nesses parágrafos retirados do site semprevasco:

"Sob alegação que o remador Claudionor Provenzano não era amador, a Federação o exclui das regatas de 1914. O mesmo remador já havia sido excluído em 1912, baseado no mesmo argumento, quando defendia o Boqueirão do Passeio. Era a reação de uma Federação dominada por clubes da elite, como Flamengo e Botafogo, buscando enfraquecer as agremiações mais modestas do centro da cidade, que ganhavam a maioria absoluta dos campeonatos.
A verdade é que Provenzano era tão amador quanto dezenas de outros remadores dos clubes aristocráticos, o problema de Provenzano era não remar nesses clubes, não ganhar títulos para eles. Porém dessa vez a história era outra, “Nonô” tinha quem o defende-se. O Vasco, liderado pelo ex-presidente Marcílio Telles e por Jerônimo Corte Real, literalmente brigou na Federação e Provenzano pôde remar em 1914. E remou para ser o melhor remador individual da temporada. O Vasco teve que se impor perante aqueles que dominavam o esporte, aqueles que não aceitavam que um clube do povo ganhasse dos clubes da elite. O Vasco se impôs e venceu. Essa é a história do Vasco."

"Conformados com a impossibilidade de derrotar os remadores vascaínos tricampeões, a elite carcomida – representada pela Federação de Remo – apelou para a única solução que finalmente os faria ganhar o campeonato: passaram a chamada lei “Hors Concours”, o que significava excluir da prova máxima qualquer remador que tenha dois ou mais títulos de campeão.
Ora, obviamente só os clubes campeões foram afetados, particularmente o campeoníssimo Club de Regatas Vasco da Gama, ao passo que os clubes inexpressivos foram os únicos beneficiados. Foi assim, através dessa manobra suja, que o C.R Flamengo pôde em 1916, depois de mais de uma década e meia de fundação, ser pela primeira vez campeão de remo."

Perante esses fatos, o Vasco já se afirmava com uma força preponderante no esporte. O que seria potencializado ano após ano.
Seguindo o exemplo vitorioso do remo o Vasco entra no futebol. E em 1922 ganha o título da segunda divisão carioca e assim o direito de disputar com os clubes que já tentaram frear sua afirmação no remo em outro esporte. Em 1923, o grupo dos portugueses, negros e pobres daria mais um forte golpe nos clubes que se julgavam superiores. O Vasco representado pelos mulatos e socialmente segredados, outrora excluídos do futebol se sagrava campeão carioca em cima de todos os clubes ricos e racistas da zona sul. Assim, dilacera-se a organização elitista do futebol.
O que restava então para esse podre grupo pseudo-dominante? Tentar tirar o Vasco das competições já que vence-lo não era possível. Assim, sob a acusação de que o Vasco não tinha estádio ele assim seria excluído das competições. O que restava fazer àquela massa de renegados pela sociedade racista, elitista e degenerada da época? Abaixar a cabeça? Não. O Vasco mais uma vez lutou e sem a ajuda de ninguém (muito pelo contrário já que o presidente da época, Washington Luís, proibiu o Vasco de importar cimento belga para a construção do estádio) com as doações de seus sócios, o Vasco ergueu o até então maior estádio da américa do sul.

Depois do Vasco construir o maior estádio da América do Sul sem a ajuda de ninguém, adivinhem o que o seu rival fazia:

"Depois de serem desalojados do seu antigo campo da Rua Payssandu, o Flamengo passou a viver como um desabrigado, jogando onde podia por dez anos, até que construiu seu campo na Gávea em 1938. “Construiu” é figura de linguagem, pois o terreno onde foi erguido o tímido “estádio” foi obtido através de doação da Prefeitura do Rio de Janeiro. Somente essa história já é motivo de riso para os vascaínos que fizeram um gigante chamado São Januário sem ajuda de ninguém. Porém o melhor ainda estava por vir.
Os felizes proprietários do novo “estádio” – que atualmente não é apto para uma disputa de futebol profissional – tiveram a brilhante idéia de inaugurá-lo justamente no jogo contra o Club de Regatas Vasco da Gama. Resultado na estréia do “Estádio da Gávea”: 2 x 0 para o Vasco e crise no Flamengo."

Pois é...

A partir daí, todo mundo sabe o que o Vasco se tornou, um dos maiores clubes do Brasil. Enquanto Flamengo, Fluminense e Botafogo tiveram seus nomes retirados dos lugares aonde jaziam, o Vasco deu nome ao seu bairro. Não foi o meio que criou o Vasco, foi o Vasco que modificou o meio.

É por essas e outras que o Vasco não é um clube qualquer. Essa breve e superficial passagem pela origem do clube mostram que o Vasco é maior que 11 pessoas em campo. É motivo de orgulho nacional.
Por isso 2010 é um ano importante, é o ano da reafirmação depois da queda. É a hora de voltar como um gigante. Que a atual diretoria que não conta com minha irrestrita simpatia entenda isso e guie o Vasco como ele merece, para a vitória. Assim como os seus fundadores fizeram contra tudo e contra todos. O preconceito dirigido Contra o Vasco não é de hoje, o poder do Vasco de superar tudo isso também não.
Essa é a hora.


Agradecimento especial ao amigo Daniel Ferreira e ao pessoal do SempreVasco, os quais eu tenho imensa honra em conhecer, que nos brindam com textos maravilhosos que demonstram lindamente a inigualável história do clube.

1 comentários:

DIRETO DA LAGOA disse...

Lindo Lucas, parabéns

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