sábado, 19 de dezembro de 2009

- Da aversão ao réveillon

Analisem bem a expressão "ano novo". Bem, o que há de novo? Quanto mais o tempo passa, tudo fica mais...velho. O que se convencionou chamar de ano novo é uma das maiores falácias criadas. Pessoas se vestem de branco e comemoram. O que eu não sei. Desejam paz, felicidade, dinheiro, amor e tudo de melhor para o próximo ano. Isso é tido como uma demonstração de solidariedade e harmonia. Mas me soa como hipocrisia. Será que alguma coisa muda de um dia pro outro, só porque o último algarismo (no caso da troca de décadas os dois últimos) do ano trocam?
É tudo um grande teatro. Fazem os votos mais honrosos para no dia seguinte xingarem no trânsito ou em quaisquer outra situação. Na verdade, nada realmente muda. Não me surpreenderia se acontecesse de em algumas destas caras festas de virada de ano, um indivíduo tratar algum garçom (pobre coitado que tem que trabalhar em todos os feriados pra ganhar um extra e sobreviver) com arrogância e grosseria para virar ao lado e bradar os melhores votos a alguém que não conhece que está ao outro lado. Tudo recomeça; inclusive os mesmos vícios, as mesmas atitudes, os mesmos erros. Em janeiro vão reclamar dos impostos e comprar material escolar, em fevereiro vão tentar esquecer a miserável existência na podridão carnavalesca, em abril vão aquecer a indústria de chocolates comprando ovos e por aí vai. O motivo de tanta festa de um ano ter passado continuam obscuros.
Podem dizer que o que vale é a renovação das esperanças, o sentimento de que se pode recomeçar e aperfeiçoar os atos, que a vida vai melhorar... eu chamo isso de ilusão. A primeira coisa que o homem aprendeu depois de começar a mandar foi iludir. Pode se trabalhar para um mundo e uma vida melhor tanto do dia 31 de dezembro pro 1º de janeiro quanto do 23 de junho pra 24 de junho.
Em suma, enche-se a cara, festeja-se não se sabe o que, soltam-se fogos. Pulam e riem como um bando de retardados e no dia seguinte tudo volta ao normal. Uma alegria que vem não se sabe daonde, sustentada por não se sabe o que e que é esquecida prontamente.
Isso porque não entrei no mérito logístico da questão. Ruas lotadas de bêbados, toneladas de sujeira, gritaria e um clima de selvageria animalesca por toda a cidade.
Enfim, sou avesso a teatros. Essas convenções sociais são mais falsas que nota de três e me irritam profundamente. São encenações tão vazias e desprovidas de propósito. Aliás, tem propósito. Esqueçam o quão frustante você se sente e se entorpeça de sentimentos bons e vãos.
Sei lá, queria conseguir isso às vezes. Deve fazer bem. Mas pra mim não dá.

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